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Liberação lenta de nutrientes reduz perdas

Fernando Simoni Bacilieri

Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em Agronomia – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

ferbacilieri@zipmail.com.br

Roberta Camargos de Oliveira

Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia (UFU)

robertacamargoss@gmail.com

José Geraldo Mageste

Professor doutor ““ UFU

jgmageste@ufu.br

 

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Novas tecnologias têm sido desenvolvidas, buscando aumentar a eficiência do uso dos nutrientes na agricultura, como fertilizantes de baixa solubilidade, de liberação lenta ou controlada, ou estabilizados com inibidores capazes de minimizar as perdas para o ambiente. Eles são classificados como “Fertilizantes de Eficiência Aumentada“ (Hall, 2005), e podem ser divididos em três categorias: estabilizados, de liberação controlada e de liberação lenta (Shaviv, 2005; Trenkel, 2010).

O termo “fertilizante de liberação controlada“ deve ser utilizado quando se conhece o padrão, a taxa e a duração da liberação do nutriente, sendo possível controlar essas variáveis durante a fabricação do fertilizante (Shaviv, 2005).

Já para os “fertilizantes de liberação lenta“, não há conhecimento desses parâmetros, eles são influenciados pelo solo e pelas condições climáticas, não podendo ser previstos no tempo. Eles apenas liberam o nutriente em ritmo mais lento do que um fertilizante de referência de liberação imediata, como a ureia (Shaviv, 2005).

Fertilizantes de liberação lenta são definidos como aqueles que, após a sua aplicação, são capazes de retardar a disponibilidade de absorção e uso do nutriente pelas plantas, ou que consigam estender sua disponibilidade à planta por mais tempo do que os convencionais (ureia).

O atraso na disponibilidade inicial ou no tempo prolongado da disponibilidade do adubo pode ocorrer por três fatores: variedade de mecanismos, que incluem solubilidade controlada do material em água pelos revestimentos com materiais de proteína semipermeáveis ou outras formas químicas; hidrólise lenta de compostos hidrossolúveis de baixo peso molecular; por outros meios desconhecidos (Mota, 2013).

A tecnologia dos fertilizantes de liberação lenta é uma tendência, principalmente no eucalipto - Crédito Nutrion
A tecnologia dos fertilizantes de liberação lenta é uma tendência, principalmente no eucalipto – Crédito Nutrion

Benefícios para a silvicultura

Vários trabalhos mostram o conteúdo de macronutrientes nas diferentes partes da planta, em várias espécies de Eucalyptus. Existe uma grande variação do conteúdo em função da espécie, idade, fertilidade do solo, produtividade e local. A quantidade total de nutrientes acumulada na parte aérea obedece à seguinte ordem de grandeza: N > Ca ≥ K > S ≥ Mg> P.

Os fertilizantes mais comumente utilizados nos plantios de eucalipto no Brasil são fontes convencionais, como o superfosfato simples ou triplo, seja sozinho ou juntamente com nitrogênio e potássio (fórmula NPK 06-30- 06), aplicados na cova ou sulco de plantio, e os fosfatos naturais reativos, aplicados em faixas de 1,0 a 1,5 m de largura e incorporado ou em sulco de 15-30 cm de profundidade.

Dentre todos os nutrientes, o nitrogênio é o que apresenta maiores interações com o ambiente, devido às inúmeras reações que ocorrem no solo, nas quais está sujeito a diversos processos de perdas. Estas perdas podem ocorrer por lixiviação (NO3), desnitrificação (NO, N2O e N2) e volatilização (NH3).

O fertilizante nitrogenado mais utilizado para adubações de cobertura no Brasil e no mundo é a ureia (IFA, 2013). Esta fonte se destaca devido à sua elevada concentração de nitrogênio (N) que, por outro lado, reduz o custo de transporte, além de possuir alta solubilidade e facilidade de mistura com outras fontes.

No entanto, a ureia possui elevada suscetibilidade à volatilização de amônia (NH3). Tasca et al. (2011) observaram que aproximadamente 50% do N aplicado na forma de ureia sobre o solo foram perdidos por volatilização de amônia, em quatro dias.

As tecnologias de fertilizantes de liberação lenta ou controlada e de fertilizantes estabilizados têm sido usadas há muito tempo - Crédito Shutterstock
As tecnologias de fertilizantes de liberação lenta ou controlada e de fertilizantes estabilizados têm sido usadas há muito tempo – Crédito Shutterstock

O caso do fósforo

O fósforo (P) é um dos nutrientes com menor eficiência, pois uma proporção relativamente pequena do P do adubo é absorvida pelas plantas (de 5,0 a 30% em um período de três anos); a fração maior (cerca de 80%) é adsorvida, passando para a fase sólida, tornando-se indisponível para as plantas.As perdas por carreamento superficial e lixiviação são geralmente desprezíveis.

A escolha da fonte de fósforo deve levar em consideração os elementos secundários, além da solubilidade do fósforo. Muitas vezes, a maior produtividade alcançada pode não estar associada somente à disponibilidade de fósforo, e sim aos efeitos dos elementos secundários. Como exemplo, a aplicação de superfosfato simples fornece cálcio, enxofre e diminui os efeitos tóxicos do Al (gesso), enquanto a aplicação de termofosfato magnesiano corrige a acidez e fornece silício, Ca e magnésio (De Arruda Silveira & Gava, 2001).

Potássio

O potássio (K) do adubo é absorvido pela cultura em proporções variáveis (de 50 a 100% no ano da aplicação).As perdas por carreamento superficial são, em geral, pequenas; o restante é adsorvido ao complexo de troca do solo e em parte fixado; o K que passa para as águas subterrâneas é perdido por lixiviação.

O K tem sido o nutriente mais limitante ao crescimento do Eucalyptus. Diversos trabalhos de pesquisa relataram que a necessidade de potássio aumenta com o acúmulo de biomassa e, portanto, com a idade do Eucalyptus. Para este nutriente é necessário o parcelamento da dose em até três aplicações, onerando custos adicionais para essas operações.

Por que usar

A tecnologia dos fertilizantes de liberação lenta é uma tendência, principalmente para espécies de Eucalyptus, pois pode ser facilmente entendido que existe um aumento da demanda dos nutrientes com o maior crescimento das árvores.

O ciclo de corte varia em função da utilização da madeira. As indústrias de celulose e papel, as siderúrgicas e as indústrias de chapas de fibra utilizam o ciclo entre cinco e sete anos, já as indústrias de madeira serrada adotam um ciclo mais longo, variando entre 12 e 20 anos.

Enquanto o ciclo da maioria das culturas anuais não chega a 120 dias, e a paralisação por demanda de nutrientes acontece rapidamente após o crescimento das plantas, na silvicultura acontece exatamente o contrário, com aumento de demanda após o arranque inicial da planta.

Essa matéria completa você encontra na edição de março/abril 2018  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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