Jaime Maia dos Santos
Doutor e professor da Unesp ““ Jaboticabal
A cultura da alface é muito sensÃvel aos nematoides, que causam prejuízos acima de 85%; porém, um manejo que vem apresentando excelentes resultados éa aplicação de produtos biológicos via solo. esse controle biológico possibilita o plantio de alface mais vezes no mesmo local, chegando a até seis ciclos na mesma área, prática que evita a constante mudança da produção.
Sintomas
Na parte aérea, atacada pelos nematoides, observa-se que as plantas não se desenvolvem satisfatoriamente, frequentemente exibindo certo grau de amarelecimento (clorose).
Nas raízes comumente se observam deformações expressas por caroços caudados pelos nematoides de galha (Meloidogyne spp.) ou segmentos de raízes necrosadas, mais frequentemente associadas à infecção por Pratylenchus spp.
O nematoide reniforme (Rotylenchulusreniformis) comumente também causa danos à alface, mas os sintomas na planta não são tão evidentes quanto nos casos anteriores. Contudo, o desenvolvimento retardado das plantas sempre está associado a todos eles.
Prejuízos
Em muitos casos, a alface atacada perde seu valor comercial, pois não chega a formar a cabeça. Além disso, é comum a interação dos nematoides com fungos de solo, em razão dos muitos ferimentos que eles causam às raízes, levando ao agravamento dos danos causados por outras doenças.
Manejo biológico
Os nematoides não são agentes que causam apodrecimento de raízes. Entretanto, plantas atacadas por nematoides invariavelmente exibem raízes necróticas. Esse apodrecimento das raízes atacadas por nematoides geralmente é causado por organismos do solo, particularmente fungos que invadem as raízes pelos ferimentos que os nematoides causam.
Os agentes de controle biológico, especialmente os fungos, além de ação direta contra os nematoides podem ser hiperparasitas. Isto é, eles têm ação, também, sobre os fungos do solo que se associam com os nematoides causando o apodrecimento das raízes. As espécies de Trichoderma se enquadram nesse grupo.
Em verdade, os solos geralmente abrigam muitos agentes com diferentes tipos de mecanismos de ação contra nematoides e outros patógenos.
Â
Orientações eficientes
Em geral, esses agentes biológicos são aplicados ao solo por ocasião do plantio, ou podem ser aplicados nas mudinhas, antes do plantio, ou ainda podem ser utilizados sistematicamente no decorrer do processo de produção das mudinhas. Entretanto, os produtores deverão se orientar pelas instruções nas embalagens de cada produto.
Quanto custa?
O custo dessa prática é variável com o preço dos produtos utilizados e custo de sua aplicação. A considerável variação nos preços dos produtos biológico no mercado é decorrente da tecnologia empregada pelas diferentes empresas para produzirem suas formulações.
Assim, produtos de empresas que utilizam liofilização para formularem seus produtos podem ter um preço mais alto do que o similar de uma que não se utiliza dessa tecnologia.
Entretanto, é inquestionável o ganho de qualidade dos produtos liofilizados. Lembremos que os produtos biológicos, em geral, são organismos vivos. Tecnologias que prolonguem a sobrevivência, preservem e até melhorem a atividade dos organismos formulados são desejáveis, mas têm um custo.
Viabilidade
Na UNESP, em Jaboticabal, foram obtidos ganhos de até 400% (quatrocentos por cento) na massa de folhas de alface tratadas com produtos biológicos, em relação ao padrão sem tratamento. Entretanto, o ambiente (o solo) onde se vai praticar o controle biológico demanda cuidados especiais, para que os organismos aplicados possam se estabelecer no solo e exercer o controle dessas pragas.
Mais vantagens
A utilização sistemática do controle biológico é viável, não implica em riscos apreciáveis para a saúde dos consumidores nem para o ambiente, pode ser aplicada em praticamente todas as culturas, inclusive nas zonas urbanas, em hortas, parques e jardins.
Entretanto, todas as atividades humanas estão sujeitas a normas. Cabe ao Ministério da Agricultura toda a normatização e legislação sobre a utilização do controle biológico, inclusive a fiscalização da qualidade dos produtos que são comercializados.