Elisamara Caldeira do Nascimento
Talita de Santana Matos
Doutoras em agronomia ““ UFRRJ
Glaucio da Cruz Genuncio
Professor adjunto de Fruticultura ““ UFMT
A murcha-de-fusário, causada pelo fungo Fusariumoxysporum Schlechtf.sp. lycopersici (Sacc.), e a murcha bacteriana, causada por Ralstoniasolanacearum, estão entre as principais doenças que atacam o tomateiro, considerando danos à parte aérea e ao sistema radicular.
Apresentam destaque por serem de difícil controle, causando enormes perdas econômicas para a cultura. Podem ser facilmente confundidas no campo, uma vez que os sintomas se assemelham devido ao modo de ação bastante similar do fitopatógeno aos sistemas radicular e vascular da planta. A principal diferença entre elas, visualmente, se dá pelo amarelecimento decorrente da infecção por F. oxysporum f. splycopersici.
Fungos e bactérias
Tanto o fungo F.oxysporumf.sp. lycopersici (fusário), quanto a bactéria Ralstoniasolanacearum são habitantes naturais do solo. Contrariamente à bactéria, a dispersão aérea de conÃdios de F. oxysporumf.sp. lycopersici é observada, fato que aumenta o potencial de dispersão espacial e temporal da doença, considerando condições de cultivo em campo aberto e protegido.
Sintomas
Os principais sintomas da murcha-de-fusário são a perda de turgidez, inicialmente pelas folhas basais, que se tornam amareladas com crestamento do limbo e, finalmente, caem.
Quando se corta transversalmente a raiz ou o caule, pode-se observar o escurecimento dos vasos, que evidencia a presença dos patógenos. Este escurecimento é mais intenso na base do caule, sendo uma característica marcante, embora não exclusiva da doença, e pode ser resultado da oxidação e polimerização de hidroxifenóis e ação da oxidase, embora as toxinas produzidas pelo fungo possam estar envolvidas indiretamente na produção da murcha, tendo em vista servirem como estimuladores de mecanismos de resistência do hospedeiro.
 A planta, quando infectada, também pode apresentar crescimento retardado. Ressalta-se que a manifestação da doença se dá em qualquer estádio de desenvolvimento do tomateiro, sendo mais comum em plantas no início de florescimento e frutificação.
Para mudas em viveiros, os sintomas são o clareamento das nervuras das folhas e curvamento dos pecíolos. No campo, o sintoma mais típico é o amarelecimento das folhas em plantas em início de frutificação, geralmente a partir das mais velhas, que com o avanço sistêmico do fungo pelo xilema progride para as folhas mais novas, sendo seguido de murcha da planta nas horas mais quentes do dia, até que a murcha se torna irreversÃvel.
Condições para o ataque
O desenvolvimento da doença é favorecido por temperaturas elevadas entre 21 e 33°C, sendo o ótimo 28°C. Por isso, ocorre com maior intensidade durante os cultivos de verão chuvoso. Em cultivos irrigados, canos e gotejadores com vazamento proporcionam molhamento excessivo do solo, onde aparecem focos de plantas murchas.
Plantas cultivadas em solos ácidos, pobres em nutrientes, com pouca água e deficientes em cálcio, tendem a serem mais afetadas.
O aumento do cultivo de tomate sob proteção de plástico tem trazido sérias preocupações aos produtores em virtude de plantios sucessivos serem realizados no mesmo terreno. Em geral, a partir do terceiro plantio, os solos se tornam tão contaminados com a bactéria que levam ao abandono da cultura. Da mesma forma, tem-se verificado aumento de incidência da doença em cultivos sob gotejamento tanto em lavouras de tomate estaqueado como de tomate rasteiro.
A alta incidência de nematoides também pode contribuir para o aumento da severidade da doença em alguns casos, em função das lesões causadas nas raízes, que servem de porta de entrada para o patógeno.
Fatores ambientais, principalmente a temperatura do ar e do solo, podem limitar o progresso da doença pelo efeito na competitividade ou atividade antagônica da microbiota. A umidade do solo também apresenta evidências da importância no desenvolvimento da doença.
Danos
Os principais danos causados, assim como na murcha de fusário, são: retardo no desenvolvimento das plantas, frutos com tamanho reduzido, morte das plantas, levando à diminuição da produção e, consequentemente, da produtividade. Ressalta-se que a severidade da doença pode ocasionar perdas de 70 a 100% da lavoura.
Não confunda
Os sintomas da murcha bacteriana são semelhantes aos da murcha do fusário. Caracteriza-se pela murcha da planta de cima para baixo, resultante da interrupção parcial ou total do fluxo de água desde as raízes até o topo da planta. Ao infectar a planta, a bactéria se aloja nos vasos condutores de água (xilema).
No interior do xilema, a bactéria se multiplica e acaba entupindo o xilema, que é o vaso que conduz a água absorvida pelas raízes para a parte aérea da planta. Por isso, as folhas murcham, começando pelas mais novas, principalmente nas horas mais quentes do dia, podendo se recuperar à noite. Com o passar do tempo, toda a planta murcha de forma irreversÃvel e morre.
Também produz enzimas que provocam o escurecimento do xilema, percebido pelo descascamento ou corte longitudinal do caule na parte inferior de plantas afetadas. A doença se manifesta em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, embora seja mais comum por ocasião da formação do primeiro cacho de frutos.