Wânia dos Santos Neves
Doutora em Fitopatologia e pesquisadora da Epamig Sudeste
O repolho é a hortaliça de maior importância econômica entre as variedades botânicas da espécie Brassicaoleracea. Possui uma taxa alta de crescimento e alto valor nutritivo, principalmente pelos seus teores de cálcio e vitamina C.
Atualmente (pesquisa de 26 de julho de 2017), o valor da caixa de 25 kg do repolho roxo varia entre R$25,00 e R$40,00 em diferentes regiões do País. Entretanto, existe uma variação muito grande de preço e pode ocorrer queda brusca no valor comercial, causando grande prejuízo aos agricultores.
Atualmente, é possível cultivar repolho o ano todo devido às adaptações dos híbridos às diversas condições climáticas.
Plantio
O espaçamento adequado para o repolho verde é de 0,7 a 0,8 m entre fileiras (linhas) e 0,3 a 0,5 m entre plantas. Em relação ao repolho roxo,existem cultivares disponíveis que apresentam boa estabilidade de produção e se adaptam a climas e níveis de umidade bastante diversos, além de já existirem cultivares resistentes às principais doenças da cultura no País.
Dependendo da cultivar ou híbrido plantado e do espaçamento de plantio, a produção pode atingir um rendimento que varia entre 20 e 55 mil plantas por hectare. Para o cultivo do repolho roxo, a produção aumenta com a diminuição dos espaçamentos, sendo o espaçamento máximo indicado de 1,0 m entre fileiras e 0,5 m entre plantas, o que resulta em aproximadamente 20.000 plantas por hectare.
Já o espaçamento mÃnimo indicado é de 0,61 m entre fileiras e 0,3 m entre plantas, resultando em aproximadamente 55.000 plantas por hectare.
É importante ressaltar que em densidades elevadas (ou seja, grande número de plantas por área) podem ocorrer reduções na produtividade devido ao menor espaço disponível para o desenvolvimento das plantas e à maior severidade de doenças.
Além disso, ocorrem perdas na qualidade do produto comercial, como modificações no tamanho e forma das cabeças. Isso ocorre porque quando plantas estão muito próximas, há sobreposição da folhagem em grande extensão e a fotossíntese é deficiente o que, consequentemente, reduz a produtividade da cultura. Por isso, manejar o espaçamento propicia ao produtor elevar a produtividade da cultura e adequar o tamanho (peso) e formato do repolho às exigências do mercado.
Demanda
A demanda pelo repolho roxo ainda é muito menor que a de repolhos verdes, mas vem aumentando nos últimos anos, principalmente em grandes centros de abastecimento.As maiores regiões produtoras são o sudeste e o sul. Dos Estados brasileiros, São Paulo, Paraná e Minas Gerais são os maiores produtores de repolho do País.
Exigências climáticas e nutricionais
ðTemperatura e umidade: o repolho necessita de temperaturas amenas para a produção de cabeças de boa qualidade, entre 15 e 21ºC. Este é o mais importante fator climático que atua no desenvolvimento da cultura. A umidade também é importante para obter maior produção, principalmente em períodos de intenso crescimento.
Altas temperaturas retardam o crescimento e dão origem a cabeças leves, frouxas e de péssimo formato, além de favorecerem a ocorrência de doenças e o aparecimento de pragas. Atualmente,existem híbridos mais resistentes ao calor, o que permite o plantio em regiões mais quentes.
ð Nutrição: é uma cultura altamente exigente em nutrientes, principalmente nitrogênio e potássio. Deficiências de nitrogênio, fósforo e potássio no tecido de repolho são responsáveis por um decréscimo de até 50% no rendimento.
Para recomendar uma adubação equilibrada, deve ser realizada a análise de solo previamente. De modo geral, para solos de fertilidade mediana ou baixa, a recomendação é em torno de 40 kg/ha de nitrogênio; 150 a 300 kg/ha de P2O5 e 100 a 150 kg/ha de K2O (adubação com NPK, respectivamente), aplicados no sulco de plantio.
Em alguns trabalhos de pesquisa foi comprovada a importância do nitrogênio e potássio em cobertura para aumentar a produção e qualidade do repolho. A aplicação recomendada é a seguinte:
Aplicação no plantio:
â–º Nitrogênio – 20% da dose recomendada.
â–º Fósforo ““ 100% da dose recomendada.
â–º Potássio ““ 20% da dose recomendada.
Aplicação em cobertura:
â–º Nitrogênio – 20%, 30% e 30% da dose recomendada aos 20, 40 e 60 dias após o transplantio, respectivamente.
â–º Fósforo ““ 0% (não se recomenda aplicação de cobertura).
â–º Potássio ““ 20%, 30% e 30% da dose recomendada aos 20, 40 e 60 dias após o transplantio, respectivamente.
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