Nilva Terezinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, BioquÃmica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (UniPinhal)
O cedro australiano (Toonaciliata M. Roem) é originário da Índia, Malásia e do Norte da Austrália. A espécie possui similaridade botânica com o cedro nativo (Cedrelafissilis e C. odorata), árvores das mais conhecidas da Mata Atlântica brasileira.
O cedro australiano é de grande porte, atingindo 20m de altura e 1,20 m de circunferência nos plantios encontrados no Brasil, onde é plantado. Tem casca grossa dura, de coloração cinza a marrom, com manchas de lÃquens.
Desenvolve-se em áreas com precipitação anual de 1.100mm, mas, para maior produtividade necessita de bom abastecimento de água. Entretanto, não tolera longos períodos de encharcarmento, o que retarda seu desenvolvimento.
A temperatura ótima para os povoamentos fica em torno de 20 a 26ºC, sendo tolerante a baixas temperaturas, mas não a geadas. A variação de altitude para o plantio é alta, sendo possível o estabelecimento da cultura em baixas e elevadas altitudes, com até 1.700m, com redução na velocidade de crescimento em altitudes mais acentuadas.
Versatilidade
É uma espécie de múltipla utilização. A madeira é de boa qualidade e tem grande aceitação para a fabricação de móveis e acabamentos em construção civil. É largamente empregada nas obras de entalhe e esculturas, em portas e janelas, na construção naval e aeronáutica, para confecção de lápis, instrumentos musicais, entre outras aplicações.
Em alguns lugares, as flores são usadas como corantes, e na Índia como forragem para o gado bovino. Ainda, da madeira do cedro extrai-se óleo essencial, com perfume semelhante ao cedro-do-lÃbano.
O chá das cascas do cedro é utilizado, na medicina popular, como tônico fortificante, adstringente, febrÃfugo, no combate aos desarranjos intestinais e artrite. Esta essência também é promissora para a recuperação de solos contaminados por metais pesados.
Pode ser empregada em projetos paisagÃsticos e arborização urbana e para recuperação florestal de áreas degradadas e de matas ciliares, onde não ocorrem inundações.Trata-se, assim, de uma espécie de múltiplo uso, o que reforça a sua importância econômica.
Fitossanidade
Ainda não foramcientificamente descritas doenças que incidam sobre o cedro-australiano. Porém, no cedro nativo tem ocorrido as manchas das algas, que por se restringir às folhas velhas é irrelevante,e a mancha-de-phyllachora.
A mancha-de-phyllachora,causada pelo fungo Phyllachorabalansae (Speg.), ataca em primeiro lugar as folhas. Com o passar do tempo o fungo pode atingira planta toda, desfolhando-a totalmente.
O controle pode ser feito pela retirada das partes atacadas e o emprego de fungicidas. Imediatamente após a desfolha, a solução é a pulverização das plantas com a associação fungicida piraclostrobina + epoxiconazol, acrescido deespalhanteadesivo.
Porém, esses fungicidas não são liberados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a cultura, o que reforça a necessidade de tornar as plantas mais resistentes. Uma das opções pode ser o emprego dos fosfitos.
Os fosfitos
Fosfitos nada mais são do quesais de ácido fosforoso (H3PO3). Há fosfitos de potássio, cobre, zinco, manganês, entre outros. O Ãon formado tem aproximadamente 7,0% a mais fósforo disponível quando comparado aos íons do ácido fosfórico, sendo que ainda são altamente solúveis em água e absorvidos muito rapidamente e em maior quantidade por raízes e folhas.
Entretanto, os poucos estudos sobre o uso de fosfito comofertilizante comprovaram que as plantas absorvem,mas não aproveitam o fósforo do fosfito como nutriente, o fazendo apenas na forma de fosfatos (monoácido ou biácido).
Sabe-se, ainda, que os vegetais têm muita dificuldade em transformar tal formaem fosfatoe assim ser aproveitado pelas culturas (é necessária a oxidação para transformar ofosfito em fosfato, e não há enzimas nos vegetais que façam tal reação).
Participação ativa
Em condições de deficiência de fósforo, a introdução do fosfito tem efeito depressivo no desenvolvimento das plantas. A explicação provável é que a presença do fosfito inibe a expressão de genes que tentam promover, no vegetal, a superação do estresse causado pela carência de tal nutriente. O mesmo não ocorre em plantas bem nutridas: inclusive oefeito é o inverso.
Mas, o Ãon fosfito participa ativamente da fisiologia vegetal, conferindo às plantas maior resistência àsdoenças e pragas. Sabe-se que o fosfito pode ser auxiliar no controle de diversas doenças, como as causadas pelos fungosPytophthorasp, Fusariumsp, Oidiumspe Phytiumspe debactérias dos géneros Pseudomonas, Ralstonia, Erwinia eXanthomonas.