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Eficiência do controle biológico no MIP

 

José Salazar Zanuncio Junior

Doutor em Entomologia e pesquisador do Incaper

jjzanuncio@yahoo.com.br

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Várias pragas podem atacar a cultura do repolho, sendo que a mais prejudicial é a traça-das-crucíferas Plutellaxylostella. Trata-se de uma mariposa de coloração parda e de tamanho reduzido que pode atacar várias culturas, como a couve, couve-flor e repolho.

As lagartas apresentam coloração esverdeada e consomem a epiderme da folha. A presença de lagartas e pupas no interior da cabeça do repolho reduz o valor comercial da mesma.

Controle biológico

O controle biológico deve fazer parte do Manejo Integrado de Pragas (MIP), que consiste em utilizar mais de um método de controle da praga, iniciando-se pelo manejo adequado da cultura (plantio de variedades resistentes, inspeção das mudas, manejo nutricional adequado, etc.), baseado no monitoramento e nível de controle da praga.

Este monitoramento pode ser realizado com o uso de armadilhas específicas para a praga, como feromônios sexuais para a sua captura.

Manejo

Para fazer o monitoramento da praga utiliza-se a armadilha tipo Delta, que deve ser instalada em mourões a 01 m do nível do solo, distanciadas pelo menos 50 m, na proporção de uma armadilha por hectare. Dentro destas armadilhas colocam-se os septos contendo o feromônio e os insetos atraídos ficam aderidos no fundo adesivo da armadilha.

Deve-se fazer a inspeção da armadilha a cada três dias. Assim que for identificada a presença de adultos nas armadilhas, recomenda-se a utilização do controle biológico, por meio da liberação de adultos do parasitoide Trichogramma e a pulverização do bioinseticidaà base da bactéria B. thuringiensis.

A associação do Trichogramma e bioinseticidas é recomendada, uma vez que o Trichogramma irá atuar sobre os ovos da mariposa. A liberação do parasitoide deveser realizada imediatamente à constatação de adultos nas armadilhas.

A quantidade de Trichogramma a ser liberada depende do nível de infestação da praga, recomendando-se que o produtor procure um profissional da área para orientar sobre a quantidade de indivíduos a serem utilizados, com base no monitoramento.

A embalagem do produto comercial apresenta de 50 a 100 mil adultos do parasitoide. Em campo, as cartelas devem ser destacadas com cuidado e distribuídas de maneira uniforme pela cultura.

Já a aplicação do bioinseticida à base de B. thuringiensis deve ser direcionada ao controle das lagartas recém-emergidas e nos estádios iniciais do desenvolvimento. A recomendação é de 0,75 a 01kg do produto comercial por hectare, utilizando-se 500 L de calda por hectare.

A pulverização deve ser realizada nas folhas ainda abertas, antes que fiquem protegidas pelo fechamento da cabeça.

Adulto de Plutella xylostela - CréditoJosé Salazar Zanuncio Junior
Adulto de Plutella xylostela – CréditoJosé Salazar Zanuncio Junior

Eficácia

A utilização dos métodos de controle biológico de forma integrada promove um controle efetivo da praga, antes dela causar dano econômico e sem prejuízos ao meio ambiente.

Além disso, estes métodos de controle não deixam resíduos, ou seja, não há necessidade de se observar qualquer período de carência entre a última pulverização e a colheita. Também não apresentam restrição, podendo ser utilizado para a praga-alvo em qualquer cultura.

Investimento

O custo com o monitoramento gira em torno de R$20,00/ha/mês, considerando os custos com a armadilha e com o feromônio. O custo com o controle biológico é variável, dependendo do nível de reinfestação da praga, o que influenciará na quantidade de Trichogramma a ser liberado e no número de pulverizações com o bioinseticida.

Considerando-se o custo econômico, o controle biológico ainda é mais alto do que o controle químico. Isto se deve ao fato de haver muitas empresas com variados agrotóxicos, enquanto poucas empresas atuam na comercialização de produtos biológicos no Brasil.

Por outro lado, o custo do controle biológico tende a se diluir no tempo, uma vez que apresenta seletividade de ação e não tem casos de resistência de pragas a estes métodos de controle.

No entanto, é necessário que o manejo da cultura seja modificado, pois a aplicação indiscriminada de agrotóxicos e a utilização de agrotóxicos com amplo espectro de ação para o controle de outras pragas e doenças (prática comum entre os agricultores) pode inviabilizar a utilização de inimigos naturais no agroecossistema.

Não obstante, o maior benefício do controle biológico é a produção de alimentos isentos de resíduos, menor contaminação ambiental e redução da intoxicação dos trabalhadores, tornando a produção mais sustentável.

Essa matéria você encontra na edição de novembro 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

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