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Fertilizantes nitrogenados de eficiência aumentada otimizam nutrição da lavoura

André Leite Silva

Engenheiro agrônomo, mestre em Ciência do Solo e pesquisador na área de Fertilizantes e Fertilidade do Solo ““ DCS/UFLA

andreleite.ufla@gmail.com

 

Crédito André Leite
Crédito André Leite

O termo “eficiência aumentada“ é uma forma genérica de distinguir qualquer tipo de fertilizante que tenha alguma tecnologia empregada com o objetivo de diminuir as perdas, seja, por exemplo, por reduzir a lixiviação de nitrato (NO3) ou volatilização de amônia (NH3) e, consequentemente, otimizar a disponibilidade de nutrientes para as plantas.

Neste contexto, principalmente para o macronutriente nitrogênio (N), desenvolveram-se várias tecnologias industriais de produção de fertilizantes, pois o N é um nutriente muito dinâmico no sistema solo, e se mal manejado acarreta perdas que inviabilizam sua aplicação, além de ser o nutriente exigido em maiores quantidades pela maioria das culturas agrícolas, necessitando de altas doses de aplicação de fertilizante.

As três classes de fertilizantes nitrogenados de eficiência aumentada encontradas no mercado brasileiro são: fertilizantes de liberação lenta, liberação controlada e estabilizados, que serão descritas a seguir.

Fertilizantes de liberação lenta e controlada

Os fertilizantes de liberação lenta e controlada são aqueles que, de alguma forma, atrasam ou estendem a disponibilidade do nutriente para as plantas a um período além de um fertilizante de referência.

Este fertilizante de referência pode ser considerado a ureia – (NH2)2CO, que tem alta solubilidade e rápida disponibilidade de N para a solução do solo. Porém, vale ressaltar que a molécula de ureia precisa sofrer hidrólise para o N ser disponibilizado às plantas, a qual é realizada pela enzima urease na presença de água.

Portanto, considerando a ureia como referência, qualquer fertilizante que disponibilize o N para o solo por um período posterior à ureia é um fertilizante de liberação lenta ou controlada.

O que difere essas duas classes de fertilizantes é que o fertilizante de liberação lenta tem a molécula de ureia aumentada, como a ureia formaldeído, e para o N ser disponibilizado a molécula precisa ser degradada por microrganismos.Quanto maior o tamanho da molécula, mais lento será o processo de degradação e mais lenta a liberação de N à solução do solo.

Portanto todos os fatores que afetam a atividade microbiana (como umidade, temperatura, pH, efeito alelopáticos de outros microrganismos, etc.) afetarão a disponibilidade do nutriente presente no fertilizante.

Já os fertilizantes de liberação controlada têm apenas uma barreira física para impedir que o nutriente seja liberado de forma instantânea no solo, como a ureia revestida com enxofre, e assim que a camada externa de enxofre se quebrar ou trincar, o nutriente presente no interior do grânulo será liberado.

Portanto, os fatores que afetam a liberação do nutriente no interior do grânulo são, basicamente, umidade e temperatura, além da camada que recobre o fertilizante (espessura e tipo de material).

Os fertilizantes de liberação lenta nutrem a planta conforme sua necessidade CréditoShutterstock
Os fertilizantes de liberação lenta nutrem a planta conforme sua necessidade CréditoShutterstock

Fertilizantes estabilizados

São aqueles em que é adicionado algum tipo de estabilizante capaz de inibir a transformação de uma espécie de N no solo, como os inibidores de urease e inibidores de nitrificação.

Nos fertilizantes estabilizados com inibidores de urease a molécula de ureia permanece por mais tempo no solo em sua forma original, pois não ocorre hidrólise dela. Os inibidores da urease mais utilizados no Brasil são: NBPT (N-(n-butil)tiofosfórico triamida) e micronutrientes, como cobre e boro.

Os fertilizantes estabilizados com inibidores da nitrificação são muito úteis em locais com altas taxas de lixiviação de nitrato, pois o inibidor não permite que o N amoniacal seja transformado em N nítrico. Porém, deve-se tomar cuidado com áreas tropicais, quentes e úmidas, e naquelas áreas de plantio direto, com maior teor de matéria orgânica no solo, pois estes ambientes favorecem a hidrólise da ureia e a volatilização de amônia.

Vale, também, atentar-se ao pH do solo, pois quanto maior o pH, maior será a volatilização. Um exemplo de inibidor da nitrificação é o DMPP (3,4 dimetilpirazolfosfato).

Benefícios

Em se tratando de fertilizantes nitrogenados, cada tecnologia traz um benefício para determinada região edafoclimática. Os de liberação lenta ou controlada liberarão o nutriente em maior sincronia com a demanda da planta, com isso havendo menor perda por lixiviação de nitrato e volatilização de amônia, principalmente. Assim, ao invés do N ficar em excesso na solução do solo suscetível às perdas, ele fica no grânulo protegido.

Fertilizantes de liberação lenta ou controlada são indicados para qualquer região do Brasil. Os estabilizados com inibidor de nitrificação são indicados para regiões em que há perda de nitrato por lixiviação, como solos arenosos e regiões com chuvas intensas.

Essa matéria completa você encontra na edição de agosto 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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