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domingo, novembro 24, 2024
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Lucratividade da noz-pecã é ponto alto do cultivo

 

Diniz Fronza

Professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Jonas JannerHamann

Engenheiro agrônomo e mestrando ““ UFSM

Carlos Roberto Martins

Pesquisador da Embrapa Clima Temperado

carlos.r.martins@embrapa.br

 Frutos de noz-pecã - Crédito Carlos Roberto Martins
Frutos de noz-pecã – Crédito Carlos Roberto Martins

Por ser uma cultura perene, com um período improdutivo de cerca de três a quatro anos, um dos principais fatores que preocupa os novos investidores da pecanicultura relaciona-se ao tempo necessário para que o pomar comece a apresentar lucro.

Isso dependerá muito dos tratos culturais aplicados ao pomar, do momento do plantio e dos anos posteriores. Hoje há pomares que estão com 10 anos e apresentam baixa produção, cerca de 0 a 05 kg/planta, por um conjunto de fatores: implantação do pomar em áreas mal drenadas, solo pouco profundo, falta de calagem em área total, adubação apenas de 0 ““ 20cm de profundidade, adubação nitrogenada, potássica e fosforada insuficiente, falta de poda de formação ou executada incorretamente, negligência no manejo de plantas daninhas, falta de manejo de pragas e doenças, etc.

Mas, realizando as práticas culturais de forma correta e no período recomendado, o pomar de nogueira-pecã passa a apresentar lucro a partir do 10º ano após o plantio.

Apesar da produção já iniciar no 5º ano, é necessário um período de aproximadamente cinco anos para reaver o capital investido na implantação e manutenção do pomar.

Manejo é fundamental

Integração de noz-pecã e ovelhas - Crédito Carlos Roberto Martins
Integração de noz-pecã e ovelhas – Crédito Carlos Roberto Martins

O cultivo da nogueira-pecã (Caryaillinoinensis), ao contrário do que muitas vezes é veiculado em meios de comunicação não especializados, exige mãodeobra qualificada, havendo uma série de tratos culturais que são empregados desde o momento do plantio, prolongando-se por todo o período produtivo do pomar (cerca de 30 a 60 anos), obviamente, havendo práticas específicas para cada período.

A escolha das cultivares é de fundamental importância porque a nogueira-pecã é uma planta monoica (inflorescências estaminadas ““ masculinas, e pistiladas ““ femininas, na mesma planta).Porém, apresenta o fenômeno da dicogamia (algumas cultivares amadurecem primeiro as inflorescências estaminadas e outras as inflorescências pistiladas).

Por esse motivo, no pomar de nogueira-pecã existe a cultivar principal (que estará em maior proporção) e as cultivares polinizadoras (em proporção menor). É necessário que as cultivares polinizadoras liberem pólen no período em que a cultivar principal esteja com as inflorescências pistiladas receptivas.

Mudas tutoradas de nogueiras ““ Crédito Carlos Roberto Martins
Mudas tutoradas de nogueiras ““ Crédito Carlos Roberto Martins

De modo geral, é necessárias três cultivares polinizadoras, uma vez que a polinização da nogueira-pecã é anemófila (realizada pelo vento, sendo o grão de pólen transportado até 50m de distância). Uma proporção possível é de 70% de plantas da cultivar principal e 30% de plantas das cultivares polinizadoras.

No momento da escolha das cultivares recomenda-se optar por aquelas que possuam resistência àsarna (Venturiaeffusa)), principal doença fúngica da cultura, com nozes que tenham um rendimento de amêndoa igual ou superior a 50% e preferencialmente a casca deve ser fina.

Após o plantio, e nos primeiros cinco anos, o pecanicultor deve realizar: manejo constante das formigas cortadeiras, prática indispensável, pois o ataque deste inseto pode causar uma perda significativa das mudas; manejo de plantas daninhas, deixando uma coroa com diâmetro de 1,5m em torno da planta livre de competição durante todo o ciclo vegetativo da cultura (setembro a maio); adubação nitrogenada de crescimento, conforme recomendação do Manual de Calagem e Adubação para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina de 2016; poda de formação, conduzindo a planta em forma de líder central modificado, realizada no inverno, de julho a setembro e complementada com a poda verde, quando necessário (outubro a dezembro).

Começa a parte interessante

A partir do 6º ano a cultura inicia uma pequena produção de nozes. Desta forma, faz-se necessário realizar: análise do solo para proceder à recomendação da adubação com nitrogênio, fósforo e potássio, conforme manual; análise foliar anual, realizada no mês de fevereiro; manejo de plantas daninhas na linha de cultivo, deixando uma faixa de 3,0m livre de competição (1,5m para cada lado da linha); manejo de doenças (sarna e antracnose) e manejo de pragas (pulgão amarelo e ácaros); e roçada do pomar no mês de março, para preparar a área para a colheita das nozes, que ocorre de março a maio.

 

Pomar adulto de nogueira-pecã com mais de 30 anos - Crédito Carlos Roberto Martins
Pomar adulto de nogueira-pecã com mais de 30 anos – Crédito Carlos Roberto Martins

Custo

Os custos de implantação e de produção/manutenção de um pomar de nogueira-pecã variam de acordo com o espaçamento de plantio (repercutindo no número de mudas por hectare), tipo de solo, valor da mão de obra, preço dos insumos, tecnologia empregada, entre outros.

De modo geral, o custo de implantação varia de R$ 12 mil a R$ 16 mil/ha, num espaçamento de 10m x 10m (100 plantas/hectare), sendo o valor da muda (R$35,00) um dos insumos de maior repercussão no custo do projeto.

Já o custo de manutenção até o 5º ano após o plantio situa-se em torno de R$ 3 mil/ha/ano (manejo de formigas e plantas daninhas, podas, adubação nitrogenada, implantação de plantas de cobertura do solo, colheita, seleção, secagem e mão deobra para realizar estas atividades).

A partir do 6º ano, são gastos de R$ 4 mil a R$ 7 mil/ha/ano (manejo de pragas, doenças e plantas daninhas, podas, adubação nitrogenada, potássica e fosfatada, adubação foliar, colheita e mão deobra para realizar estas atividades).

Viabilidade

O cultivo de nogueira-pecã apresenta um excelente custo-benefício, uma vez que, iniciada a produção de nozes, o pomar pode ser explorado economicamente durante 30 a 60 anos, com um baixo custo de produção.

Além disso, a noz-pecã, após ser colhida, secada e armazenada adequadamente, pode ser comercializada durante um longo período, fugindo da época da safra, quando os preços são mais baixos. A crescente demanda pelos consumidores tem proporcionado ao pecanicultor um bom preço de venda nos últimos anos, na faixa de R$ 12,00/kg (US$ 3 a US$ 4), desde que tenha alto rendimento de amêndoa.

Integração da produção de noz-pecã com lavoura e pecuária

 

A integração do cultivo de nogueira-pecã com lavoura e pecuária é possível, mas para tornar-se viável economicamente são necessários alguns cuidados durante a implantação e manejo do pomar, implantação do cultivo anual e no manejo dos animais. É possível consorciar com o pomar de nogueira-pecã culturas de ciclo anual, desde a implantação do pomar, cultivando, por exemplo, milho, feijão, mandioca, amendoim, batata-doce, etc.

Mas, alguns cuidados são necessários, como: trânsito de implementos agrícolas no pomar, respeitar uma área de solo em torno da nogueira-pecã de 1,5m sem competição, atenção ao uso de herbicidase proteção das plantas para evitar que os animais alimentem-se das folhas delas.

O consórcio com pecuária também é possível e uma realidade em muitos cultivos de nogueira-pecã na região sul do País. É necessário implantar uma pastagem, observar os manejos zootécnicos e planejar a carga animal na área e tempo de pastoreio.

O sombreamento em pequena escala melhora o conforto térmico dos animais e a palatabilidade das pastagens. Em pomares de nogueira-pecã o consórcio com ovinos pode iniciar no 3º ano e com bovinos no 4º ano, mas podendo ser antecipado, desde que o pecanicultor tenha cuidado em proteger as plantas dos animais.

Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Hortifrúti, edição de outubro 2017. Adquira a sua para leitura completa.

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