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Enxertia em tomate previne fusário e murchadeira

Elisamara Caldeira do Nascimento

Talita de Santana Matos

Doutoras em agronomia ““ UFRRJ

Glaucio da Cruz Genuncio

Professor adjunto de Fruticultura ““ UFMT

glauciogenuncio@gmail.com

Crédito Pixabay
Crédito Pixabay

A murcha-de-fusário, causada pelo fungo Fusariumoxysporum Schlechtf.sp. lycopersici (Sacc.), e a murcha bacteriana, causada por Ralstoniasolanacearum, estão entre as principais doenças que atacam o tomateiro, considerando danos à parte aérea e ao sistema radicular.

Apresentam destaque por serem de difícil controle, causando enormes perdas econômicas para a cultura. Podem ser facilmente confundidas no campo, uma vez que os sintomas se assemelham devido ao modo de ação bastante similar do fitopatógeno aos sistemas radicular e vascular da planta. A principal diferença entre elas, visualmente, se dá pelo amarelecimento decorrente da infecção por F. oxysporum f. splycopersici.

Fungos e bactérias

Tanto o fungo F.oxysporumf.sp. lycopersici (fusário), quanto a bactéria Ralstoniasolanacearum são habitantes naturais do solo. Contrariamente à bactéria, a dispersão aérea de conídios de F. oxysporumf.sp. lycopersici é observada, fato que aumenta o potencial de dispersão espacial e temporal da doença, considerando condições de cultivo em campo aberto e protegido.

Sintomas

Enxertia realizada em muda de tomateiro - Crédito Oliveiro Bassetto Jr
Enxertia realizada em muda de tomateiro – Crédito Oliveiro Bassetto Jr

Os principais sintomas da murcha-de-fusário são a perda de turgidez, inicialmente pelas folhas basais, que se tornam amareladas com crestamento do limbo e, finalmente, caem.

Quando se corta transversalmente a raiz ou o caule, pode-se observar o escurecimento dos vasos, que evidencia a presença dos patógenos. Este escurecimento é mais intenso na base do caule, sendo uma característica marcante, embora não exclusiva da doença, e pode ser resultado da oxidação e polimerização de hidroxifenóis e ação da oxidase, embora as toxinas produzidas pelo fungo possam estar envolvidas indiretamente na produção da murcha, tendo em vista servirem como estimuladores de mecanismos de resistência do hospedeiro.

 A planta, quando infectada, também pode apresentar crescimento retardado. Ressalta-se que a manifestação da doença se dá em qualquer estádio de desenvolvimento do tomateiro, sendo mais comum em plantas no início de florescimento e frutificação.

Para mudas em viveiros, os sintomas são o clareamento das nervuras das folhas e curvamento dos pecíolos. No campo, o sintoma mais típico é o amarelecimento das folhas em plantas em início de frutificação, geralmente a partir das mais velhas, que com o avanço sistêmico do fungo pelo xilema progride para as folhas mais novas, sendo seguido de murcha da planta nas horas mais quentes do dia, até que a murcha se torna irreversível.

Sintomas de fusariumem tomate - Crédito Hélcio Costa
Sintomas de fusariumem tomate – Crédito Hélcio Costa

Condições para o ataque

O desenvolvimento da doença é favorecido por temperaturas elevadas entre 21 e 33°C, sendo o ótimo 28°C. Por isso, ocorre com maior intensidade durante os cultivos de verão chuvoso. Em cultivos irrigados, canos e gotejadores com vazamento proporcionam molhamento excessivo do solo, onde aparecem focos de plantas murchas.

Plantas cultivadas em solos ácidos, pobres em nutrientes, com pouca água e deficientes em cálcio, tendem a serem mais afetadas.

O aumento do cultivo de tomate sob proteção de plástico tem trazido sérias preocupações aos produtores em virtude de plantios sucessivos serem realizados no mesmo terreno. Em geral, a partir do terceiro plantio, os solos se tornam tão contaminados com a bactéria que levam ao abandono da cultura. Da mesma forma, tem-se verificado aumento de incidência da doença em cultivos sob gotejamento tanto em lavouras de tomate estaqueado como de tomate rasteiro.

A alta incidência de nematoides também pode contribuir para o aumento da severidade da doença em alguns casos, em função das lesões causadas nas raízes, que servem de porta de entrada para o patógeno.

Fatores ambientais, principalmente a temperatura do ar e do solo, podem limitar o progresso da doença pelo efeito na competitividade ou atividade antagônica da microbiota. A umidade do solo também apresenta evidências da importância no desenvolvimento da doença.

O desenvolvimento da doença é favorecido por temperaturas elevadas entre 21 e 33°C - Crédito Ana Maria Diniz
O desenvolvimento da doença é favorecido por temperaturas elevadas entre 21 e 33°C – Crédito Ana Maria Diniz

Danos

Os principais danos causados, assim como na murcha de fusário, são: retardo no desenvolvimento das plantas, frutos com tamanho reduzido, morte das plantas, levando à diminuição da produção e, consequentemente, da produtividade. Ressalta-se que a severidade da doença pode ocasionar perdas de 70 a 100% da lavoura.

Não confunda

Os sintomas da murcha bacteriana são semelhantes aos da murcha do fusário. Caracteriza-se pela murcha da planta de cima para baixo, resultante da interrupção parcial ou total do fluxo de água desde as raízes até o topo da planta. Ao infectar a planta, a bactéria se aloja nos vasos condutores de água (xilema).

No interior do xilema, a bactéria se multiplica e acaba entupindo o xilema, que é o vaso que conduz a água absorvida pelas raízes para a parte aérea da planta. Por isso, as folhas murcham, começando pelas mais novas, principalmente nas horas mais quentes do dia, podendo se recuperar à noite. Com o passar do tempo, toda a planta murcha de forma irreversível e morre.

Também produz enzimas que provocam o escurecimento do xilema, percebido pelo descascamento ou corte longitudinal do caule na parte inferior de plantas afetadas. A doença se manifesta em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, embora seja mais comum por ocasião da formação do primeiro cacho de frutos.

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2018  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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