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Douglas José Marques
Professor de Olericultura e Melhoramento Vegetal ““ UNIFENAS
Mariana Ferreira Dias
Belchior de Souza Costa
Alunos de agronomia da UNIFENAS
O estresse biótico constitui uma das principais causas da redução da produtividade das lavouras de várias espécies agrícolas. Em muitos casos, pode ocorrer redução de até 100% no rendimento. É muito grande o espectro de estresse biótico que pode prejudicar a produção de alimentos. Por exemplo, considerando a cultura do feijoeiro, Vieira (1983) cita mais 45 vírus, bactérias, fungos e nematoides que podem reduzir a produtividade.
Os patógenos podem apresentar raças fisiológicas ou estirpes. Isso constitui uma complicação, pois os cultivares podem ser resistentes a certas raças e suscetÃveis a outras. Assim, surgindo uma nova raça, cultivares resistentes podem se mostrar suscetÃveis.
Evidências históricas mostram que os estresses bióticos ocorrem, com maior ou menor intensidade, em praticamente todas as áreas agrícolas do Brasil. Adicionalmente, com as mudanças climáticas, os desafios bióticos para a produção de alimentos têm gerado grande preocupação, em especial na agricultura tropical.
Prejuízos
A Tabela 1 apresenta algumas estimativas de redução na produtividade do feijoeiro, causada por diversos patógenos. Essas estimativas ilustram a importância econômica das doenças, especialmente quando se consideram grandes áreas de plantio.
Também é muito grande o número de insetos-praga que podem prejudicar as culturas, incluindo aquelas que atacam as plantas em início de desenvolvimento, ou que se alimentam das folhas, ou, ainda, que atacam vagens, raízes ou grãos armazenados.
Tabela 1. Estimativas de redução da produtividade na cultura do feijoeiro, em virtude da ocorrência de diversas espécies de patógenos.
Agente Etiológico |
Redução de Produtividade (%) |
Referência |
Colletotrichum lindemuthianum |
55 |
Vieira (1964) |
Meloidogyne sp |
67 |
Freire e Ferraz (1997) |
Phaeoisariopsis |
1-41 |
Santos Filho et al. (1978) |
Uromycesphaseoli var. |
21-42 |
Nasser (1976) |
Vírus do mosaico-dourado |
43-73 |
Almeida et al. (1979) |
Vírus do mosaico-dourado |
100 |
Caner et al. (1981) |
Fonte: Borém; Fritshe-Neto (2012)
Redução do estresse biótico
A pesquisa já tem relatado que o fosfito é considerado como um agente indutor de resistência a doenças nas plantas às doenças foliares contra diferentes patógenos. Os fosfitos são compostos originados da neutralização do ácido fosforoso (H3PO3) por uma base (hidróxido de sódio, hidróxido de potássio ou hidróxido de amônio). Esses compostos não são fitotóxicos e possuem elevada atividade fungicida.
Atualmente, existem no mercado diversas formulações à base de fosfito, cuja utilização na agricultura tem se intensificado nos últimos anos.
Quando e quanto aplicar
Aplicar o produto nas horas com temperatura mais amenas; evitar aplicação com temperatura elevada, em dias muito frios e em dias chuvosos ou com previsão de chuva, é essencial. Deve-se ficar atento à mistura com produtos que contenham estanho, calda sulfocálcica, óleo mineral, cobre, dimetoato, dicofol e produtos de reação alcalina.
As doses recomendadas variam em função da aplicação e da fonte de fosfito, mas geralmente fica entre 1 a 2 L ha-1 aos 15 dias após a germinação, aplicação que deve ser repetida no pré-florescimento.
Custo
Geralmente, o custo de aplicação vai depender da região, ficando em torno de R$ 20 a R$ 40 por tratamento.
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