Lucas Guedes Silva
Graduando em Agronomia na Universidade Federal de Lavras (UFLA) e membro do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia (GHPD)
Thiago Tavares Botelho
Graduando em Agronomia na UFLA e membro do Núcleo de Estudos em Genética (GEN)
As plantas daninhas constituem um grande problema para todas as culturas, pois a sua ocorrência, a depender do nível de infestação, da densidade, da distribuição da invasora na área e da época de ocorrência, podem afetar drasticamente o desenvolvimento da lavoura, pois elas competem intensamente com a cultura pelos recursos de produção, como água, luz, espaço e nutrientes, comprometendo a produtividade e qualidade do produto final, além de dificultar a realização de tratos culturais e da própria colheita.
Tão importante quanto o próprio controle das plantas invasoras é a escolha do método de controle mais adequado para as espécies-problema em seu sistema de cultivo. Uma escolha precipitada e inconsciente da adequabilidade desse método pode proporcionar baixa eficiência de controle e aumento dos custos de produção, pois haverá a necessidade de se realizar o controle mais de uma vez; intoxicação da cultura devido ao uso inadequado de herbicidas e até mesmo aumentar o nível de infestação.
Importância
No cultivo de grande parte das hortaliças, as práticas culturais empregadas diferem das normalmente utilizadas nas grandes culturas perenes. Destaca-se, nesse caso, o intenso distúrbio no solo devido ao uso de arado, grade, enxada rotativa e sulcadores, em cultivos sucessivos, na mesma área, com diferentes espécies hortÃcolas.
Além disso, o uso de níveis elevados de adubações químicas e orgânicas, associado a irrigações diárias, contribui para o aparecimento e desenvolvimento de populações de plantas daninhas de difícil controle que exercem forte interferência negativa na cultura.
De modo geral, a presença de plantas daninhas na área de cultivo resulta em reduções significativas na produtividade.Diversos trabalhos já publicados mostram que em níveis elevados de infestação as perdas na produtividade podem chegar a 100% em diversas culturas, quando o controle de plantas daninhas não é feito ou feito de maneira inadequada. Portanto, o manejo dessas plantas é imprescindÃvel para a viabilidade econômica da atividade.
Época de controle
O manejo das plantas daninhas em grande parte das culturas agrícolas é realizado durante todo o ciclo de vida da cultura. No entanto, o momento ideal para se realizar o controle das plantas daninhas está relacionado ao período crÃtico de competição, o qual estabelece, para cada cultura, a época do ano em que a competição das plantas daninhas com a cultura é mais delicada e sua ocorrência causará perdas significativas ao desenvolvimento e produção da cultura.
Portanto, a fase crÃtica de competição é o período em que medidas de controle são necessárias para evitar a continuidade da interferência entre a cultura e as plantas daninhas, evitando perdas no rendimento. Entretanto, esse período deve ser considerado um estádio de desenvolvimento da cultura em relação às plantas daninhas, e não um período de tempo definido.
Cuidados a serem tomadosÂ
 Muitas são as alternativas à disposição do produtor rural para se realizar o controle das plantas daninhas, podendo ele optar pela forma mais viável e eficiente ao seu sistema de cultivo, sendo que o manejo ideal parte da adoção das técnicas de controle que proporcionarão condições ótimas ao desenvolvimento da cultura de interesse e, ao mesmo tempo, desfavoráveis à germinação e crescimento das plantas daninhas.
Ao se optar por determinado método de controle, o agricultor deve estar ciente da adequabilidade desse método para o controle das espécies problema. Para isso, deve conhecer algumas das características da espécie envolvida, como: capacidade de enraizamento, profundidade do sistema radicular, hábito de crescimento e, principalmente, o tipo de reprodução.
Tais características informam o equipamento mais adequado e como este deve ser operado, pois plantas daninhas que se multiplicam por meio de estruturas vegetativas, como rizomas e estolões, podem ter seu número aumentado se o equipamento empregado fragmentar a planta.
Obstáculos
Uma das maiores dificuldades encontradas no manejo de plantas daninhas é o controle na linha de plantio, pois o controle mecânico e manual é dispendioso e, muitas vezes, impossível de ser realizado, haja vista a escassez de mão deobra e a umidade excessiva do solo.
Além disso, os métodos mecânicos apresentam uso limitado para culturas já instaladas e de pequeno espaçamento, pois as chances de se danificar o caule e o sistema radicular das plantas são extremamente elevadas, o que resultaria em grandes perdas à produção e diminuição na aceitabilidade de tais produtos no mercado consumidor, além de servir de porta de entrada para diversos fitopatógenos.