Autores
Vitor Muller Anunciato
vitor.muller@gmail.com
Roque de Carvalho Dias
roquediasagro@gmail.com
Engenheiros agrônomos, mestres em Proteção de Plantas e doutorandos em Agronomia – UNESP/FCA
Leandro Bianchi
Engenheiro agrônomo, mestre em Produção Vegetal e doutorando em Agronomia – UNESP/FCA
leandro_bianchii@hotmail.com
Ronaldo Machado Junior
Engenheiro agrônomo, mestre em Fitotecnia e doutorando em Genética e Melhoramento – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
ronaldo.juniior@ufv.br
Os fosfitos são fertilizantes que possuem base no fósforo, sendo obtido pelo ácido fosforoso (H3PO3). Por sua característica ácida, ele é altamente solúvel e facilmente absorvido pelas plantas. O fosfito é originado do fungicida etil-fosfonato, encontrado no mercado com vários nomes e em diferentes formulações, podendo ser formulado em associação a vários sais, como os de potássio, manganês, cobre, boro ou zinco.
As ações do fosfito para combater as doenças da cebola são por duas vias – a primeira é a ação direta, ou seja, ação fungicida, causando morte ou inibição do crescimento micelial, a formação de esporângios e a diminuição da liberação de zoósporos, com eficiência em controlar doenças do grupo dos Oomicetos, Peronospora destructor (míldio), um dos principais patógenos da cultura da cebola.
A segunda via de ação é a indireta, e se dá a partir da própria nutrição da planta, uma vez que bem nutrida a planta fica mais resistente a ataques de patógenos e possui também uma estimulação da produção de compostos defensivos que a própria planta produz – as fitoalexinas (substâncias químicas naturais de defesa), sendo capazes de contribuir efetivamente para o controle de patógenos.
Ação do fosfito
Os fosfitos podem ser empregados durante todo o desenvolvimento fisiológico das plantas, tratamento de sementes, crescimento vegetativo, floração e frutificação. No mais, é um excelente produto quando se aplica em associação a fungicidas protetores, auxiliando no controle de enfermidades fúngicas e bacterianas.
Uma vez aplicado o fosfito nos cultivos, a absorção é da ordem de 90 a 98%, entre 03 a 20 horas após a aplicação, condição favorecida quando as plantas se encontram em estado de turgidez, ou seja, após chuva ou irrigação, não sendo favorável quando a planta está sob estresse hídrico.
Culturas beneficiadas
Todas as culturas podem ser beneficiadas pelo uso adequado dos fosfitos, principalmente cultivos que são manejados de forma orgânica, uma vez que os produtos que podem ser utilizados neste tipo de agricultura são bem limitados.
Mas ele é principalmente utilizado em cebola, milho, uva, batata, algodão, soja e frutíferas. A dose varia de cultura para cultura, e pode apresentar fitotoxicidade se ultrapassar o recomendado.
Manejo
Atualmente, no mercado, o fosfito é comercializado na forma de Fosety-Al (etil fosfonato), podendo também ser encontrado na forma de sal de potássio, manganês, cobre, zinco, etc. Por serem rapidamente absorvidos e translocados pelas plantas, esses produtos podem ser aplicados via foliar, fetirrigação, pincelamento ou ainda por imersão, dependendo da espécie vegetal.
Na cebola, geralmente utiliza-se via foliar, com aplicações semanais a partir dos 20 dias após emergência, sendo que a quantidade pode variar, dependendo do produto comercial utilizado.
Resultados em campo
Além de atuar diretamente contra patógenos, os fosfitos atuam como indutores de resistência nas plantas, intensificando a produção da enzima fenilalalnina-amônio-lipase (PAL), que participa da formação de ácido salicílico, o qual é responsável pela produção de uma série de proteínas de resistência, auxiliando o hospedeiro contra o ataque de patógenos e pragas. Todos esses aspectos podem acabar refletindo na produtividade.
Existem poucos trabalhos demonstrando os resultados com aplicação de fosfito na produtividade de cebola. Mas, sabe-se que a aplicação é capaz de reduzir a severidade do míldio em 23%. Em contrapartida, não ocasionou o aumento do rendimento total e comercial de bulbos.
Em outro trabalho, relacionado à adubação orgânica e química para a formação de mudas de cebola, a aplicação de fosfito auxiliou na redução da severidade de Botrytis squamosa (mancha acinzentada) e melhorou a qualidade das mudas, sendo isso primordial para obter sucesso em uma lavoura.
Mais trabalhos precisam ser desenvolvidos, relacionados ao desempenho destas mudas em campo e à aplicação deste produto, com ganhos de produtividade.
Desafios
O erro mais comum na utilização dos fosfitos é a aplicação de doses elevadas do mesmo, ultrapassando a recomendada em bula. Outro problema associado à utilização dos fosfitos em agricultura convencional é utilizar o fosfito como um fungicida e não como complemento à proteção de cultivos, uma vez que este produto é um fertilizante foliar e não fungicida, mesmo que estudos comprovem que seu resultado é bastante eficaz no controle e prevenção de certos patógenos.
Para evitar erros, é importante sempre consultar um técnico antes da aplicação; escolher o produto e a dosagem correta; e ter cuidados no momento da aplicação. A escolha de um fosfito de qualidade é fundamental, e deve ser realizada da mesma maneira que para os demais insumos.
É importante, ainda, adquirir o produto de empresa idônea, que seja comprado de forma legal perante as leis nacionais, pois eles passam por testes que garantem sua eficiência.
Deve-se ressaltar que, além da qualidade do fosfito, os equívocos da aplicação e eficácia estão relacionados com fatores externos (clima, solo, relevo, entre outros) e/ou internos (genética) da planta, e podem ser prevenidos com o auxílio de um profissional capacitado.
Custo x benefício
O frasco de 1,0 L de produto comercial pode chegar a custar em torno R$ 30,00 a R$ 60,00. Existem embalagens maiores que podem reduzir o custo inicial do produto. É um investimento baixo em relação aos demais e de grande eficiência, pois ao nutrir a lavoura o produtor estará realizando um controle preventivo contra diversos patógenos.
O custo-benefício dos fosfitos é bastante positivo, pois são uma fonte nutricional bastante concentrada, ajudam na fisiologia da planta, uma vez que o fósforo presente atua na formação de compostos de suma importância para o ciclo da cultura, como os ácidos nucleicos (DNA e RNA), polímeros de nucleotídeos, ésteres e também o fósforo inorgânico.
Além da fonte nutricional, a utilização dos fosfitos auxilia na sanidade dos cultivos em conjunto com outras técnicas de proteção de cultivos, viabilizando o manejo de doenças de difícil controle.
O custo-benefício desta prática é bastante viável, pois o que o produtor aplicar a sua lavoura irá colher no futuro, obtendo frutos mais vistosos, com maior massa de matéria seca, melhorando a qualidade dos bulbos e representando uma maior rentabilidade da área de cultivo.