Planta daninha conhecida como leiteiro – amendoim-bravo ou café-do-diabo (Euphorbia heterophylla) – é a décima infestante nas lavouras de grãos que adquiriu resistência ao glifosato no Brasil. O fato foi relatado pela Embrapa Soja (PR) e pela Cocari – Cooperativa Agropecuária e Industrial, na região do Vale do Ivaí (PR).
Apesar de restrito a apenas uma área, está preocupando pesquisadores, técnicos e produtores, especialmente pelo impacto econômico que poderá acarretar se casos semelhantes forem encontrados em outras regiões do País. Os dados estão disponíveis no comunicado técnico: Euphorbia heterophylla: um novo caso de resistência ao glifosato no Brasil.
Para se ter uma ideia, os custos de produção em lavouras de soja com plantas daninhas resistentes ao glifosato podem subir de 42 a 222%, em função dos gastos com herbicidas e também por causa da perda de produtividade da soja.
Aumento de custo
Segundo o pesquisador da Embrapa, Fernando Adegas, os valores aumentam, em média, entre 42% e 48%, para as infestações isoladas de buva e de azevém, respectivamente, e até 165%, se houver capim-amargoso resistente.
O cientista calcula que o custo médio, em reais, no Brasil, para o controle de plantas daninhas é de R$ 120,00, por hectare. Em infestações mistas de espécies daninhas resistentes ao glifosato, o aumento nos custos de controle é maior.
Em áreas com infestação de buva e de capim-amargoso, o custo de controle pode chegar a R$ 386,00 por hectare, ou seja, aumento de 222% no custo de produção. Por isso, o pesquisador defende uma ampla discussão sobre a questão da resistência no Brasil. “Além do impacto econômico que já é sentido, o produtor precisa tomar medidas para minimizar ou conviver com essa resistência”, diz Adegas, acrescentando que em um cenário de infestação de azevém resistente ao glifosato, por exemplo, existe a necessidade do uso de um herbicida alternativo associado ao produto para controle da infestante. “Nesse caso, o custo por hectare fica entre R$ 118,60 a R$ 236,70, o que representa um aumento médio de gasto com herbicidas de R$ 57,65 por hectare”, explica.
Em áreas infestadas com capim-amargoso resistente ao glifosato, Adegas diz que a alternativa de controle passa a ser o uso de herbicidas graminicidas, em média, entre duas e quatro aplicações. Com o aumento nas pulverizações, o custo médio para o controle sobe de R$ 120,00 para aproximadamente R$ 318,00. “Isso tem um impacto de 165% a mais no custo de produção”, avalia.
A descoberta da resistência
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