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Fertirrigação eleva rendimentos e qualidade do feijão

Patrícia Angélica Alves Marques

Doutora e professora do EI/Departamento de Engenharia de Biossistemas, ESALQ, Universidade de São Paulo

paamarques@usp.br

Maria Alejandra Moreno Pizani

Engenheira agrícola, doutoranda em PPGSA, ESALQ-USP e professora da Facultad de Agronomia, UCV, Maracay, Venezuela

Asdrúbal JesúsFarías Ramírez

Engenheiro agrônomo, doutorando em PPGSA, ESALQ-USP e professor da Facultad de Agronomia, UCV, Maracay, Venezuela

 

 

Crédito Luize Hess
Crédito Luize Hess

O Brasil já foi uns dos maiores produtores de feijão no mundo, com média anual de 3,5 milhões de toneladas na safra 2009/10. A área cultivada com essa cultura no Brasil é de aproximadamente um milhão de hectares, dos quais cerca de 90% estão situados na região nordeste.

Mas, na safra de feijão em 2016 houve uma quebra na produção de aproximadamente 450 mil toneladas devido a condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento de pragas e doenças, e desfavoráveis à cultura pela falta ou excesso de água em períodos críticos de desenvolvimento das plantas.

Realizado em condições de pouca tecnologia no campo, o cultivo do feijão geralmente encontra o déficit hídrico como a variável ambiental mais importante, que afeta o desenvolvimento da lavoura, influenciando nos processos morfofisiológicos e bioquímicos importantes, como a fotossíntese e o metabolismo dos carboidratos.

Diversos estudos avaliaram a tolerância ao estresse de água em cultivares comerciais, em que o rendimento de grãos foi reduzido em aproximadamente 50%. O grupo comercial preto e algumas linhagens do grupo carioca se apresentaram como tolerantes à seca.

Pesquisadores recomendam utilizar metodologias de avaliação do déficit hídrico reidratando os cultivares durante as avaliações, visando contrastar as características agronômicas e fisiológicas, identificando as variedades com capacidade de sobrevivência e produção econômica num cenário de produção agrícola com restrição dos recursos hídricos.

Esses dados reforçam a necessidade de estudos direcionados ao manejo do déficit hídrico, incorporando a crescente utilização de tecnologias de manejo de fertirrigação, visando definir com maior precisão as recomendações para cada região de cultivo.

 A fertirrigação reduz as perdas dos fertilizantes por lixiviação - Crédito SXC
A fertirrigação reduz as perdas dos fertilizantes por lixiviação – Crédito SXC

A fertirrigação

Entende-se por fertirrigação a aplicação de fertilizantes necessários às culturas por meio da água de irrigação utilizando a própria estrutura do sistema de irrigação e produtos solúveis em água. Seu uso é conhecido desde tempos antigos.

Para a realização da fertirrigação são necessários o sistema de irrigação, o sistema de injeção de fertilizantes; a válvula de retenção para prevenir o refluxo dos produtos químicos (fertilizantes) para a fonte de água ou depósito e o manômetro para controle da pressão.

Todo sistema de injeção de fertilizante requer um reservatório para dissolução e um sistema de agitação, os quais devem ser resistentes à corrosão causada pelos fertilizantes, e o volume mínimo do reservatório deve ser suficiente para a realização da fertirrigação de uma unidade, sem a necessidade de reabastecimento.

A fertirrigação aumenta a qualidade do feijão - Crédito IAC
A fertirrigação aumenta a qualidade do feijão – Crédito IAC

Manejo

Existem diferentes formas de aplicação de fertilizantes via água de irrigação (Quadro 1). Para decidir pela melhor, deve-se considerar o sistema de irrigação (vazão, frequência de irrigação e tempo de funcionamento da irrigação); a disponibilidade hídrica; a fonte de energia disponível para a injeção de fertilizantes (elétrica ou hidráulica) e a pressão disponível.

Os sistemas pressurizados são os mais indicados para fertirrigação, com destaque para a irrigação localizada, especialmente o gotejamento, devido à forma de aplicação de água pontual junto à zona radicular. Para a cultura do feijão são mais utilizados os sistemas de aspersão convencional e pivô central.

Quadro 1 – Comparação dos diversos métodos de injeção de produtos químicos

Injetor Vantagem Desvantagem
Bomba centrífuga
Pressão positiva “˜recalque’ Baixo custo. Pode ser calibrada durante o funcionamento. Calibração depende da pressão do sistema. Baixo controle do produto injetado. Alto custo.
Dosadora “˜Piston’ Alta precisão e pressão de trabalho. Alto custo.
Pressão negativa “˜Sucção’ Baixo custo. Pode ser calibrada durante o funcionamento. Injeção do produto depende da bomba do sistema. Possibilidade de corroê-la e poluir o manancial. Baixo controle de qualidade do produto injetado.
Diferencial de pressão “˜Peças especiais’
Venturi Médio custo. Fácil uso, movido pela energia d’água do sistema de calibração possível durante a operação. Cria zona de baixa pressão no sistema. Calibração depende do nível do produto no depósito.
Vaquinha Baixo custo. Composto, robusto, fácil uso, portátil. Fabricação em simples oficina. Movido pela energia d’água do sistema. Controle relativo da quantidade do produto injetado.
Combinado/composto “˜gravitacional, bomba principal e auxiliar’ Médio custo. Movido pela energia d´água do sistema (principal e auxiliar) e gravitacional. Controle relativo da quantidade de produto injetado. Frágil.
Gravidade/superfície
Carga constante e variável Baixo custo. Baixo controle da quantidade do produto injetado. Controle adequado da quantidade de produto injetado.
Orifício Baixo custo. Controle adequado da quantidade do produto injetado.

Fonte: (Pinto, 2011) https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/160094/1/OPB1871.pdf

A fertirrigação aumenta a produtividade do feijoeiro - Crédito Miriam Lins
A fertirrigação aumenta a produtividade do feijoeiro – Crédito Miriam Lins

Inovações

No Estado de São Paulo há relatos de pesquisadores e produtores de feijão que instalaram um projeto-piloto de fertirrigação por gotejamento com economia de 50% do uso do fertilizante quando comparado ao sistema tradicional.

Os produtores que cultivam feijão de sequeiro não conseguem plantar em junho, julho, agosto e até meados de setembro, pois são meses secos e não ocorre precipitação na região.

Mas os que trabalham com irrigação plantam nesses meses e colhem entre outubro e novembro, quando a oferta está baixa no mercado, conseguindo melhor cotação.

No Centro-Oeste do País o cultivo de feijão irrigado sob pivô central já é bastante utilizado. Pesquisadores da Embrapa divulgam como novidade o cultivo do feijão irrigado sob pivô a baixas altitudes e latitudes obtendo um ciclo bem mais curto, de 65 dias, diferente dos tradicionais 90 dias.

São recomendadas as regiões do Estado do Tocantins, algumas regiões de Minas Gerais, da Bahia e do Amazonas e os Estados do Piauí e Maranhão.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de setembro 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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