Francisco José Domingues Neto
Engenheiro agrônomo, doutorando em Horticultura/Unesp-Botucatu (SP)
Adilson Pimentel Junior
Engenheiro agrônomo, mestrando em Horticultura/Unesp-Botucatu (SP)
Os filmes plásticos específicos para cobertura de videiras se caracterizam por apresentarem alta transmissão e difusão de luz, o que é essencial ao desenvolvimento das uvas.
Com o surgimento da indústria petroquÃmica, nos anos de 1930, o plástico tornou-se um importante material de uso em diversos setores. Na agricultura, o uso de filmes plásticos passou a ser uma nova ferramenta para o sistema de produção vegetal, e recentemente vem se destacando no cultivo de uvas, tanto daquelas destinadas à elaboração de suco e vinho como para mesa.
Influência no cultivo
Na viticultura, o filme plástico exerce influências diretas no microclima, bem como na fisiologia e produção das plantas, e ainda na qualidade dos frutos. Seu uso confere proteção das folhas e cachos contra ventos fortes e chuvas de granizo e minimiza as perdas ocasionadas por doenças, como o míldio e podridões dos cachos.
Outras vantagens de seu uso são a resistência aos raios ultravioletas e a alta transmissão de luz, extremamente importante para as videiras, já que grande parte dessa energia é necessária para o desenvolvimento vegetativo, formação e enchimento das bagas, bem como para a cor e concentração de açúcares.
Opções
Atualmente, são disponibilizados dois tipos de plásticos agrícolas para a cobertura do parreiral, sendo o tecido plástico impermeabilizado e o plástico liso extrusado. Ambos são compostos de polietileno, sendo que o tecido plástico apresenta maior resistência de tração.
Os filmes plásticos podem ser aditivados para que, em condições de campo, possam durar mais e adquirir maior resistência. Dentre os aditivos empregados destacam-se os de proteção contra raios ultravioletas (anti-UV), para que o plástico não resseque pela ação dos raios solares, e outro aditivo para romper a tensão superficial da água (antigotejamento), impedindo que a água de orvalho condensada na parte interna da cobertura goteje sobre as plantas.
Um fator limitante na vida útil do plástico é a oxidação catalÃtica de metais presentes nas formulações de fungicidas (cobre e zinco), nas estruturas de sustentação (ferro) e de elementos na formulação de alguns defensivos agrícolas (enxofre, manganês e fósforo), que os tornam opacos e quebradiços.
Produtividade
Com o uso do filme plástico, as videiras podem expressar o seu máximo potencial produtivo, podendo apresentar ganhos de produtividade de mais de 100% em relação ao sistema convencional (sem uso de filme plástico). Isso ocorre pelo fato do filme plástico proteger contra a chuva incidente durante o período de florescimento, impedindo assim o abortamento dos frutos, e também pela fotosseletividade, que transmite maior quantidade de radiação, permitindo o maior desenvolvimento vegetativo e maior peso dos cachos, além de elevar os teores de sólidos solúveis (ºBrix) e melhorar as características organolépticas dos frutos.
Mais vantagens
Além do aspecto de ganho direto em produtividade pelas plantas, há uma considerável economia do uso de defensivos agrícolas (até 80%). Em vinhedos sem uso do filme plástico, faz-se uma média de 80 pulverizações anuais para o controle de doenças, ao passo que com o uso do filme plástico essas pulverizações reduzem para menos de 15.
Manejo
A implantação de filmes plásticos no parreiral pode ser feita em áreas já implantadas, independente do sistema de sustentação: ramos horizontais (latada), verticais (espaldeira) ou ramos oblÃquos ao caule (sistema em “Y“).
A adaptação estrutural é comum em diversas áreas, sendo que o sistema protegido pode ser contÃnuo ou descontÃnuo. O contÃnuo trata-se de áreas totalmente cobertas com filmes plásticos, e o descontÃnuo consiste na cobertura apenas das linhas de plantio, sendo as entrelinhas descobertas. O formato pode ser de capela (“V“ invertido) ou em arcos.
Grande parte do material empregado na sustentação das videiras é a madeira, um material que confere atrito com o plástico, resultando em pontos de rasgos e a degradação precoce das coberturas, bem como ocorre com os arcos de PVC que vêm a quebrar com ventos fortes.