Felipe Oliveira Magro
Engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Turismo/ Prefeitura de JundiaÃ
Antonio Ismael Inácio Cardoso
Engenheiro agrônomo e professor adjunto da FCA/UNESP
O mercado nacional de brócolis movimenta anualmente R$ 1.270 bilhões apenas no varejo, segundo dados da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM).
Devido à alta demanda no consumo, o mercado de brócolis no Brasil apresenta-se bastante promissor. Nos últimos anos, as áreas e regiões de produção no País tiveram um crescimento de aproximadamente 25%, resultado da maior procura por parte dos produtores que estão investindo mais neste segmento.
O consumo de brócolis teve um aumento expressivo ao longo da última década devido às diversas propriedades nutricionais, com benefícios diretos para a saúde, como auxÃlio à prevenção do câncer, e também devido ao seu sabor extremamente agradável, que conquistou o paladar de crianças e adultos.
Esta excelente aceitação levou ao aumento na disseminação e oferta da hortaliça no cardápio de restaurantes e nos supermercados, com a venda crescente de brócolis, tanto in natura, quanto congelado.
Manejo produtivo
A cultura do brócolis é muito semelhante à couve-flor, tendo exigências tanto em relação ao solo quanto à adubação bastante similares. Entretanto, apresenta maior adaptabilidade quanto à temperatura, suportando oscilação térmica maior e também sendo considerado menos exigente, tanto em tipo de solo quanto em nutrição de plantas, destacando-se a preferência por solos areno-argilosos, com bom teor de macro e micronutrientes.
Ambas as hortaliças são plantas sensÃveis a baixos níveis de molibdênio e boro, podendo apresentar deficiência desses micronutrientes. Recomenda-se 1,0 g L-1 de ácido bórico, pulverizando-se de três a quatro vezes, bem como 1,0 g L-1 de molibdato de sódio, aplicando-se de três a cinco vezes.
A primeira aplicação para esses dois elementos devem ser no início de desenvolvimento das mudas, e as demais ao longo do ciclo da cultura. As pulverizações foliares devem ser feitas com espalhante adesivo devido à grande quantidade de cera nas folhas das brássicas.
O B e o Mo não podem ser misturados na mesma pulverização. Solos ricos em matéria orgânica podem prescindir das aplicações destes micronutrientes durante o ciclo no campo.
O brócolis segue, de uma forma geral, o crescimento e desenvolvimento da couve-flor. Também, para se obter formação de boa cabeça (ou botões florais, no caso do grupo ramoso), há necessidade de certo número de folhas bem desenvolvidas.
Novas tecnologias
Podemos citar, entre novidades no cultivo de brócolis, nos últimos anos, o surgimento de híbridos do grupo ramoso, o que conferiu características como plantas vigorosas com alta brotação lateral, floretes longos, maior durabilidade pós-colheita e maior adaptação às condições tropicais de cultivo.
Outra tecnologia crescente é o cultivo de brócolis em sistema de plantio direto na palha como uma importante ferramenta para mitigar problemas fitossanitários e fisiológicos, possibilitando maior sustentabilidade e estabilidade à produção, além da preservação do solo (menos erosão) e manutenção da umidade do perfil, com menores custos com irrigação e manejo de plantas daninhas.
Outras novidades estão relacionadas aos insumos utilizados no cultivo desta hortaliça. O crescimento da agricultura orgânica no País nos últimos anos impulsionou o aumento de áreas onde o brócolis é cultivado nesse sistema de produção, com isso aumentando o número de produtos registrados e certificados para o uso orgânico.
Neste segmento, recomenda-se a adubação verde, utilização de composto orgânico, antes do plantio, e torta de mamona em cobertura.
Além disso, devido à exigência nutricional desta hortaliça por macronutrientes como cálcio, enxofre e micronutrientes, como boro e molibdênio, constantemente fertilizantes foliares contendo esses nutrientes de forma isolada ou combinada surgem no mercado.
Controle fitossanitário
Dos tratos culturais, além da adubação de cobertura, têm-se as capinas que normalmente são realizadas manualmente, e a irrigação mais comum é por aspersão, a qual beneficia no controle físico de pragas como as lagartas (“traça“: Plutellaxylostella; “curuquerê“: Asciamonusteorseis; “mede-palmo“: Trichoplusiani) e os pulgões.
No Brasil, o plantio de verão geralmente é problemático, devido ao excesso de chuvas e calor durante o ciclo, com maior incidência de pragas e doenças, especialmente na época da colheita.
Nos cultivos de verão, uma das maiores preocupações é a elevada incidência das doenças mais comuns causadas pelas bacterioses, tais como a podridão-negra (Xanthomonas campestrespv. campestris) e a podridão-mole (Erwiniacarotovora var. carotovora), que sob condições de alta umidade e temperatura favorecem a proliferação dessas doenças, tendo como medidas de controle mais utilizadas a rotação de cultura e o uso de fungicidas cúpricos.