Waldir A. Marouelli
Marcos B. Braga
Pesquisadores da Embrapa Hortaliças
O estabelecimento de campos de produção a partir do transplante de mudas tem sido uma prática muito utilizada na produção de hortaliças. Para o sucesso da cultura é fundamental que sejam utilizadas mudas sadias e vigorosas, as quais podem ser adquiridas junto a produtores especializados ““ viveiristas ““ ou produzidas pelo próprio agricultor.
Enquanto a produção de mudas por viveiristas é feita exclusivamente em bandejas de isopor ou resina plástica com 128, 200 e 288 células ou mais, em condições de ambiente protegido a produção pelo próprio agricultor também pode ocorrer em copinhos ou em sementeiras ““ canteiros especialmente preparados para a produção de mudas.
Atualmente, o uso de bandejas é uma prática comum, mesmo entre agricultores que produzem as próprias mudas. O uso de sementeiras e de copinhos, que já foi bastante praticado nas últimas décadas, está hoje restrito a pequenos produtores rurais.
A irrigação
Independentemente de como as mudas são produzidas, as irrigações são geralmente realizadas por aspersão. Sistemas fixos por microaspersão são bastante usados, pois molham áreas menores e geram gotas pequenas.
Na produção em pequena escala, as regas podem ser feitas usando regador manual com crivo fino ou mangueira com difusor ou crivo fino na ponta. Em grandes viveiros as regas são geralmente realizadas utilizando sistemas automatizados por aspersão com barra irrigadora móvel, que se desloca com velocidade pré-estabelecida sobre as bandejas de mudas.
Independente do sistema usado, as gotas de água aplicadas sobre as mudas devem ser sempre de pequeno calibre, o que evita o arranquio, a exposição de sementes e os danos mecânicos às mudas.
Irrigação de sementeiras e copinhos
Embora terrenos com boa drenagem natural sejam recomendados para sementeiras, solos de textura grossa devem ser evitados. Por reterem pouca água, solos de textura grossa requerem irrigações muito frequentes, o que dificulta a produção de mudas de qualidade.
Tais solos também não devem ser utilizados para produção de mudas em copinhos. Para drenar o excesso de água e manter o solo sempre bem aerado, os copinhos devem ser perfurados.
Antes da semeadura, os canteiros devem ser irrigados o suficiente para elevar a umidade do solo até a capacidade de campo, numa profundidade de 20 a 30 cm. A lâmina de água a ser aplicada nessa primeira irrigação pode ser estimada na Tabela 1. No caso de copinhos, irrigar até o solo começar a drenar.
As demais irrigações devem ser leves e frequentes, procurando manter o solo próximo à capacidade de campo, para não prejudicar a germinação das sementes, a emergência de plantas e o desenvolvimento das mudas. Apesar de ser uma fase muito sensÃvel à deficiência de água, o excesso também é prejudicial, pois, dentre outros problemas, prejudica a troca gasosa no solo, e, consequentemente, a respiração das raízes, além de favorecer doenças de solo.
Da semeadura até uma a duas semanas após a emergência (período inicial), irrigar, em geral, duas vezes por dia, uma pela manhã e outra à tarde. Em condições de clima ameno e solos com alta retenção de água, uma rega diária no final da tarde pode ser suficiente.
Com o crescimento das raízes até as mudas estarem formadas (período final), irriga-se de forma mais espaçada ““ de 1 a 2 dias (Tabela 2). Copinhos podem requerer irrigações mais frequentes, devido à menor quantidade de solo a ser explorado pelas raízes das plantas.
Quanto aplicar
A lâmina de água a ser aplicada por irrigação pode ser estimada pela equação 1 e o tempo de irrigação pela equação 2, conforme passos apresentados no exemplo a seguir. No caso de copinhos, irrigar o suficiente para que uma pequena quantidade de água drene pelas perfurações existentes nos copinhos.
LTN = TR x ETc/Ei              (equação 1)
Ti = 60 x LTN/Ia                  (equação 2)
em que:
LTN = lâmina de água total necessária (mm).
TR = turno de rega (dia).
ETc = evapotranspiração da cultura (mm/dia).
Ei = eficiência de irrigação (%).
Ti = tempo de irrigação (min).
Ia = intensidade de aplicação de água (mm/h).