Leysimar Ribeiro Pitzr Guimarães
Engenheira agrônoma e doutora em Proteção de Plantas – UNESP
Carlos Antonio dos Santos
Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia – UFRRJ
Margarida Goréte Ferreira do Carmo
Engenheira agrônoma, doutora em Fitopatologia e professora – UFRRJ
No Brasil, o tomateiro é cultivado praticamente em todos os Estados, destacando-se as regiões sudeste e centro-oeste. Apesar de todo potencial que a cultura apresenta, ela ainda exige muitos cuidados, uma vez que está sujeita a uma grande quantidade de doenças e pragas, exigindo intenso manejo desde o plantio até a colheita.
As viroses vêm se destacando como um dos maiores problemas para a tomaticultura na atualidade. Isso se deve, principalmente, às dificuldades em seu controle e à facilidade de sua disseminação, seja por meio de insetos vetores, material propagativo contaminado e até mesmo em operações de manejo e tratos culturais, como amarrios e podas. Os danos causados são de grande dimensão, podendo levar à perda total da produção.
Viroses
Dentre as principais viroses que atacam a cultura do tomateiro, atualmente, destacam-se as causadas por vírus dos gêneros Tospovirus, Begomovirus (também conhecido como geminivirus) e Crinivirus. Outras espécies pertencentes aos gêneros Potyvirus, CucumoviruseTobamovirus também afetam a cultura.
Sintomas
Os Tospovirus, também conhecidos como “vira-cabeça do tomateiro“, é uma doença de ocorrência generalizada nas principais regiões produtoras do Brasil. As espécies (Tomatospottedwiltvirus ““ TSWV; Groundnutringspotvirus ““ GRSV; Tomatochlorosis spot virus ““ TCSV; Chrysantemumstemnecrosisvirus ““ TSNV), são as mais encontradas.
No entanto, só é possível diferenciá-las por meio de ferramentas moleculares e ou sorológicas. Essas espécies são as de maior importância pela severidade da doença e pelos danos que causam.
Transmissão
A doença é transmitida por espécies da ordem Thysanoptera, conhecidos popularmente como tripes. Os sintomas podem variar em função da espécie do vírus, o estágio de desenvolvimento da planta e de acordo com a cultivar.
De modo geral, observam-se alterações como curvamento e necrose do ápice da planta, seguidas de morte da planta, redução do limbo foliar e presença de anéis cloróticos e/ou necróticos além de bronzeamento ou arroxeamento das folhas. Os frutos podem apresentar manchas anelares cloróticas ou necróticas e anéis concêntricos.
As plantas afetadas podem apresentar drástica redução no desenvolvimento e quando a infecção ocorre nos estádios iniciais da cultura, os sintomas são mais severos e não há produção de frutos comercializáveis. Também é bastante frequente a infecção precoce resultar em morte da planta.
Dentre os diversos vírus do gênero Begomovirus a espécie Tomatosevererugosevirus (ToSRV) é uma predominante na região centro-sul brasileira, e transmitida de forma eficiente por Bemisiatabaci biótipo B (conhecida como mosca-branca).
Em geral, os sintomas popularmente conhecidos como mosaico dourado manifestam-se como clorose das nervuras a partir da base da folha, manchas cloróticas, rugosidade e enrolamento foliar, afetando o desenvolvimento e a produção de frutos.
Quando a infecção ocorre no início do desenvolvimento da cultura, as perdas podem ser totais e o controle é muito difícil, especialmente quando se tem alta população de mosca-branca no campo.
Alerta
Um outro gênero de grande importância e recentemente detectado no Brasil é o Crinivirus, com a espécie Tomatochlorosisvirus (ToCV), conhecida como vírus da clorose ou amarelão. Incidências de Begomovirus (ToSRV) eCrinivirus (ToCV) isoladamente e/ou em infecção mista em tomateiro têm sido relatadas.
O ToCV é o único vírus conhecido transmitido pelos dois gêneros de mosca-branca, Trialeurodes (T. abutiloneae T. vaporariorum) e por Bemisiatabaci biótipos A, B e Q. Os sintomas são clorose generalizada, enrolamento e espessamento foliar, iniciando pelas folhas baixeiras, podendo evoluir para toda a planta. Pode ocorrer menor desenvolvimento dos frutos, causando queda da produção.
Prevenção e controle
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Independente do modo de condução do tomateiro, quando infectado os danos causados por viroses são imensos. As medidas básicas de manejo das viroses são, em sua essência, preventivas, de forma integrada e direcionadas aos vírus, visando reduzir e ou evitar a introdução da doença na área de produção.
As medidas preventivas assumem especial importância pela inexistência de medidas curativas de controle, ou seja, após a infecção das plantas. Dentre as medidas mais importantes e eficientes estão: 1) o uso de cultivares resistentes; 2) a aquisição de sementes de qualidade e livres de infecção; 3) o plantio de mudas sadias; 4) o controle de insetos vetores; 5) rotação de culturas com espécie não hospedeiras; 6) eliminação de plantas sintomáticas (roguing); 7) destruição de restos culturais; 8) manejo de plantas daninhas que podem ser hospedeiras alternativas; 9) não escalonamento do plantio de tomate ao longo do tempo e 10) escolha da época de plantio, dentre outras.
O controle de Tospovirus com base no combate ao vetor, os tripes, é bastante difícil, uma vez que a transmissão se dá de forma persistente, circulativa e propagativa, ou seja, ó vírus multiplica-se dentro o corpo do inseto.
O inseto apresenta a capacidade de migrar a longas distâncias e transmitir a doença rapidamente e de se estabelecer em diversas hospedeiras. Em regiões de grande incidência da doença o controle químico é realizado de forma preventiva, com o uso de inseticidas sistêmicos via pulverizações nas mudas antes do transplantio e durante a fase vegetativa.