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Estufas – Cultivo de berinjela é favorecido pela técnica

Autores

Rhaiana Oliveira de Aviz
rhaianaoliveiradeaviz@gmail.com
Luana Keslley Nascimento Casais
luana.casais@gmail.com
Emanoel dos Santos Vasconcelos
manoeldsvogm@gmail.com
Graduandos em Agronomia – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
Luciana da Silva Borges
Doutora e professora – UFRA, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Horticultura da Amazônia (Hortizon) e Núcleo de Pesquisa em Agroecologia (NEA)
luciana.borges@ufra.edu.br
Crédito Shutterstock

O mercado consumidor brasileiro tem se tornado, a cada dia, mais exigente quanto à qualidade do produto e preço de hortaliças como a berinjela, afirma Antonini et al. (2002). Por conta disso produtores vêm, a cada dia, se modernizando e investindo em tecnologias que visem um melhor aproveitamento da cultura, a fim de obter cada vez mais uma produtividade elevada.

Quando o manejo é adequado, é possível que cultivares híbridas indicadas para cultivo protegido cheguem a uma produtividade média neste tipo de sistema que atinjam até 15 kg por planta e 60 a 95 t/ha em cultivo protegido.

Regiões produtoras

Atualmente, os Estados de SP, MG, RJ e ES correspondem a 83% do total comercializado nas Ceasas. Os Estados da região sudeste são os principais produtores de berinjela no Brasil. Só no ano de 2004 a área de berinjela plantada no Estado de São Paulo era de 1.300 hectares, com uma produção de 46 mil toneladas e produtividade média de 34 t/ha (Instituto de Economia Agrícola, SAA, 2005).

O Estado de Minas Gerais chega a uma produtividade de 25 a 70 t ha-¹, quando são obedecidas as exigências de adubação e manejos adequados na região, seguidos do Estado do Rio de Janeiro, com uma produtividade de 20 a 30 t ha-¹.

Em estufas

Segundo a Embrapa (2017), em regiões com condições climáticas adversas, tais como chuvas, frio intenso e ventos, a proteção no cultivo de berinjela permite que se cultive praticamente o ano todo, principalmente quando aliado ao uso do mulching. Este tipo de cultivo geralmente reduz o ataque de doenças e pragas, propiciando economia de insumos. Além disso, os frutos apresentam uma aparência melhor e boa qualidade. O período da colheita é prolongado por mais tempo.

A produção em estufa em sistemas hidropônicos ou vasos permite o controle mais eficaz. Quando há a utilização de fertirrigação a produtividade é elevada. Ao remover a planta do solo e colocando-a em sistema hidropônico há uma melhora substancial de muitos problemas, como doenças e pragas que envolvem o cultivo.

Do plantio à colheita

O plantio deve ser feito em locais com declividade de até 4% no terreno. Devem ser construídos canteiros de 1,0 m de largura com 0,2 m de altura. A distância entre os canteiros fica entre 0,4 a 0,6 m.

A forma mais cultivada é em fileiras simples, obedecendo um espaçamento que pode variar de 1,2 a 1,5 m entre linhas e 0,6 a 1,0 m entre plantas, porém, deve-se atentar para as condições do local de plantio. Este pode ser feito com o uso de mulching em associação ao cultivo protegido, evitando a proliferação de plantas daninhas.

É importante que as mudas sejam feitas em bandejas também em ambiente protegido, como viveiros ou em casa de vegetação. O uso de bandejas de poliestireno expandido com 128 células é adequado, e o substrato deve ser aerado, com nutrição balanceada para um bom desempenho das plantas em campo. Plantas de berinjela se adaptam melhor a temperaturas entre 18 e 30ºC e 80% de umidade relativa do ar.

Irrigação

A irrigação deve ser regular e adequada, sem encharcamento ou seca nas mudas, pois essa fase é de suma importância para que resulte em plantas vigorosas. Recomenda-se que a irrigação seja realizada duas vezes, em dias mais frios, até quatro vezes, em dias quentes, nos horários amenos do dia, como início da manhã e fim de tarde.

O transplante é feito quando as mudas apresentam quatro folhas definitivas para os canteiros. Neste momento deve ser feito um procedimento de tutoramento das plantas, seja com fitilhos, fio de arame ou estacas de bambu. No decorrer do crescimento das plantas é realizada a amarração dos ramos aos tutores.

Adubação de cobertura

A adubação de cobertura é recomendada a partir dos 30 dias após o transplante das plantas aos canteiros. Segundo a Embrapa (2017), até a formação dos primeiros frutos a relação N:K deve ser de 1:1 e, após esta fase, a proporção recomendada é de 1:1,5 ou 1:2,5.

O monitoramento da temperatura dentro da área de produção ajuda a evitar problemas como o abortamento de flores e frutos. A colheita inicia quando os frutos apresentam o tamanho de 15 a 20 cm de comprimento, no período de 45 a 60 dias após o transplante, conforme as condições ambientais do local de cultivo. O ponto de colheita é observado pelas características visuais da variedade, e depende do tipo de fruto e coloração da cultivar.

Os frutos devem estar com a coloração brilhante e a polpa macia, e devem ser colhidos antes de completarem seu ciclo de maturação.

Em campo

O clima favorável ao desenvolvimento da berinjela é tipicamente tropical, favorecido pelo calor (Filgueira, 2000). A maior limitação para o cultivo é a umidade no solo inadequada durante seu ciclo, como ocorre na maioria das hortaliças (Marouelli et al., 1996).

Para Maldaner et al. (2008), com o aumento da demanda o cultivo da berinjela em ambientes protegidos vem se tornando uma alternativa viável, sendo uma fonte de renda para as pequenas propriedades rurais. O cultivo em ambiente protegido caracteriza-se pela construção de uma estrutura para a proteção das plantas contra os agentes meteorológicos, permitindo a passagem de luz, pois esta é essencial à realização da fotossíntese.

Esse sistema de produção agrícola possibilita certo controle das condições edafoclimáticas, tais como; temperatura, umidade do ar, radiação, solo, vento e composição atmosférica (Ribeiro, 2008).

Para Reis et Al. (2011), esta hortaliça tem sido cultivada em ambiente protegido, o qual possibilita um abastecimento contínuo e colheitas em períodos de baixa oferta do produto no mercado, alcançando, por isso, preços mais competitivos.

Custo de produção

No município de Tocantins, no ano de 2013, uma caixa com 12 quilos de berinjela chegou a ser vendida por R$ 3,00, mas hoje chega a valer R$ 18,00, visto que em cultivo protegido podemos obter produtividade de até 65 t.ha-1, gerando uma grande rentabilidade para o produtor, que gastará muito pouco com insumos.

Existem várias vantagens relacionadas à utilização do cultivo em ambientes protegidos, como maior proteção quanto aos fenômenos climáticos (excesso ou escassez de chuvas, oscilações de temperatura durante a noite, geadas), redução de custos com defensivos e fertilizantes, além da obtenção de maior produtividade e proteção do solo contra lixiviação.

É uma técnica que apresenta alto custo inicial de implantação, porém, o produtor consegue obter um retorno rápido na intensificação da produção. O cultivo torna o produto com melhor aparência, o período de colheita é prolongado por mais tempo e tem-se melhor qualidade, além de reduzir drasticamente o ataque de pragas e doenças, refletindo em economia nos insumos utilizados.

Erros

A Embrapa (2017) aponta que quando a temperatura ultrapassa 37°C, ou a umidade é inferior a 40%, ocorre abortamento de flores. O monitoramento da temperatura dentro da área coberta ajuda a evitar esse tipo de problema.

Deve-se também atentar ao tipo de clima da região de implantação da lavoura, pois a estufa deve estar enquadrada ao tipo de ambiente local. A temperatura é um fator de extrema importância e que deve ser levado em consideração.

O manejo também deve ser bem executado, a fim de se obter êxito na produção de berinjela. O tutoramento e a correta nutrição estão diretamente ligados à produtividade que se almeja atingir.

Uma das melhores formas de conter falhas na lavoura é se atentar ao tipo de clima da região, adequando o ambiente à cultura e dando a ela o tipo de estufa apropriada ao seu cultivo. Investir em estufas automatizadas é uma saída para quem deseja obter resultados melhores, sem grandes surpresas no decorrer do tempo de produção.

Para evitar erros quanto ao manejo, recomenda-se investir na capacitação dos colaboradores, pois são eles que vão lidar diretamente com a cultura no dia-a-dia. A nutrição da berinjela deve atender todas as suas fases, desde o crescimento e desenvolvimento vegetativo até a fase reprodutiva.

Viabilidade

O cultivo de berinjela gera uma rentabilidade positiva aos produtores, sendo ela uma das maiores receitas com vendas registradas nas Ceasas no território nacional entre os anos de 2016 e 2018.

Os custos de produção não são elevados, sendo alto apenas o investimento inicial. Quando cultivada em estufa, grande parte dos problemas ocasionados pelo manejo são resolvidos, elevando a produtividade e dando mais qualidade ao produto final.

Com o aumento da demanda o cultivo da berinjela em ambientes protegidos vem se tornando uma alternativa viável.

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