Por José Luiz Tejon Megido, Conselheiro Fiscal do Conselho CientÃfico para Agricultura Sustentável (CCAS), Dirige o Núcleo de Agronegócio da ESPM, Comentarista da Rádio Jovem Pan.Â
E uns engraçadinhos passam a brincar e tirar um barato do governo Temer. Inventaram uma hashtag: “Temer baixa o preço do feijão”. Sete em 10 brasileiros amam feijão, incluindo o feijão carioca. E o engano está no anúncio de que vamos importar esse feijão. Impossível, pois esse tipo de feijão, o carioca não se produz fora do Brasil.
Importamos outros tipos de feijão, como por exemplo, o feijão preto da China. Ou seja, não falta o feijão preto, falta o carioca. Dessa forma, ou muda o hábito do consumidor ou o preço dos cariocas vão explodir.
Agora, quando ocorre uma colheita ou a falta de uma colheita, o problema se remete ao período de plantio. Se não plantar, não colhe. E, no caso do feijão, como de outras leguminosas e várias hortaliças, o único planejamento que existe está nas leis normais do mercado, da oferta e da procura, no clima e nas decisões próprias e individuais dos produtores. Por isso, planejamento agrícola significa peça sagrada e central de uma polÃtica de abastecimento.
Se o feijão já subiu mais de 40% este ano significa reflexo da ausência de polÃtica agropecuária, plano estratégico de segurança e abastecimento do país, dos antecessores do ministro Blairo. O Brasil tem um agronegócio gigantesco, porém não tem governança e, sem liderança de um dia para o outro pode vir a faltar o tomate, o trigo e até o arroz e o feijão. Motivos? Gestão, planejamento e polÃtica agrícola.
Então, se a China é nosso cliente número 1 do agronegócio, agora virará também nosso principal fornecedor do feijão preto. Ou seja, viva a diversidade. Não tem carioca, vamos de preto. E se não tem feijão tire uma selfie na feijoada do sábado, prato valorizado na iguaria nacional.
Para não faltar feijão precisa ter planejamento na mão e orientação de mercado, polÃticas de estoques, seguro e preços assegurados que não são aqueles baseados nas bolsas de Chicago, nem nas tradings de carnes e de grãos. Coisa local do mercado interno nacional.