Ricardo J. Domingues
Jesus G. Töfoli
Josiane Takassaki Ferrari
APTA ““ Instituto Biológico/CPDSV
As estufas promovem alterações no ambiente de cultivo com o objetivo de torná-lo mais favorável à espécie que se deseja cultivar. Elas possibilitam uma proteção eficiente contra intempéries climáticas, como: chuvas pesadas de verão, granizo e contra os efeitos das baixas temperaturas e geadas que ocorrem no inverno.
Além disso, permitem um melhor controle de fatores ambientais, como temperatura, umidade, radiação solar e vento, por meio da utilização de sistemas de aquecimento, refrigeração, irrigação, cortinas móveis, sombrites, etc.
Apesar dos elevados custos de implantação e manutenção, quando tecnicamente bem utilizadas, representam uma alternativa importante para garantir a maior eficiência nos tratos culturais, aumento de produtividade e, principalmente, segurança de produção, inclusive em momentos de baixa oferta do produto no mercado, quando o retorno econômico é maior.
Não se engane
O ambiente artificial mantido dentro das estufas pode tanto prejudicar algumas doenças como acabar favorecendo o desenvolvimento de outras, uma vez que as condições ambientais influenciam diretamente o ciclo de vida dos patógenos. Por essa razão, algumas doenças que costumam ter pouca ou nenhuma importância em cultivos a céu aberto, no interior das estufas passam a exibir um comportamento altamente destrutivo, podendo limitar ou até mesmo impedir a produção.
Aqui serão abordadas duas importantes doenças fúngicas de parte aérea do tomateiro que ocorrem principalmente em cultivo protegido: o oÃdio e a mancha de cladosporium.
OÃdio
Dois patógenos podem causar a doença conhecida como oÃdio em tomateiro: Oidiumneolycopersici e Oidiopsishaplophylli. Trata-se de uma doença que pode reduzir significativamente a produtividade e a qualidade de frutos.
Ambos são considerados parasitas obrigatórios, ou seja, dependem do hospedeiro vivo para desenvolver seu ciclo vital e podem ser facilmente diferenciados em laboratório. Quanto ao seu diagnóstico no campo, a observação dos sintomas pode auxiliar bastante sua identificação.
Quando a doença é causada por O. neolycopersici, verifica-se o crescimento generalizado de um mofo pulverulento branco-acinzentado sobre folÃolos, pecíolos e caule, constituÃdo de micélio e estruturas reprodutivas do patógeno. Os órgãos afetados pela doença tendem a amarelar e secar.
A doença é favorecida por temperaturas amenas e baixa umidade e pode afetar também as cucurbitáceas (melão, melancia, pepino e abóboras), a alface, a ervilha, as crucíferas (repolho, couve-flor, couve-chinesa e brócolis) e o quiabeiro.
No caso de O. haplophylli, manchas amareladas formam-se na página superior dos folÃolos, acompanhadas pela formação de um crescimento esbranquiçado na face inferior das mesmas. Com o passar do tempo, as manchas amareladas tornam-se necróticas, podendo destruir completamente folhas e folÃolos.
Sintomas
A doença manifesta-se inicialmente nas folhas mais baixas e atinge rapidamente as mais novas. O pimentão, a berinjela, as pimentas e o jiló também são afetados por O. haplophylli.
Ambos os patógenos são facilmente disseminados pela ação de ventos. O sistema de irrigação por gotejamento, comumente utilizado em cultivo protegido, acaba favorecendo os oÃdios pelo não molhamento das folhas, o que inibe a germinação dos conÃdios (esporos), além de promover a “lavagem“ de suas estruturas reprodutivas.
Mancha de cladosporium ou mancha fulva
A mancha de cladosporium (Fulvia fulva sin. Cladosporiumfulvum) vem afetando cultivos protegidos na região centro-sul do País com grande frequência e severidade.
Afeta folhas, caules, pecíolos, flores e frutos, mas os sintomas típicos da doença são observados nas folhas, onde se verificam áreas amareladas na face superior, com frutificação do fungo, de cor oliva a parda, na face inferior. Com a evolução da doença, essas áreas tornam-se necróticas, podendo causar a desfolha completa da planta.
A doença é especialmente dependente do ambiente para que seja importante, sendo necessária umidade relativa superior a 90% e temperaturas entre 21 e 25ºC. A doença não ocorre quando a umidade relativa é inferior a 85%.
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