Juliano Burko
Graduando em Agronomia – Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro)
Fabiano Pacentchuk
Engenheiro agrônomo, mestre em Produção Vegetal e doutorando em Agronomia ““ Unicentro
Criz Renê Zanovello
Engenheiro mecânico, mestrando em Produção Vegetal ““ Unicentro
Itacir Eloi Sandini
Engenheiro agrônomo, doutor e professor de Agronomia ““ Unicentro
A utilização de milho híbrido se destaca como uma das tecnologiasde maior aceite pelo produtor.Atualmente, aproximadamente 90% do milho cultivado sãoprovenientes de sementes híbridase o restante é representado por milho variedade. A utilização dos híbridos proporciona uma série de benefícios, dentre eles a maior produtividade e uniformidade de produção.
Outroaspecto que deve ser considerado atualmente na escolha de um hibrido é seu ciclo, devido, principalmente,Ã crescente intensidade de semeadura do milho segunda safra.
No passado, o setor produtivo brasileiro concentrava a produção de milho na primeira safra ou safra de verão, o que pode ser evidenciado na safra 1990/91,quando 94% do milho cultivado eram na safra de verão, e o restante (6%)eram utilizados na segunda safra.
Atualmente, o cenário é completamente diferente, sendo que31% do milho cultivado são primeira safra, e o restante (69%) é segunda safra (Conab, 2017). Essa mudança na participação das safras foi possível graças ao avanço tecnológico e a ajustes nos períodos de cultivo.
Ciclos
O crescente aumento da semeadura de milho segunda safra se deve a diferentes fatores, dentre eles a disponibilidade, no mercado, de híbridos com ciclos reduzidos. Os ciclos dos híbridos podem ser determinados levando em consideração o número de dias da semeadura até o pendoamento, maturação fisiológica ou ainda até a colheita. Desta forma, os híbridos podem ser classificados como superprecoces, precoces, médios e tardios.
A classificação dos híbridos levava em consideração o tempo que cada híbrido necessitava para atingir o florescimento. Neste aspecto, a temperatura é um dos fatores que mais influencia no ciclo de um híbrido para chegar nesse estádio. O acúmulo de temperatura é transformado em graus/dia para o florescimento (GDF), o qual é calculado com base na somatória da temperatura média de cada dia menos a temperatura basal da cultura (milho 10°C).
Os híbridos que são considerados superprecoces apresentavam florescimento com um acúmulo menor que 780 GDF, os precoces com florescimento entre 781 e 830 GDF, os médios e intermediários entre 831 a 900 GDF, e os tardios apresentam acúmulo superior a 901 GDF. Essas exigências calóricas se referem ao cumprimento das fases fenológicas compreendidas entre a emergência e o início da polinização (Embrapa, 2010).
Classificação
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a partir da safra 2009/10, implementou uma nova classificação dos híbridos precoces baseado nos dias que estes levam para a maturação, dividindo em três grupos homogêneos, sendo eles: Grupo I (n < 110 dias); Grupo II (n maior ou igual a 110 dias e menor ou igual a 145 dias); e Grupo III (n > 145 dias), onde (n) expressa o número de dias da emergência à maturação fisiológica.
A maior parte das sementes utilizadas hoje são híbridos precoces (72,5%). Os híbridos superprecoces representam 24% das sementes utilizadas, os quais são preferidos em semeaduras tardias de milho segunda safra na região sul do Brasil (para evitar as geadas), em algumas regiões do nordeste que apresentam o período chuvoso reduzido e concentrado são utilizados também em agriculturas irrigadas, onde se tem a necessidade de realizar a colheita para a liberação da área para outra cultura (Esalq, 2015).
Estabilidade
Devido à grande variabilidade climática do período de produção do milho segunda safra, tem se dado atenção especial à estabilidade de produção dos materiais genéticos recomendados.
Dessa forma, são recomendados híbridos de ciclos precoces e superprecoces para escapar de condições de geadas, a exemploda região sul, sudeste e até Mato Grosso do Sul.
As cultivares superprecoces são recomendadas em condições que apresentem chuvas escassas a partir de maio, especialmente na região centro-oeste brasileira e também para a região sul, como no Paraná, onde a probabilidade de geada é elevada (Cruz, 2010).
Em regiões onde se tem a transição climática entre inverno seco e úmido, baixa probabilidade de ocorrência de geadas, deficiência hÃdrica frequente e com atendimento hídrico satisfatório hídrico no mês de junho, as cultivares sobressaem em relação às super precoces.