Rosana Sambugaro
Engenheira florestal, mestre e doutora em Fitopatologia e pós-doutoranda na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Com o aumento da cultura do eucalipto no Brasil, muitas doenças têm surgido nas fases de produção de mudas em viveiros, sem contar as ocorridas em campo. As doenças em viveiros podem ocorrer nas diversas fases de sua produção, como: multiplicação de brotos para estaquia (jardins e minijardins clonais), enraizamento, aclimatação à sombra e durante a aclimatação a céu aberto (crescimento e rustificação).
E para produtores de mudas originárias de sementes os problemas já podem ocorrer tanto na pré e/ou pós-emergência das mesmas. Várias ocorrências de tombamento de mudas, podridão de estacas e miniestacas, anelamento de haste e manchas foliares de mudas e minicepas têm sido registradas em muitos viveiros de eucalipto do País, causando prejuízos econômicos importantes.
Tombamento de mudas
O tombamento de mudas pode ocorrer em pré e/ou pós-emergência. No primeiro caso, o patógeno coloniza e mata as sementes antes de sua germinação, muitas vezes confundida com a baixa taxa de germinação das mesmas. No segundo caso ocorre o anelamento do floema na haste da muda, na região do coleto ou ao longo do caule, causando o tombamento da muda.
Essa doença pode ser causada por dois fungos: Cylindrocladium spp. eBotrytiscinerea. O primeiro apresenta uma esporulação branca e brilhante sobre a lesão e o segundo uma esporulação cinza. Existe também o tombamento causado pelo fungo Rhizoctonia spp., que difere dos anteriores por apresentar mela das plântulas e crescimento de teia micelial.
O controle da doença é realizado por meio de técnicas de manejo que visam reduzir ou erradicar fontes de inóculo e diminuir condições favoráveis à doença.
Cylindrocladium e Botrytiscinerea
Cylindrocladium spp. eBotrytiscinerea também são causadores de podridão de estacas em viveiros de mudas clonais. O sintoma causado por eles é o escurecimento do caule na área lesionada, culminando com a podridão e morte da estaca.
As lesões apresentam-se recobertas pela esporulação descrita anteriormente de acordo com o patógeno incidente. Geralmente esses patógenos ocorrem em dias nublados e de alta umidade, sendo que o primeiro ocorre em altas temperaturas e o segundo em temperaturas mais amenas (15 a 25°C), ou seja, de forma intercalada nos viveiros de acordo com a estação do ano, sendo possível a presença da doença o ano todo.
No Brasil, a doença causada pelo fungo Botrytiscinerea tem sido constatada principalmente em São Paulo, no Paraná e no Rio Grande do Sul, sendo frequente também no Chile, Uruguai e na África do Sul. Cylindrocladium spp. ainda pode causar manchas foliares pequenas, circulares e arroxeadas em minicepas clonais e em mudas na fase de aclimatação.
Em ambos os casos, a constatação precoce da doença e a retirada da muda que apresentar sintomas é a melhor solução do problema.
Manchas de bactérias
Outra doença de importância econômica que ocorre em viveiros são as manchas de bactérias. No início dos anos 2000 já provocou perda de cerca de dois milhões de mudas, ou seja, enormes prejuízos econômicos.
A doença caracteriza-se por manchas foliares úmidas e translúcidas, tornando-se necróticas e ressecadas com a evolução da doença, além de intensa desfolha. Seu diagnóstico requer exame laboratorial. Os agentes causais são bactérias dos gêneros Xanthomonas e Pseudomonas.
As bactérias preferem temperatura e umidadealta, portanto, evitar o molhamento da parte aérea das plantas, fazer a multiplicação de clones suscetÃveis em épocas do ano que são desfavoráveis à infecção e remover folhas doentes têm sido os procedimentos mais indicados. No Sul do País, a incidência de bacteriose em viveiro ocorre nos meses mais quentes do ano, de outubro a abril.
Outras manchas foliares importantes que podem ocorrer em viveiros são ferrugem, oÃdio e mancha de quambalaria.
Ferrugem
A ferrugem, causada pelo fungo Pucciniapsidii, incide tanto em plantas jovens em viveiro como no campo. Sua ocorrência se dá em épocas de temperaturas mais amenas (18-25°C) e períodos prolongados de molhamento foliar.
A diagnose é feita pela esporulação pulverulenta amarelo-alaranjada sobre os órgãos afetados. Em materiais altamente suscetÃveis, causa deformações, necroses, hipertrofia,minicancros e morte das partes terminais de crescimento.