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Inovações no cultivo de cebola: A hora chegou!

Autores

Claudinei Kurtz
Engenheiro agrônomo, doutor em Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas e pesquisador da Epagri/Estação Experimental de Ituporanga
kurtz@epagri.sc.gov.br
Daniel Rogério Schmitt
Engenheiro agrônomo, mestre, líder do Projeto de Horticultura e gerente regional da Epagri de Rio do Sul
danielschmitt@epagri.sc.gov.br
Crédito: Shutterstock

Como vem acontecendo em diversas culturas, a cebola também vem passando por muitas transformações pelo emprego de tecnologias inovadoras. Isso está possibilitando mudanças no sistema de produção, com alcances cada vez maiores na produtividade, qualidade da produção, resistência genética para pragas e doenças, melhorias na nutrição, irrigação e mecanização de diversas fases do sistema de produção.

Além do sistema de produção, têm ocorrido mudanças ligadas ao mercado onde a cebola embora seja uma hortaliça, está cada vez mais sujeita as regras de um mercado globalizado a exemplo das commodities em função da possibilidade de armazenagem da produção por alguns meses e avanços na área de mercado e logística internacional.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), a produção de cebola tem mantido crescimento gradativo e constante desde 2004. A produção mundial ultrapassou as 80 milhões de toneladas no ano de 2011, mantendo-se crescente atingindo 98,1 milhões em 2016 e estabilizando-se em 2017 com 97,9 milhões de toneladas.

Evolução

Neste período de 12 anos, houve um crescimento de 57% na produção total. Considerando um preço médio de U$$ 0,30 por kg, a produção mundial de cebola movimentou U$$ 29,36 bilhões em 2017. A área plantada mundialmente em 2017 foi de 5,2 milhões de hectares com uma produtividade média de 18,8 t/ha, valores muito baixos de rendimento considerando os tetos alcançados por alguns países como os EUA e Correia do Sul que superam 60 t/ha de média.

No entanto, a Índia. que se destaca com a maior área cultivada no planeta, teve rendimento médio de apenas 17,2 t/ha em 2017. Conforme dados da Epagri/Cepa, a distribuição continental da produção de cebola entre 2012 e 2016 ficou com a seguinte proporção: Oceania 3,9%, África 30,7%, Europa 13,5%, Américas 4,9% e Ásia com 46,9%. 

Segundo a FAO, destacaram-se como os principais países produtores em 2017 a China, Índia, EUA e Egito, que juntos representam por mais de 50% da produção mundial de cebola.

Mundo afora

No mercado mundial de cebola destacam-se como principais países exportadores a Índia, Holanda, China, México e Espanha, que juntos exportaram 6,25 milhões de toneladas em 2017, com valor movimentado de aproximadamente U$$ 30 bilhões.

Por outro lado, os principais países importadores são Malásia, EUA, Emirados Árabes, Rússia e Japão (FAO). O Brasil também é um importante importador de cebola. Em média, nos últimos 10 anos foram importadas 187 mil toneladas para atender a demanda interna desta hortaliça.

O Brasil está entre os 10 maiores produtores mundiais de cebola, com uma produção de 1.549.597 t na safra 2018, cultivadas numa área de 48.629 ha e rendimento médio de 31,95 t/ha. O valor bruto da produção neste ano está estimado em R$ 1,5 bilhões.

Tecnologias

Com as inovações tecnológicas dos últimos anos e a especialização dos cebolicultores brasileiros houve considerável melhora nos índices de desempenho produtivo da cultura, com ganhos importantes de produtividade.

Considerando as últimas seis safras no período de 2013 a 2018, houve um ganho de 19% na produtividade, passando de 26,81 em 2013 para 31,95 t/ha em 2018, representando um ganho médio superior a 3% ao ano.

No entanto, ainda são necessários avanços no aumento da produtividade para Estados como o Rio Grande do Sul e Paraná, onde a produtividade ficou próxima de 20 t/ha em 2018. Já em Estados como Minas Gerais e Goiás o rendimento médio supera 50 t/ha em função das condições de clima favoráveis e o maior nível de tecnologia empregado nas lavouras, como a adoção de cultivares híbridas que permitem altas populações de plantas, manejo adequado da irrigação e a adoção de ferramentas de gestão em produtores de maior porte.

Em destaque

As principais regiões produtoras de cebola no Brasil são o Sul (PR, RS, SC), Sudeste (SP, MG) e Nordeste (BA, PE). O sistema de produção de cebola é bastante distinto entre as principais regiões produtoras brasileiras. No Sul, principal região produtora de cebola, com mais de 50% da produção nacional, predomina a produção em pequenas propriedades, com áreas de até 10 hectares em sistema de transplante de mudas e emprego mão de obra familiar, com contratação esporádica para o plantio e colheita.

Nesta região, a maior parte da produção é armazenada e comercializada durante pelo menos cinco meses. Os custos de produção são menores do que nas demais regiões, ficando entre R$ 15.000,00 e R$ 25.000,00 por hectare.

Nos Estados do Sul as principais inovações e os maiores avanços estão relacionados aos tratos culturais, como manejo fitossanitário e mecanização da colheita.

Já nas regiões sudeste, centro-oeste (GO) e parte do nordeste (BA) os custos de produção são maiores, superando, em muitos casos R$ 50.000,00/ha, em função do maior nível tecnológico empregado com o uso de sementes híbridas, irrigação por pivô central (ou gotejamento na BA) e mecanização intensa. 

Manejo

Em relação às práticas de manejo dos sistemas de produção, o preparo do solo tem papel de grande importância, principalmente para os produtores que adotam sistema de semeadura direta em local definitivo.

Neste caso, o solo deve estar uniformemente preparado com a superfície livre de rugosidade para permitir uniformidade na distribuição e profundidade das sementes. Já no sistema de transplante de mudas a exigência neste quesito é menor, já que normalmente se faz um preparo mais restrito à linha de plantio.

Em ambos os sistemas se recomenda o manejo do solo com o plantio ou semeadura direta na palha, que apresenta uma série de vantagens, como o efetivo controle da erosão e a melhoria dos atributos de solo.

No Sul do Brasil, cerca de 2/3 das áreas de cultivo são implantadas com o transplante de mudas. Este sistema apresenta vantagens como a maior uniformidade no estande de plantas e no tamanho dos bulbos e possibilita menor quantidade de bulbos do tipo classe dois, o que favorece a comercialização e o retorno financeiro.

No entanto, tem como desvantagens o aumento de custos com mão de obra, além das dificuldades de contratação de pessoal, pela pouca disponibilidade. É necessário, então, trazer trabalhadores de outras regiões do Brasil para fazer o plantio, o que está acontecendo de forma crescente, principalmente em Santa Catarina.

Já o sistema de implantação por semeadura direta predomina nas demais regiões produtoras e é realizada por semeadoras modernas de alta precisão que facilitam a implantação e permitem a obtenção de estandes muito próximos do ideal.

Nutrição

O manejo das adubações com foco na nutrição equilibrada das plantas constitui uma prática de grande relevância para se obter altas produtividades, boa sanidade e qualidade final dos bulbos. Na recomendação de adubação é fundamental a realização de análise de solo.

Também se dispõe de outras ferramentas para auxiliar na tomada de decisões visando à melhoraria da nutrição, tais como a análise de tecido foliar e, atualmente, avaliações em tempo real de clorofila e de íons na seiva (nitrato e potássio).

Dependendo das condições de solo, clima, sistema de cultivo e cultivares adotadas variam as recomendações de adubação, mas, de um modo geral, para solos corrigidos e com teores médios a altos de NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), são aplicados entre 100 e 200 kg dos nutrientes NPK.

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