Elcio Alves
Cientista da DuPont Pioneer
O complexo de enfezamento pode ocorrer em 100% das plantas de uma lavoura de milho, causando até a perda total da produção, dependendo do ambiente e do nível de resistência do hospedeiro.
A incidência dos enfezamentos tem aumentado muito, principalmente em função da permanência de plantas de milho no campo por quase todo o ano, aliada às condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento da doença, sobrevivência e multiplicação do inseto-vetor.
Sintomas
Os sintomas típicos dos enfezamentos são o avermelhamento ou amarelecimento generalizado das plantas e estrias esbranquiçadas, geralmente associadas a outros, que vão depender muito de algumas características genéticas e ambientais.
Plantas infectadas podem apresentar proliferação de espigas, espigas deformadas, perfilhamento na base ou axilas foliares, encurtamento de internódios, principalmente acima da espiga, grãos pequenos e frouxos, morte precoce, quebra de colmos, má formação de palha nas espigas (palhas curtas, finas e rasgadas), emissão de inúmeras raízes finas e colonização de palhas, bainhas e colmos por fungos oportunistas.
Estes sintomas podem variar dependendo do nível de resistência do genótipo, da idade das plantas ao serem infectadas e das condições ambientais, principalmente temperatura e umidade.
Â
Causas e consequências
 Os enfezamentos de milho são causados por espiroplasmas e fitoplasmas (classe mollicutes), que infectam o floema das plantas. O enfezamento pálido ou CornStuntSpiroplasma se caracteriza por estrias cloróticas claras da base para o ápice das folhas e o enfezameto vermelho, ou MaizeBushyStuntPhytoplasma, se caracteriza principalmente pelo avermelhamento das folhas e proliferação de espigas. Porém, os sintomas podem ser confundidos ou acontecerem ao mesmo tempo nas plantas devido à presença simultânea de ambos.
Os mollicutes são transmitidos por um vetor (cigarrinha) denominado Daubulusmaidis. A cigarrinha D. maidis, ao se alimentar da seiva da planta de milho infectada, adquire o fitoplasma ou espiroplasma. Após um período latente de três a quatro semanas (dependendo muito da temperatura ambiente), ela passa a transmitir os mollicutes de forma persistente (pelo resto da vida) a outras plantas.
A coincidência entre o final do ciclo de lavouras infectadas com o início do ciclo de novas lavouras faz com que os insetos vetores migrem para as plantas jovens, disseminando a doença.
Alerta
Como comentado anteriormente, a biologia da Daubulusmaidis é muito afetada pelo ambiente, pincipalmente pela temperatura, sendo que abaixo de 20ºC, aproximadamente, os ovos permanecem viáveis, mas sem desenvolvimento embrionário e, portanto, sem eclosão de ninfas.
 As ninfas passam por cincoinstares e para completar estas fases levam cerca de 20 dias a 26ºC, podendo levar mais tempo em temperaturas mais baixas, como também podem passar por menos instares, em temperaturas mais elevadas, e atingir a fase adulta mais rápido.
A longevidade dos adultos é de cerca de 50 dias. O período de incubação do espiroplasma em Daubulusmaidis varia de 16 a 30 dias, e os sintomas das plantas infectadas aparecem após quatro a sete semanas (Waquilet al. 2003). A população do inseto cresce muito durante o verão, atingindo seu ápice em meados do mês de março, dependendo da presença contÃnua do hospedeiro no campo e da região.
Controle
O controle do vetor pode ser realizado por alguns inseticidas em tratamento de sementes ou pulverização, entretanto, se existirem focos de infestação próximos, novas populações estarão migrando para a nova lavoura diariamente, sendo necessário um monitoramento frequente e a realização de repetidas pulverizações, inclusive, se possível, na lavoura mais velha de onde possa estar originando os insetos infectados.
Devido ao difícil controle químico, tanto dos insetos vetores como dos mollicutes, a opção é o uso de um manejo integrado do inseto e da doença. Neste manejo estão inclusas operações em que se deve considerar a multiplicação e o desenvolvimento tanto do inseto vetor como do fitoplasma ou espiroplasma.
As principais medidas para este manejo são: o uso de cultivares resistentes, tratamento de sementes com inseticidas indicados, adequação da época de plantio, evitar plantios consecutivos e eliminar plantas voluntárias no campo que possam servir de hospedeiras, além do controle químico das cigarrinhas (adultos e ninfas) por meio de pulverizações.
Dependendo da finalidade da lavoura, é possível a utilização de armadilhas para ajudar a diminuir a população do inseto. É muito importante a combinação de diferentes híbridos para minimizar possÃveis prejuízos causados pela doença e evitar a adaptação dos insetos e do patógeno a um genótipo específico.
Dúvidas sobre os enfezamentos e medidas de controle? Compartilhe conosco a sua experiência e os seus questionamentos sobre o assunto.
http://www.pioneersementes.com.br/blog/40/enfezamentos-vermelho-e-palido-em-milho