Regis Sivori Silva dos Santos
Engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador da Embrapa Uva e Vinho
Drosophila suzukii é uma pequena mosca, conhecida no exterior como Spotted Wing Drosophila (SWD), ou drosófila da asa manchada. No Brasil, o termo “Suzuki“ está difundido entre os produtores e se caracteriza como nome genérico da praga no País. O inseto é originário do Japão, sendo uma das poucas espécies de drosofilÃdeos capazes de perfurar frutos sadios em desenvolvimento.
Danos
- suzukii infesta uma grande diversidade de frutos, sobretudo aqueles de epiderme fina e mais adocicados. Entre os hospedeiros preferidos estão as pequenas frutas: cereja, amora-preta, framboesa, morango e o mirtilo.
Os danos da suzuki são classificados em primários quando causados pelas fêmeas que perfuram a superfície da fruta para depositar os ovos e, posteriormente, pelas larvas que se alimentam da polpa das frutas.
A fruta infestada colapsa alguns dias após a postura. Danos secundários aparecem posteriormente e são causados por microrganismos como fungos e bactérias, que se desenvolvem a partir dos orifÃcios de oviposição. Somado a isto, outras espécies são atraÃdas pelas frutas danificadas, como outras drosófilas (melanogaster) e os nitidulÃdeos (besouros).
A dispersão da praga é feita por meio do voo dos adultos ou da circulação de frutos contendo larvas ou pupas.
O morango
Morangueiros estão entre os hospedeiros preferidos desta drosófila. As perdas variam conforme o local e o manejo adotado pelo produtor. O primeiro registro de dano da praga em morangos no Brasil relata perdas da ordem de 30%. Porém, existem informações de danos variando entre 60 e 80% quando o controle não é realizado.
Os frutos infestados apresentam danos como orifÃcios e podridões, entrando em colapso poucos dias após o ataque, o que impede a sua comercialização. Além disso, como as larvas são muito pequenas, essas podem passar despercebidas e permanecerem se desenvolvendo nos frutos durante a comercialização, acarretando o colapso do fruto nas bandejas e o rechaço da partida.
Proliferação
- suzukii se desenvolve nos frutos hospedeiros ainda em maturação e fixados nas plantas. A praga possui um mecanismo de introduzir seus ovos no interior de frutos sadios.
As larvas em desenvolvimento se alimentam da polpa dos frutos. É um inseto que prefere temperaturas mais amenas, em torno de 20°C, e apresenta maior atividade nas primeiras horas da manhã ou no final do dia.
Controle
O monitoramento da suzuki deve se iniciar um a dois meses antes do amadurecimento dos frutos. Para tanto, devem ser colocadas de duas a três armadilhas “caça-mosca“, confeccionadas com garrafas PET, por hectare.
As armadilhas devem conter cinco orifÃcios de 0,5mm de diâmetro, equidistantes ao redor do perÃmetro do terço inferior das armadilhas. Como atrativo é recomendado o uso de uma mistura de fermento biológico (20 g), açúcar (50 g) e água (1 L).
As armadilhas devem ser vistoriadas duas vezes por semana e computados os exemplares. Ainda não há nível de dano econômico, e nem produtos registrados para D. suzukii no Brasil. Na Europa e América do Norte a praga tem sido controlada com aplicações de espinosinas, piretroides ou do fungo Beauveria bassiana.