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Efeito do fosfito de potássio na produtividade e sanidade do tomate industrial

Daniela Andrade

Engenheira agrônoma, mestre em Fitotecnia/Produção Vegetal e especialista em gestão do agronegócio

daniela.agronomia@outlook.com

Crédito Nilton Jaime
Crédito Nilton Jaime

Cerca de 200 espécies de insetos já foram relatadas alimentando-se de tomateiro. Segundo especialistas da cultura, as pragas-chave do tomateiro são constituídas pelos vetores de viroses, pelos lepidópteros (brocas, traças e lagartas desfolhadoras) e dípteros (minadores).

Entre os vetores de viroses encontram-se: a mosca-branca (Bemisia tabaci Gennadius Biótipo B) que é considerada praga-chave da cultura, causando danos diretos com a sucção de seiva e deposição de fumagina, além de ser vetor do grupo dos begomovírus, que causa danos severos à planta, e a traça-do-tomateiro (Tuta absoluta Meyrick), que ataca folhas, caule e frutos.

Possui, também, relevância em ampla infestação os ácaros do gênero Tetranychus, que causam amarelecimento e queda de folhas.

Mais problemas

As principais doenças do tomateiro são ocasionadas por bactérias e fungos. Dentre as bacterioses destacam-se o cancro bacteriano, a mancha bacteriana, a pinta bacteriana, a murcha e a podridão mole do fruto, exigindo variedades resistentes, eliminação de restos culturais e pulverização com fungicidas cúpricos ou antibióticos para o controle fitossanitário.

Dentre as doenças fúngicas destacam-se a macha de estenfilio, a mela de rizoctonia, a fusariose e a alternaria, que são muito agressivas e assim necessitam de tratamentos preventivos, pois os danos podem causar perdas de até 100%.

Existem, ainda, problemas com viroses e distúrbios fisiológicos (deficiências de nutrientes, calor ou frio excessivo nos estágios de desenvolvimento da cultura, defeitos nos frutos, entre outros).

Crédito Ana Maria Diniz
Crédito Ana Maria Diniz

O fosfito

O controle de pragas e doenças de plantas por produtos fertilizantes, como os fosfitos, tem sido especulado devido aos grandes problemas enfrentados por tomaticultores quanto ao uso exagerado de defensivos químicos.

Os fosfitos podem proporcionar ação direta e indireta sobre microrganismos, atuando como uma toxina sobre fungos e também estimulando a formação de substâncias de defesa das plantas.

Os fosfitos são compostos provenientes do ácido fosforoso que podem se agrupar com elementos como potássio, cálcio, magnésio, alumínio, manganês e zinco. Eles são rapidamente absorvidos e possuem ação sistemática (translocados pelo xilema e floema), atuando na supressão de pragas e doenças.

Tais compostos formados podem estimular o crescimento das plantas, a inibição do desenvolvimento fúngico, o controle e prevenção de doenças fúngicas, além de da supressão nas doenças radiculares. Ainda, possuem alta estabilidade nas plantas, podendo permanecer ativos por longos períodos.

Vantagens dos fosfitos

Um grande problema enfrentado pelos tomaticultores é a perda da quantidade de moléculas químicas que vêm sendo utilizadas há muito tempo, trazendo consigo uma perda de sensibilidade por parte dos insetos e doenças que se tornaram resistentes ao longo do tempo.

Além disso, os defensivos químicos possuem um alto valor monetário, consequentemente, onerando o custo de produção. De acordo com FAEG, 2013, do total de recursos gastos para o controle de plantas daninhas, pragas e doenças da cultura do tomateiro industrial, aproximadamente 35% são destinados ao controle de pragas. Por isso, os agricultores vêm buscando opções para aumentar a tolerância da cultura do tomateiro às pragas e doenças e diminuir o custo de produção.

Assim, o fosfito de potássio entra como uma alternativa a mais para auxiliar e intensificar o uso dos defensivos e deixar a produção menos onerosa ao bolso do produtor. Além disso, os fosfitos são menos tóxicos ao meio ambiente, considerados produtos sustentáveis e aceitáveis também na produção orgânica.

Dosagem

A aplicação de fosfito pode acontecer juntamente com outros defensivos químicos, via foliar ou via solo, não interferindo na ação dos compostos. Assim, sua aplicação e dosagem devem ser realizadas de acordo com a necessidade da cultura e o objetivo do produtor. Há literaturas que recomendam de 5 a 7 L/ha, entretanto, o ideal é seguir a recomendação agronômica para melhor eficiência dos insumos utilizados na lavoura.

Custo x beneficio

O custo da aplicação do fosfito é considerado mínimo, visto que se pode otimizar a operação aplicando juntamente com outro produto. O frasco de 1,0 L de produto pode chegar a custar em torno R$ 30,00 a R$ 90,00. O custo-benefício dos fosfitos é bastante relevante, pois além de serem uma fonte nutricional concentrada, esses produtos auxiliam na fisiologia da planta, conforme discutido anteriormente.

Lembrando que, embora o fosfito de potássio seja um sal de ácido fosforoso, também conhecido como fosfonato, ele não deve ser confundido com os tradicionais fertilizantes à base de fosfatos, que são extraídos do ácido fosfórico.

Os fosfitos, ao contrário dos fosfatos, são, além dos orgânicos, mais solúveis e estáveis. Porém, cabe ressaltar que tanto os fosfitos quanto os fosfatos podem ser associados a outros elementos.

Essa matéria você encontra na edição de janeiro 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

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