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Cleide Maria Ferreira Pinto
Engenheira agrônoma, doutora em Fitotecnia/Práticas Culturais e Fitossanidade de Hortaliças e pesquisadora da Embrapa/Epamig
Para o produtor que deseja se aventurar no mundo das pimentas, é preciso, em primeiro lugar, buscar informações de mercado: se há agroindústria local o processo é facilitado. É importante, ainda, tomar decisão de qual ou quais as variedades deverão ser cultivadas e em que quantidades deverão ser disponibilizadas.
O produtor deve ter conhecimento do clima da região onde pretende cultivar a pimenta, características da planta, tipos e características do solo, insumos necessários para o cultivo, métodos de irrigação que poderão ser utilizados, métodos de controle de pragas e de doenças, dentre outros.
Em Minas Gerais, muitos produtores optaram pela pimenta como alternativa de renda, e o cultivo se firmou como uma das bases da economia de muitos municípios. Na economia deste Estado, o cultivo da pimenta é muito importante do ponto de vista social, pois gera empregos e renda.
No cultivo de 1,0 ha de pimenta-malagueta há geração de quatro a cinco postos de trabalho, além de serviços temporários na colheita. Do ponto de vista econômico, há aumento na renda do produtor gerada pela agregação de valor ao produto (pelo processamento) e aumento na renda do município pelo estabelecimento de agroindústria.
Técnicas de cultivo de pimentas capsicum
- Cultivo convencional (campo a aberto) – o preparo do solo por meio de aração, gradagem e utilização de fertilizantes minerais de alta solubilidade para adubação, e de agrotóxico com registro no MAPA para a cultura é considerado o sistema convencional na produção de pimentas.
- Escolha da área e preparo do solo ““ em regiões de relevo acidentado, as áreas indicadas são as de meia-encosta, de pequena declividade. Considerando que a pimenta não cresce bem em solos muito pesados ou compactados, os mais indicados são aqueles de textura média (argilo-arenoso), devendo-se evitar solo argiloso ou arenoso.
O bom preparo do solo facilita o enraizamento e o bom pegamento das plantas. No preparo do solo deve-se demarcar, no terreno, curvas de nível espaçadas uma da outra de 20 a 30 m; realizar a aração na profundidade de 25 a 30 cm, sempre paralela às curvas de nível; uma ou duas gradagens para quebrar os torrões; abrir sulcos de plantios, espaçados de 1,20 m a 1,50 m, com 20 cm de profundidade, também paralelo às curvas de nível, o que ajuda no controle da erosão.
O plantio da pimenta pode ser feito tanto em cova ou em sulcos. Todavia, o plantio em sulcos, paralelo às curvas de nível, facilita a aplicação e incorporação de esterco e de adubos químicos. Ainda, os sulcos de plantio feitos em nível (declividade de 0,2 a 0,5%), facilitam o escoamento da água sem causar erosão.
Uma semana antes do plantio deve-se incorporar a matéria orgânica e um dia antes do plantio deve-se incorporar os fertilizantes. Em épocas chuvosas ou em caso de não ser possível evitar o plantio em locais sujeitos ao acúmulo de água, recomenda-se a construção de canteiros com 20 a 25 cm de altura e 50 a 60 cm de largura, com finalidade de facilitar a drenagem e reduzir riscos de contaminação com murcha-de-fitóftora, causada por Phytophhtora capsici.
- Produção de mudas ““ recomenda-se a semeadura em bandejas de isopor de 128 células, preenchidas com substrato comercial, em que são distribuÃdas duas ou três sementes por célula para garantir que não haja célula ociosa.
Todavia, caso as sementes sejam muito caras, recomenda-se colocar apenas uma por célula. Dependendo do tipo de pimenta e tamanho da semente, são gastos cerca de 100 a 200 g de sementes de pimenta para o plantio de um hectare. As bandejas devem ser colocadas em ambiente protegido, com cobertura de plástico e lateral telada, para evitar a entrada de insetos, e ser mantidas acima do solo (cerca de 80 cm de altura), suspensas em estrado de madeira ou de arame.
Além de facilitar a realização das práticas culturais, as bandejas suspensas favorecem a poda do sistema radicular pelo ar (poda natural), que ocorre quando a raiz principal atinge o fundo das células e cessa o seu crescimento. A partir daÃ, ocorre secamento natural, que causa morte desta raiz principal, o que estimula a emissão de raízes secundárias, proporcionando equilíbrio entre a parte aérea e o sistema radicular.
Além disso, o não desenvolvimento das raízes abaixo da bandeja facilita a retirada das mudas por ocasião do transplante, evita injurias às raízes novas e o surgimento de condições favoráveis à infecção por fungos e bactérias do solo.
Quando as mudas apresentarem pelo menos duas folhas definitivas, deve-se fazer o desbaste, com tesoura, eliminando-se as menos vigorosas, deixando-se apenas uma plântula por célula. Evitar arrancar as mudas excedentes, o que pode abalar as raízes daquela que deve permanecer.
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