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Desafios na cultura do milho para altas produtividades com rentabilidade

Álvaro Vilela de Resende

Engenheiro agrônomo, doutor em Solos e Nutrição de Plantas e pesquisador em Fertilidade do Solo e Adubação da Embrapa Milho e Sorgo

alvaro.resende@embrapa.br

Emerson Borghi

Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia e pesquisador em Fitotecnia da Embrapa Milho e Sorgo

Miguel Marques Gontijo Neto

Engenheiro agrônomo, doutor em Zootecnia e pesquisador em Sistemas de Produção da Embrapa Milho e Sorgo

 

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

O milho é uma das culturas com maior capacidade de arranque inicial e define o potencial produtivo nos primeiros estádios de desenvolvimento, ou seja, se na fase inicial do ciclo houver algum estresse, a produtividade pode ser prejudicada irreversivelmente, mesmo que se tente corrigir o problema mais adiante.

Por isso, o solo deve estar em condições de proporcionar rápido desenvolvimento das plantas de milho, com nutrientes à disposição na zona de crescimento radicular e sem impedimentos físicos. Isso representará vantagens em relação à competição com plantas daninhas, ou mesmo com a braquiária ou outro capim, no caso de sistemas consorciados.

Em cultivos de sequeiro ou na safrinha, o rápido estabelecimento da lavoura a tornará mais tolerante a eventuais deficiências hídricas ao longo do ciclo. O mesmo raciocínio é válido em relação à incidência de pragas e doenças, pois plantas mais vigorosas são menos afetadas nessas situações.

Outro detalhe crucial diz respeito ao estabelecimento de um estande uniforme, com plantas homogeneamente espaçadas conforme as recomendações para o híbrido utilizado, sem que haja falhas de germinação ou presença de plantas duplas.

Ao contrário da soja, o milho não tem capacidade de compensar a falta ou excesso de plantas na linha, de modo que uma falha representa uma espiga a menos e plantas duplas significam que uma ou as duas serão dominadas e deixarão de produzir espigas normais.

Por isso, além de semeadoras bem reguladas, é preciso buscar condições de solo e palhada sem maiores impedimentos relativos à falta ou excesso de umidade, dureza ou compactação.

A distribuição das sementes deve ser adequada na linha e em profundidade, para que tenham germinação uniforme no tempo e no espaço, garantindo o estande e espaçamento desejados. Esse aspecto torna-se imperioso, especialmente ao se considerar o alto custo das sementes dos híbridos mais modernos e produtivos. Enfim, não dá para desperdiçar semente ou perder plantas diante de todo o investimento que a lavoura de milho requer atualmente.

Álvaro Vilela de Resende, pesquisador em Fertilidade do Solo e Adubação da Embrapa Milho e Sorgo - Crédito Guilherme Viana
Álvaro Vilela de Resende, pesquisador em Fertilidade do Solo e Adubação da Embrapa Milho e Sorgo – Crédito Guilherme Viana

Em busca da produtividade

O passo mais importante para conciliar alta produtividade com rentabilidade é criar um ambiente corretamente condicionado para garantir alto potencial produtivo. Para isso, um bom diagnóstico da fertilidade química, física e biológica constitui o ponto de partida para a tomada de decisão de como investir naquilo que realmente é necessário.

Sabendo o que é necessário, pode ser preciso ainda definir o que é prioritário, principalmente se houver restrição financeira, situação cada vez mais comum nesses tempos de crise.

Não dá para fechar os olhos e gastar dinheiro com altas quantidades de insumos, sem ter certeza sobre o que a lavoura está realmente precisando. Infelizmente, muitos produtores ainda não se deram conta disso e aí, mesmo garantindo alta produtividade, perdem rentabilidade.

As práticas mais importantes nesse condicionamento inicial do ambiente de cultivo são:

üCorreção da acidez superficial e subsuperficial: uso de calagem e gessagem;

üConstrução da fertilidade no perfil: adubações específicas para ter principalmente fósforo e micronutrientes em disponibilidade adequada na zona de crescimento radicular (0-20 cm de profundidade);

üEstabelecimento de uma combinação mais diversificada de culturas em sistema de plantio direto: alternância de gramíneas e leguminosas, uso de plantas de cobertura ou consórcios para incrementar a quantidade e qualidade da palhada, e sistemas radiculares que incorporem carbono em profundidade, melhorando a estrutura do solo, a infiltração e retenção de umidade, a atividade e diversidade microbiana.

Emerson Borghi, pesquisador em Fitotecnia da Embrapa Milho e Sorgo - Crédito Guilherme Viana
Emerson Borghi, pesquisador em Fitotecnia da Embrapa Milho e Sorgo – Crédito Guilherme Viana

Potencializando o solo

Quando bem realizados, os procedimentos indicados dão origem a solos de alta fertilidade e mais tamponados, ou seja, com reservas de nutrientes em formas inorgânicas e orgânicas capazes de garantir estabilidade de suprimento às culturas, ficando menos sujeitos a falhas de manejo e desequilíbrios entre nutrientes.

Sobretudo, no caso de solos de textura média a argilosa, que têm mais “caixa“ para armazenar nutrientes, esse tamponamento é reforçado ao longo do tempo em decorrência do residual das adubações de manutenção, constituindo uma verdadeira poupança para o agricultor.

Essa poupança dá flexibilidade para lidar com os momentos de alta no custo dos fertilizantes ou baixo preço de venda dos grãos, pois, com o tempo, muitos talhões adquirem um status de fertilidade tal que permite reduzir ou mesmo eliminar a adubação de manutenção por algumas safras, sem perda de produtividade.

 Miguel Gontijo Neto, pesquisador em Sistemas de Produção da Embrapa Milho e Sorgo - Crédito Guilherme Viana
Miguel Gontijo Neto, pesquisador em Sistemas de Produção da Embrapa Milho e Sorgo – Crédito Guilherme Viana

Obviamente, essa reorientação para um manejo mais eficiente da fertilidade e adubação não é uma tarefa trivial, requer monitoramento de solo e da produtividade ao longo das safras, além de interpretação técnica mais elaborada.

Muitos técnicos e produtores já vêm percebendo essa possibilidade e obtendo economia de insumos ao compreenderem melhor o comportamento do sistema de produção frente às intervenções no gerenciamento de nutrientes em cada região.

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

O manejo da acidez do solo é o grande desafio do milhocultor - Crédito Shutterstock
O manejo da acidez do solo é o grande desafio do milhocultor – Crédito Shutterstock

Essa matéria completa você encontra na edição de agosto 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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