Marcelo Linhares
Engenheiro agrônomo, especialista em Proteção de Plantas e consultor Sagra Insumos Agrop. Ltda
marcelo.de.linhares@terra.com.br
O plantio do café é um momento de grande importância, pois, por ser uma cultura perene, ficará instalada por vários anos no local escolhido. Antes de iniciar o preparo, é aconselhável providenciar a análise do solo, para que as correções e adubações sejam realizadas visando um bom desenvolvimento das plantas. Posteriormente ocorrerá a etapa de preparo do solo e realização do sulco de plantio.
Os plantios de café se iniciam no mês de setembro e outubro para o manejo de café irrigado, e em novembro e dezembro para os plantios de café em sequeiro. Estas datas são flexÃveis e podem variar de um ano para o outro, sempre observando o período de início das chuvas e se as mesmas estão contÃnuas.
Destaque
O café, no Brasil, destaca-se econômica e socialmente desde a chegada das primeiras mudas vindas da Guiana Francesa, em meados do século XVIII. Diante de sua rápida adaptação ao solo e clima, o produto adquiriu importância no mercado, transformando-se em um dos principais itens de exportação, desde o Império até os dias atuais.
A princÃpio restrita aos Estados do Pará e do Maranhão, a produção de café se expandiu e, atualmente, são 15 Estados produtores, com destaque para Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Paraná e Rondônia.
Diante de diversos climas, altitudes e tipos de solo, os produtores brasileiros obtêm variados padrões de qualidades e aromas, entre as duas espécies cultivadas – o café arábica e o café robusta, os quais apresentam uma grande variedade de linhagens.
Espécies
O café arábica (Coffea arabica L.) permite ao consumidor degustar um produto mais fino, requintado e de melhor qualidade. Originalmente produzido no oriente, este tipo de café é cultivado em altitudes acima de 800m. Predomina nas lavouras de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Bahia, Rio de Janeiro e em parte do Espírito Santo.
O café robusta ou conilon (Coffea Canephora) é usado para a fabricação de cafés solúveis e apresenta um sabor único, menos acidez e teor de cafeína maior. Predomina nas lavouras do Espírito Santo, em Rondônia e em parte da Bahia e de Minas Gerais.
Resistência à ferrugem
A ferrugem do cafeeiro é a doença que mais causa prejuízos à cultura do café, sendo necessária a adoção de medidas de controle, por meio de tratamentos químicos atualmente muito eficientes com as misturas de triazois e estrobilurinas, ou também usando variedades com resistência genética que a cada ano aumentam sua utilização.
O acervo de materiais e equipe técnica, oriundos do ex-IBC, foi assumido pela Fundação Procafé, em parceria com o MAPA, que executa estes programas de melhoramento genético visando o desenvolvimento de cultivares de café com resistência a esta moléstia.
Este programa inclui a seleção de plantas provenientes de vários cruzamentos entre diferentes germoplasmas de café, bem como a avaliação de cultivares desenvolvidos, ou em fase de desenvolvimento, por outras instituições de pesquisa, a exemplo da Epamig.
Uma parte significativa deste trabalho é realizada na Fazenda Experimental de Varginha, onde tem sido realizada a seleção de progênies, as quais, além da resistência, precisam ser avaliadas quanto à produtividade.
Possuem também outras características de interesse, tais como alto vigor vegetativo, sementes graúdas, maturação uniforme e resistência a doenças. As principais fontes usadas para a obtenção de resistência à ferrugem foram plantas provenientes de cruzamentos com híbrido de Timor e com Icatu.
Segundo o MAPA, atualmente temos um grande número de variedades, algumas apenas com tolerância e outras com resistência à ferrugem, cada uma com sua característica e particularidade.
Evite confundir
É importante padronizar o significado desses termos, a fim de evitar comparações e, até mesmo, confusões. Comumente, pesquisadores, técnicos e produtores empregam os termos “tolerantes“ e “resistentes“ para classificar a reação das variedades em resposta à infecção por patógenos.
Frequentemente, esses termos são empregados de modo intercambiável e até mesmo como sinônimos. Entretanto, em fitopatologia há diferenças importantes associadas à tolerância e resistência. Essa nota tem por objetivo esclarecer o significado desses termos e, adicionalmente, espera-se contribuir para que haja a padronização no seu uso.
Parlevliet (1997) conceitua resistência como a habilidade da planta em suprimir, retardar ou prevenir a entrada ou a subsequente atividade do patógeno (crescimento e desenvolvimento) em seus tecidos. Cultura como a do café pode ser imune ou completamente resistente (ausência de doença).
O conceito de tolerância apresenta algumas controvérsias e, atualmente, não há um consenso quanto a sua melhor definição. Existem várias definições de tolerância, porém, a definição clássica é a de Caldwell et al. (1958), na qual tolerância é a capacidade das plantas suportarem a doença sem perdas severas em produtividade ou qualidade.
Logo, segundo o MAPA, podemos citar as variedades resistentes: Acauã, Acauã Novo, Araponga, Arara, Catiguá MG1 e MG2, Catucaà Amarelo 2SL, IAC 125 RN, IPR, MGS Catiguá 3, MGS ParaÃso 2, Catiguá MG2, TUPI IAC 1669-33.
Variedades Tolerantes: Azulão, Catucaà 785-15, Catucaà Amarelo 2SL, Catucaà Vermelho 24/137 e 36/6.