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É possível promover a melhoria da madeira somente com manejo florestal?

Vitor Cezar Miessa Coelho

Doutor e engenheiro florestal

vitorcoelho63@hotmail.com

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Em coníferas as estruturas que definem uniformidade e homogeneidade na madeira são os anéis anuais; compostos por lenho outonal e lenho primaveral, e têm características celulares bastante distintas. Uma vez mal distribuídos ou distribuídos de forma heterogênea, criam zonas de crescimento quando fatores externos variam de forma não periódica ao longo do lenho.

O que define a distribuição e os incrementos anuais em anéis de crescimento é o espaço vital que a árvore dispõe. Àmedida que os indivíduos crescem, o espaço vital de cada um vai diminuindo, e as suas necessidades nutricionais e de absorção de água aumentando, numa proporção direta com o seu porte. É necessário que haja espaço para crescimento da copa, sob pena da redução progressiva do incremento em diâmetro.

O espaço vital define o crescimento diamétrico que tem influência na formação das células de uma árvore. O conjunto de células forma as estruturas morfológicas meristemáticas da madeira, o que determina as suas propriedades físico-mecânicas.

Em coníferas, o crescimento não é contínuo porque são criadas zonas de crescimento que, no caso da produção de madeira de qualidade, precisa ser modulado por meio do monitoramento do Incremento Corrente Anual (ICA) e do Incremento Médio Anual (IMA) (Hosokawa; Moura; Cunha, 2008).

A modulação do crescimento ocorre desde que a árvore esteja com plena vitalidade, ou seja, livre de competição pelos fatores de produção ou com essa competição sob controle. O controle sobre os fatores de produção é o único fator de crescimento de uma árvore que pode ser manipulado pelo homem.

É possível dimensionar a velocidade de crescimento das árvores controlando seu espaço vital, por meio de desbastes, pelo ICA, que permite a aferição do crescimento diamétrico do período anterior. (Hosokawa; Moura; Cunha, 2008); (Ferraz Filho, 2013).

 

Crédito Shutterstock
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Crescimento

A modulação do crescimento pode ser realizada pelo controle constante sobre os incrementos e intervenções adequadas ““ desbastes – propiciando sempre a utilização da máxima capacidade produtiva do sítio. Do ponto de vista econômico, significa que sempre vai ocorrer a alocação dos fatores de produção nas árvores mais eficientes, ou seja, a produção econômica.

A cada intervenção devem ser programados: o diâmetro meta, o número de árvores que serão abatidas no próximo desbaste, numa situação onde o sítio terá todo o seu potencial produtivo utilizado. O que se deseja é o controle periódico dos incrementos e as intervenções feitas no momento propício a resultar em um lenho uniforme.

A Tabela 1 apresenta os dados de incrementos em um povoamento de Pinus taeda com 30 anos onde foi realizada uma simulação da produção. Aos dados originais coletados foram calculados e acrescidos a idade de desbastes e os Incrementos Periódicos (IP), configurando um regime de manejo em que o crescimento foi controlado.

Tabela1: Intervenções e incrementos em povoamento de Pinus taeda l. com 30 anos e oito desbastes na região deSengés (PR)

Intervenção 1° Desb 2° Desb 3° Desb 4° Desb 5° Desb 6° Desb 7° Desb 8° Desb C R  
Idade (anos) 8 11 13 16 18 22 25 28 30  
d (cm) 25,8 29,2 32,7 35,2 37,7 40,4 43 45,3 47,7
IP (cm) 25,8 3,4 3,5 2,5 2,5 2,7 2,6 2,3 2,4  
Período (anos) 8 3 2 3 2 4 3 3 2  
IPA (cm) 3,2 1,1 1,8 0,8 1,3 0,7 0,9 0,8 1,2  

Fonte: O autor (2017)

d: diâmetro médio aritmético; IP: incremento periódico; IPA: incremento periódico anual

Esta desejada homogeneização dos anéis anuais acontece a partir das informações pós primeiro desbaste do IP, que é a partir de onde os dados foram coletados e a simulação acontece.

Os IP’s são, em média, de 2,7cm. Os IPA’s, entre 1,8cm e 0,8cm, em média são de 1,0cm, criando a homogeneidade e uniformidade preconizada. Portanto, o regime de manejo proposto promove a uniformização e homogeneização dos anéis anuais.

Para melhor compreensão dos dados, A Figura 1 demonstra a evolução do IP ao longo do ciclo de produção.

grafico

Figura 1:Evolução do IP em povoamanto de Pinus taeda L. com 30 anos e oito desbastes na região de Sengés (PR)

Fonte: O autor (2015)

A Figura 1 mostra que a partir do segundo desbaste os incrementos periódicos tenderam a se estabilizar (linha azul) e em média ficaram na casa de 2,7cm/ano (linha vermelha). O controle sobre a velocidade do crescimento demonstrado na Figura 1 se traduz em ganhos bastante expressivos nas características de resistência e rigidez das peças de madeira em relação aos valores médios citados na literatura.

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro/fevereiro 2018  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

 

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