Hélio Casale
Engenheiro agrônomo e consultor da Tecnores Consultoria e Serviços
Os ácidos húmicos resultam da decomposição da matéria orgânica, seja ela de origem animal ou vegetal e são capazes de estimular alterações fisiológicas nas plantas, as quais contribuem para o melhor desenvolvimento, tanto do sistema radicular como da parte aérea, o que é essencial para ganhos na produtividade.
Húmus é a menor fração da matéria orgânica, sendo formado pela decomposição da biomassa do solo. Na agricultura moderna, uma das maiores preocupações é para manter o solo sempre recoberto de matéria vegetal, que com o passar do tempo, pela ação de fatores diversos, se transforma em matéria orgânica e esta em substâncias húmicas, que possuem alta capacidade de troca de cátions.
Atuação
As substâncias húmicas atuam na proteção de efeitos tóxicos para as plantas promovidos pela ação de pesticidas, fertilizantes minerais e mesmo esterco não curtido. São substâncias que aliviam diferentes estresses. Tais substâncias complexam metais pesados encontrados no solo, aumentam a captação do CO2, a respiração das plantas, o teor de clorofila e aumenta também a atividade de várias enzimas.
Outra característica dos ácidos húmicos é contribuir para o desenvolvimento do sistema radicular das plantas. Um bom sistema radicular é sempre desejável para qualquer cultivo.
RaÃzes são importantes principalmente para fixação das plantas ao solo, para absorção de água e nutrientes. Plantas com sistema radicular mais avantajado toleram o estresse hídrico e absorvem os nutrientes minerais em maior quantidade, o que leva à maior produtividade.
Por outro lado, a presença de ácidos húmicos também contribui para estimular a síntese de hormônios vegetais como a auxina, por exemplo, e ainda certas enzimas, promovendo efeitos que favorecem a germinação, o florescimento e o crescimento da parte aérea das plantas.
Mais benefícios
Outro benefÃcio da presença de ácidos húmicos no sistema é que agem como neutralizadores do efeito alelopático das culturas, devendo ser usados na rotação/sucessão de culturas, viabilizando as intenções/programação do agricultor.
Mais ainda, contribuem para uma menor fixação do fósforo no solo, permitindo uma absorção mais intensa e continuada desse importante nutriente; aumenta a CTC ““ Capacidade de Troca de Cátions; reduz as perdas do potássio em solos arenosos, por efeito de lixiviação ocasionada pela água das chuvas ou mesmo da irrigação; aumenta a disponibilidade de micronutrientes e, por fim, estimula o desenvolvimento radicular e os microrganismos do solo, dando a este mais vida e vida nova.
A presença de microrganismos em maior quantidade auxilia na decomposição gradual do material orgânico na liberação dos nutrientes minerais em forma disponível para as plantas; degrada substâncias tóxicas de origem diversa; controla patógenos que agridem o sistema radicular, principalmente os nematoides; contribui para a estruturação e agregação das partículas do solo, tornando-o em boas condições para que as plantas se desenvolvam e produzam satisfatoriamente.
Atualmente, empresas de fertilizantes já estão agregando ácidos húmicos a seus produtos, tornando-os diferenciados no mercado. O resultado desses produtos pode ser observado facilmente na prática.