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Ferrugem ainda causa perdas ao cafeeiro

José Roberto Vieira Júnior

Doutor em Fitopatologia e pesquisador da Embrapa Rondônia

 

Crédito Daniel Vieira
Crédito Daniel Vieira

Dentre as doenças do cafeeiro que merecem grande destaque, a ferrugem do cafeeiro, causada pelo fungo Hemileiavastatrix (Berket Br.) mereceu, quando de seu surgimento,dispersão e potencial destrutivo (nas décadas de 70e 80), enorme destaque, uma vez que pouco se sabia sobre a doença e desconheciam-se métodos eficientes de manejo. Após este período crítico, diversos estudos foram desenvolvidos, bem como tecnologias voltadas ao seu controle, o que minimizou seus danos.

Porém, com o avanço da cafeicultura para regiões de fronteira e o desenvolvimento de novos métodos de manejo cultural que visam potencializar a produtividade das plantas, novamente paira sobre a cultura esta ameaça que, segundo os maiores especialistas do Brasil, pode reduzir a produtividade da cultura em até 50%.

Entretanto, mesmo esta afirmativa é passível de ressalvas, uma vez que diversos fatores podem influenciar a ocorrência e a intensidade da doença como, por exemplo: cultivar escolhida, nível tecnológico adotado, macro e microclimas locais, idade da cultura, entre outros fatores.

Danos

 

As maiores perdas provocadas pela doença têm sido observadas em lavouras de Coffeaarabica, onde a desfolha da planta tem se mostrado mais severa e a capacidade de recuperação da planta mais lenta. Em C. canephora, as perdas observadas variam entre 10-30%, sendo maiores nas plantas do sub-grupo “˜Conilon’ e quase insignificantes em materiais do sub-grupo “˜Robusta’.

E mesmo nesses casos, o local de plantio tem forte influência na ocorrência e severidade da doença, sendo mais severa em regiões de clima mais úmido e quente, como Rondônia, Acre, Amazonas e Pará, especialmente em “˜Conilon’.

Sintomas de ferrugem em folha de cafeeiro - Crédito Cristiano Soares
Sintomas de ferrugem em folha de cafeeiro – Crédito Cristiano Soares

Sintomas

Esta é uma doença foliar que apresentaem seu estádio inicial manchascloróticas translúcidas com 0,1-0,3 cmde diâmetro, observadas na face inferiordo limbo foliar. Em poucos dias asmanchas crescem, atingindo 1 a 2cm de diâmetro.

Na face inferiordesenvolvem-se massas pulverulentasde coloração amarelo-laranja formadas por uredósporos do patógeno que,quando coalescem, podem cobrir grandeextensão do limbo foliar. Eventualmente, quando a incidência e severidade da doença são elevadas e não há controle, pode ocorrer intensa desfolha das plantas, acentuando o depauperamento da planta.

Condições para a doença

Do ponto de vista climático, a ferrugem é favorecida por temperaturas variando entre 22 e 30ºC. Temperaturas menores que 15ºC e maiores que 30ºC limitam o processo infeccioso e provocam redução drástica na doença.

Umidade elevada (acima dos 90%) com chuvas leves e esparsas tendem a favorecer o processo infeccioso e a disseminação da doença. Por esse motivo, a doença tende a ocorrer entre os meses de novembro a julho, sendo mais comum nos meses de março a junho na região sudeste ede maio a agosto na região norte.

Entretanto, práticas culturais podem favorecer a ocorrência e a severidade da doença fora do período de predominância, como por exemplo, uso de irrigação por aspersão, ao invés de gotejamento, que favorece a dispersão do patógeno, plantios adensados, que garantem um microclima favorável para a infecção do patógeno, adubações intensivas, especialmente no que tange a adubação nitrogenada, e sistemas de plantio consorciados, como os agroflorestais, com número muito grande de árvores, como em alguns plantios de Rondônia, que promovem um microclima favorável à doença.

Prevenção

Dentre as medidas mais eficientes de manejo encontram-se o monitoramento da doença dentro da área deplantio. O monitoramento da doença tem a vantagem de permitir ao produtor determinar o melhor momento para realizar o manejo dadoença, diminuindo a necessidade de pessoal e de produtos, o que impacta significativamente nos custos de produção.

Desta forma, é recomendado ao produtor fazer o acompanhamento da evolução da doença no cafezal. Para isto, a lavoura de café deve ser dividida em talhões, de maneira uniforme, coletando-se dez folhas por planta do seu terço médio ou quarto par defolhas. Ao final, conta-se o número de folhas com lesões esporulantes de ferrugem e aplica-se na fórmula abaixo para calcular o percentual de incidência da doença:

N° total de folhas com ferrugem

% de incidência = ————————————————— x 100

N° de folhas

Ao fim da quantificação, se a incidência de folhas com ferrugem for superior a 3%da lavoura, mas inferior a 5%, deve-se iniciar as pulverizações com fungicidas àbase de cobre, tomando-se os cuidados necessários quanto à ocorrência de chuvasapós as pulverizações.

Se a incidência for superior a 5%, recomenda-se a utilizaçãode fungicidas sistêmicos, que podem ser à base de triazóis, organofosforados, benzimidazóis, entre outros. Este monitoramento deve ser feitoa cada 30 dias, para que o produtor possa acompanhar a evolução da doença e determinar o melhor momento de controle.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de julho 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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