Mônica Bartira da Silva
Marla Silvia Diamante
Luan Fernando Ormond Sobreira Rodrigues
Engenheiros agrônomos e doutorandos em Agronomia/Horticultura, UNESP-Botucatu
Santino Seabra Junior
Doutor em Agronomia e professor da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat)
Uma situação de estresse vegetal existe quando as condições ambientais se afastam daquelas consideradas ótimas para o crescimento e desenvolvimento da cultura.
Visando minimizar esses efeitos ao longo dos anos, foram desenvolvidas e aprimoradas técnicas de produção. Entre elas, pode-se afirmar que o cultivo protegido de hortaliças ganhou notoriedade entre os produtores por propiciar maior facilidade em manejar as condições ambientais, quando comparados ao sistema convencional a campo aberto.
Contudo, esta técnica não é tão recente quanto se pensa. Existem registros sobre o cultivo de hortaliças em ambiente protegido no Brasil desde o final dos anos 60, mas somente no fim dos anos 80 e início da década de 90 tornou-se amplamente utilizada.
Por meio dessa tecnologia, alguns fatores ambientais podem ser manejados, como a radiação solar, o vento e a chuva que influenciam o desenvolvimento das plantas. Dentre esses fatores, a radiação solar se destaca por ser a principal fonte de energia para as plantas, sendo a maior parte desta convertida em calor, ativando o processo transpiratório e alterando a temperatura dos tecidos vegetais, com consequências no metabolismo da planta. Essas consequências vão depender da cultura.
O caso da alface
Em alface, a intensa radiação solar, altas temperaturas e elevada demanda evaporativa do ar no verão, além do grande volume de chuvas que incidem na maior parte do País nessa época, dificultam a produção, reduzindo o crescimento e estimulando o pendoamento precoce e o acúmulo de látex nas nervuras das folhas, o que dá origem ao sabor amargo, depreciando o produto.
Contudo, cabe lembrar que a falta de luminosidade também pode ser prejudicial ao crescimento, reduzindo o seu potencial produtivo. Sendo assim, para que essa técnica seja eficiente, é necessário conhecer bem as condições ambientais locais, as exigências das cultivares e os efeitos do material utilizado nos fatores edafoclimáticos que influenciam na produção, a fim de se obter o sucesso esperado do cultivo em ambiente protegido.
As principais vantagens dos ambientes protegidos ‘tipo telados’ são: redução do impacto da gota de chuva na folha da planta, redução da temperatura do ar, do solo e da intensidade luminosa, além de proteção a ventos e granizos.
Telados
As telas podem ser usadas das mais variadas formas, cores e porcentagens de sombreamento. Em casa de vegetação são usadas em cobertura única ou associadas ao agrofilme, tanto interna como externamente.
Também podem ser utilizadas em forma de túnel ou, ainda, de telado simples. A forma como ela deve ser empregada vai depender das condições climáticas de cada região e do objetivo do produtor.
Vantagens
Manter a produção o ano todo é um dos gargalos em algumas regiões do País. Desta forma, o emprego de tecnologias, como o cultivo protegido em telados, permite que agricultores produzam o ano todo, oferecendo ao mercado produtos com boa qualidade visual e alta produtividade, em períodos de baixa oferta e elevada cotação dos preços, contribuindo para uma boa rentabilidade – podendo até dobrar a produção, quando comparada ao campo aberto.
Esses aspectos contribuÃram para que a adoção do sistema de produção em ambiente protegido crescesse mundialmente em mais de 400% nas últimas duas décadas, passando de 700 mil hectares para 3,7 milhões. Não há dados oficiais sobre a área de cultivo protegido de hortaliças no Brasil, estimando-se, até 2015, cerca de 30 mil hectares implantados, sendo o País com a maior área nesse sistema na América do Sul (Comitê Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de Plásticos na Agricultura – Cobapla).
Cuidados
Como toda técnica de produção, a utilização de ambientes protegidos demanda cuidados diferenciados, a começar pela escolha da estrutura utilizada. O telado pode ser uma estrutura de teto plano e resistente, construÃda com esteios de madeira, metal ou alvenaria, que são amarrados no topo por uma malha de arame ou cabos para sustentar as telas esticadas.
É necessário dimensionar bem os esteios, a ancoragem e os arames ou cabos de sustentação, utilizando materiais metálicos galvanizados, costurando corretamente nas emendas e amarrando corretamente no perÃmetro das telas.
A altura e a área coberta podem variar conforme o objetivo. Na região centro-oeste, por exemplo, os telados podem ser instalados com pé direito de 3,5 m, sendo mais comum o uso de sombrites e aluminet. Já na região nordeste o produtor pode optar pelo uso de túneis com telas brancas a 40 cm de altura.
O modelo de telado utilizado para folhosas possui estrutura de madeira serrada (maçaranduba) que pode ser substituÃda por esteios de eucalipto ou sabiá. Sua cobertura é de tela sombrite com 30% de sombreamento.
Custo
O custo é bem reduzido, por sua estrutura bastante simples, utilizando o mesmo princÃpio de uma barraca de camping, sendo travada por meio de arames esticados em estacas fincadas externamente.