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Fertilizantes organominerais estimulam o crescimento das folhosas

Carlos Alberto Silva

Professor associado do Departamento de Ciência do Solo da Universidade Federal de Lavras

csilva@dcs.ufla.br

 

Crédito Shutterstock
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No Brasil são gerados resíduos orgânicos em diferentes cadeias produtivas. Na indústria de álcool e açúcar são produzidos o bagaço, torta de filtro, vinhaça, cinzas e outros resíduos de varredura de usinas e dos pátios de processamento da cana.

Existem outras fontes orgânicas de nutrientes de grande disponibilidade no País, desde as ofertadas em sistema intensivo de produção de animais, onde são produzidos estercos, dejetos e águas residuárias, até os lodos de lagoas de decantação e tanques de fermentação e produção de metano de áreas intensivas de produção de suínos. Esses materiais, se tratados, podem ser matérias-primas úteis e diversificadas para a fabricação de fertilizantes.

Nas lavouras são gerados resíduos antes e após a colheita, como é o caso das palhas em geral, casca de café, casca de arroz, casca de pinus, etc. Desse modo, muitos resíduos são gerados em agroindústrias e indústrias, como subprodutos dos processos de fabricação ou como lotes de materiais manufaturados, mas que são refugados por não conformidade.

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Nas cidades são gerados resíduos de podas de árvores, jardins e parques de lazer. Há, ainda, resíduos gerados nas estações de tratamento de água e de geração de água de reuso. Nas estações de tratamento de esgoto são gerados lodos de esgoto de composição química variada, que, atendendo a norma 375 do CONAMA ou de órgãos legisladores estaduais ou municipais, podem ser utilizados para fins agrícolas e como insumos para a formulação de fertilizantes.

Nas usinas de processamento, separação e compostagem de matriz orgânica de lixo são gerados materiais compostados que podem ser misturados a matrizes minerais de nutrientes, visando a formulação de fertilizantes organominerais.

Como o ciclo das folhosas é curto, ao se recomendar os organominerais é preciso estar atento aos teores de nutrientes prontamente disponíveis - Crédito: Shutterstock
Como o ciclo das folhosas é curto, ao se recomendar os organominerais é preciso estar atento aos teores de nutrientes prontamente disponíveis – Crédito: Shutterstock

Do lixo à adubação

Os resíduos orgânicos contêm todos os nutrientes em sua composição, mas os teores de alguns deles são baixos ou podem estar desbalanceados para atender plenamente a demanda nutricional das culturas. No caso dos fertilizantes minerais, as fórmulas existentes no mercado são variadas e adequadas para atender o requerimento nutricional das plantas, mas o uso conjunto dessas fontes de nutrientes com os adubos ou resíduos orgânicos pode aumentar a eficiência de uso dos nutrientes presentes nos fertilizantes minerais.

Para a planta é indiferente se o nutriente é oriundo de fonte orgânica ou mineral, pois elas utilizam o nutriente das duas fontes com eficiência similar, partindo-se da premissa de que o nutriente se encontra na forma prontamente disponível.

Para o ambiente, é salutar que os resíduos sejam reciclados e utilizados de modo seguro na agricultura, o que acontece quando eles são agregados às fórmulas de adubos organominerais.

As folhosas respondem à técnica com maior produtividade - Créditosshutterstock
As folhosas respondem à técnica com maior produtividade – Créditosshutterstock

Os organominerais

Os fertilizantes organominerais (FOMs) têm em sua matriz matrizes orgânicas misturadas com fontes minerais de nutrientes, como MAP, DAP, KCl, nitrato de amônio, sulfato de amônio etc. De fato, a possibilidade de combinações de fontes orgânicas com minerais de nutrientes é vasta no País, de modo que mesmo rochas de baixo valor agronômico contendo P e K, se adequadamente compostadas com resíduos orgânicos, podem se tornar fontes eficazes de nutrientes às culturas.

O uso seguro dos FOMs pressupõe atender as normas de fabricação, embalagem, distribuição, garantia mínima de nutrientes e de eficiência agronômica ditadas pelo órgão regulador, no caso o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Nos FOMs estabilizados estão presentes compostos orgânicos que podem estimular o crescimento de raízes, a absorção de nutrientes e reduzir a fixação de fósforo pelas partículas do solo. Para as folhosas e outras culturas, os FOMs adquirem importância pelas funções já mencionadas.

Além disso, em situações de forte queda ou de elevação brusca no pH do meio de cultivo, torna-se interessante que o nutriente suprido às plantas seja acompanhado de uma matriz orgânica capaz de, localmente, tamponar a acidez, para minimizar a precipitação ou evitar que o nutriente se torne indisponível às culturas no meio de cultivo.

Foto 05

Matriz orgânica

Como há, para algumas culturas, contato direto do adubo com as folhas e produtos colhidos, é condição básica que o FOM tenha a sua matriz orgânica estabilizada por meio de compostagem adequada e cura completa da matriz humificada do fertilizante, e que o adubo seja isento de patógenos e de outros organismos que podem causar doenças ao homem e animais.

O uso seguro de adubos, em geral, certamente ocorrerá se a legislação pertinente aos adubos orgânicos e organominerais for obedecida. Mesmo assim, para o uso correto, é preciso verificar, junto com técnico habilitado, se o uso do FOM é permitido pela legislação para adubação da cultura que se pretende implantar.

O sucesso do uso dos FOMs será maior se forem atendidos todos os critérios que norteiam o uso eficiente de fertilizantes na adubação das lavouras. Isso inclui avaliar corretamente a disponibilidade de nutrientes no solo, por meio de análises de solo e foliar, verificar o requerimento nutricional da cultura que será adubada, inclusive a produtividade esperada e as fases de maior demanda nutricional, e observar as garantias de nutrientes que constam na embalagem do FOM.

Essa matéria completa você encontra na edição de maio 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

 

 

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