Thiago Cardoso de Oliveira
Engenheiro agrônomo e mestre em Ciências CENA/USP
Daniela de Moraes Cardoso
Acadêmica de Engenharia Agronômica do IFSULDEMINAS ““ Campus Muzambinho
AntonioMalvestitti Neto
Paulo Márcio Faria Villela
Engenheiros agrônomos e mestrandos em Ciências FZEA/USP
A cana-de-açúcar é uma cultura muito produtiva, sendo colhidas, em média, 90 toneladas de colmos por hectare no Estado de São Paulo, maior produtor brasileiro. Trata-se de uma planta tropical, da família Poaceae, com rota fotossintética C4, altamente eficiente na fixação de carbono e no uso do nitrogênio e de água. E não é só isso – possui capacidade de aumentar ainda mais essa produção.
De acordo Landellet al. (2005), alguns estudos indicam que o potencial biológico de produção da cana-de-açúcar é de aproximadamente 350 t ha-1 de colmos, no período de 360 dias. Considerando a produtividade média atual do Estado de São Paulo, podemos concluir que a produtividade equivale a apenas 25% do potencial da cultura.
E se considerarmos a produtividade média do Brasil na safra 2014/15, que foi de 57 t ha-1, a situação piora um pouco, equivalendo a 16% do potencial biológico de produção da cana-de-açúcar.
Essa restrição de produtividade ocorre devido à existência de fatores abióticos e bióticos interagindo e restringindo a planta no desempenho de todo o seu potencial produtivo. Sendo assim, o setor vem lidando com o grande desafio de gerar aumento na produtividade e diminuição dos custos operacionais, tendo como meta alcançar produtividades médias superiores a 100 toneladas por hectare.
Competição acirrada
As plantas de cana-de-açúcar competem entre si e com outras plantas (daninhas) pelos recursos do meio, tais como a luz, a água, os nutrientes e o CO2. A duração dessa competição determina prejuízos no crescimento e no desenvolvimento das plantas, afetando a produção das culturas. Logo, o fornecimento adequado dos fatores de crescimento e desenvolvimento das plantas é um fator-chave para garantir maiores produtividades.
Disponibilidade hÃdrica para a cultura
A disponibilidade hÃdrica do solo é um dos fatores ambientais que mais influencia a produção da cana-de-açúcar, pois determina o estabelecimento da cultura durante o estádio vegetativo. Comprovadamente, durante o desenvolvimento da cultura a deficiência hÃdrica restringe processos fisiológicos, como divisão e alongamento celular, os quais determinam o acúmulo de massa seca, da taxa de crescimento da cultura e do Ãndice de área foliar.
Landellet al. (2014) citam como regime hídrico mÃnimo para a cultura 1.200 mm por ano, concentrados na primavera e verão, e no inverno seco e frio, com deficiência hÃdrica máxima de 200 mm por ano.
Porém, devemos nos atentar não somente à precipitação, mas também à evapotranspiração. Também é válido atentar para o conhecimento isolado da evapotranspiração potencial ou real, bem como ao déficit hídrico do ciclo da cultura, que podem não ser tão úteis quanto a avaliação desses em momentos pontuais e periódicos do crescimento da cultura, onde a demanda de água é maior.
Água na hora certa
Devemos considerar que a cana-de-açúcar apresenta estádios de desenvolvimento distintos e com peculiaridades, variando a exigência de água em cada uma dessas fases.
Na cana-de-açúcar, a fase de máximo acúmulo de massa seca, onde é observado o maior crescimento da cultura, ocorre quando a evapotranspiração real é máxima, ocorrendo entre os meses de maior disponibilidade hÃdrica, geralmente de outubro a março.
Irrigação por gotejamento
Tratando-se de agricultura, a irrigação deve ser trabalhada não somente como um seguro contra secas ou veranicos, mas como uma técnica que dê condições para que o material genético expresse em campo todo o seu potencial produtivo, sendo uma estratégia para aumento da rentabilidade da propriedade agrícola pela maior produtividade, de forma sustentável, promovendo uma maior geração de emprego e renda.
Nesse contexto, existem inúmeras técnicas que permitem irrigarmos nossas lavouras, sendo um dos sistemas mais apropriados e em notável expansão a irrigação por gotejamento, apresentando vantagens como economia de água e energia, possibilidade de automação e fertirrigação.
A adoção de um sistema de irrigação por gotejamento em cana-de-açúcar, em superfície ou subterrânea, é tecnicamente fácil, economicamente viável e apresenta vários benefícios.
O sistema de irrigação por gotejamento permite uma distribuição de água e fertilizantes de maneira uniforme, em quantidades precisas para atender as necessidades das plantas. Isso resulta na utilização de menores quantidades de água, fertilizantes e demais produtos químicos e no aumento dos rendimentos das culturas, além de colheitas de melhor qualidade.