Paulo Roberto Pala Martinelli
Engenheiro agrônomo, doutor em Produção Vegetal e professor do IFSP Campus Matão
O limão Tahiti, que na verdade é uma lima ácida, está sujeito a vários problemas fitossanitários, sendo alguns limitantes para o cultivo. Entre esses estão os causados por vírus e viróides, para os quais a única prevenção é o uso de material tolerante e sadio. Entretanto, para doenças fúngicas o manejo integrado de doenças é muito importante para o controle.
Podemos citar como doenças viróticas em lima ácidaTahiti as seguintes: exocorte, doença causada por um viróide (Citrusexocortisviroid (CEVd)) e tristeza dos citros, doença causada pelo vírus Citrus tristeza virus (CTV).
As doenças fúngicas de importância são: gomose, causada pelos fungos (Phytophthoracitrophthorae P. parasÃtica) e podridão floral, causada pelo fungo (Colletotrichumacutatum e C. gloeosporioides).
Prejuízos
A podridão floral, também chamada “queda de frutos jovens“, ou simplesmente “estrelinha“, é normalmente de ocorrência esporádica, provocando epidemias severas apenas em anos em que chuvas mais intensas ocorrem durante a florada. Em regiões com chuvas frequentes nessa fase fenológica, esta doença é de extrema importância. Nessas condições, os prejuízos são bastante elevados em vista da queda da produção, que pode chegar a 95%.
A gomose é uma doença que apresenta prejuízos lentos, pois o patógeno no solo infecta as raízes e vasos condutores, causando redução de área foliar, amarelecimento e posterior evolução para morte da planta. Por ser um patógeno de solo, sua disseminação é lenta ou distribuÃda ativamente por máquinas e implementos. A ocorrência da doença normalmente é em reboleiras e é de lenta distribuição e prejuízos.
As doenças viróticas atualmente não têm muita importância devido aos programas de produção de mudas e matrizes certificadas e isentas de patógenos. Segundo portaria CDA – 5, de 3/2/2005, no campo quase não são encontrados estes problemas virais.
Sintomas da gomose
Os sintomas mais comuns da gomose são a exsudação de goma em lesões no tronco e colo da planta, embora em variedades suscetÃveis da copa a exsudação possa ocorrer também acima do ponto de enxertia.
Como a goma é solúvel em água, desaparece após chuvas pesadas. Os tecidos lesionados da casca permanecem firmes até secarem completamente, quando começam a rachar longitudinalmente.
O fungo coloniza o tronco em direção aos tecidos do câmbio, necrosando-os. Se a lesão deixa de expandir, o tecido cicatriza, formando um calo na superfície do tronco. Nas situações mais graves pode ocorrer o anelamento de uma região do tronco, provocando podridão nas raízes e sintomas reflexos na copa.
Por via de regra, os sintomas evoluem lentamente; no entanto, árvores não tratadas podem apresentar morte de ponteiros, amarelecimento e definhamento progressivo da copa e desfolha até a morte da planta (Feichtenbergeret al., 1997).
Podridão floral
Inicialmente, formam-se manchas aquosas nas pétalas de botões florais que evoluem para lesões pardas, com centro alaranjado ou salmão, onde se encontram os conÃdios.
As lesões desenvolvem-se rapidamente, tomando toda a superfície das pétalas, que secam e permanecem presas por alguns dias, contrariamente às da flor sadia, que caem. Os frutinhos tornam-se cloróticos e caem, deixando disco basal, cálice e pedúnculo firmemente retidos à árvore. Dos cálices retidos vem a denominação popular de estrelinha.
Sintomas do vírus da tristeza dos citros
Danos consideráveis são ocasionados por isolados do vírus que induzem sintomas em algumas copas, mesmo em porta-enxertos tolerantes, conhecidos pelo nome de caneluras (stempitting), que são depressões que se formam no lenho de alguns citros.
Esses sintomas são, por via de regra, acompanhados pelo atrofiamento da planta, folhas de tamanho reduzido apresentando clorose semelhante a deficiências de zinco, manganês e outros nutrientes. Ocorre, também, a formação de frutos miúdos, não raro de conformação defeituosa, vulgarmente denominados “coquinhos“, que apresentam albedo espesso, elevada acidez e baixo teor de suco.
Sintomas de exocorte
Nos clones Tahiti quebra-galho, o patógeno induz redução do porte da árvore e rachaduras longitudinais, ou áreas deprimidas no tronco e nos galhos principais, que frequentemente continuam nos tecidos do lenho.
Outras vezes ocorrem apenas lesões deprimidas na casca. Essas rachaduras e lesões deprimidas são, por vezes, invadidas por fungos que causam exsudação de goma e, frequentemente, determinam a morte da planta. Geralmente, a exocorte é mais severa em climas mais quentes e secos.