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Manejo fitossanitário da videira – Fique de olho

Lucas da Ressurreição Garrido

Pesquisador em fitopatologia e chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho

 

Fotos Lucas Garrido
Fotos Lucas Garrido

Vários patógenos fúngicos podem infectar a videira, variando sua importância de acordo com a região geográfica e a resistência varietal. O ambiente tem um papel muito importante nesse contexto, podendo contribuir para aumentar ou limitar o desenvolvimento das doenças.

Na região Nordeste do Brasil, o clima seco é desfavorável para a ocorrência de epidemias de míldio no segundo semestre do ano, mas, por outro lado, favorece as epidemias de oídio. Em contrapartida, nas regiões sul e sudeste do Brasil, onde predomina uma maior quantidade de precipitações, distribuídas ao longo de todo o crescimento vegetativo da videira, doenças como o míldio e as podridões-do-cacho tornam-se severas, acarretando altas perdas na produção, caso medidas de controle não sejam tomadas.

As principais doenças fúngicas da parte aérea da videira são o míldio (Plasmoparaviticola), a antracnose (Elsinoeampelina), a escoriose (Phomopsisviticola), o oídio (Uncinulanecator), a ferrugem (Phakopsoraeuvitis), a mancha-das-folhas (Isariopsisclavispora) e as podridões que atacam o cacho, como podridão-da-uva-madura (Glomerellacingulata), podridão-cinzenta (Botrytiscinerea) e podridão-amarga (Greeneriauvicola).

Já as doenças do sistema radicular e vascular são a fusariose (Fusariumoxysporum f. sp. herbemontis), o pé-preto (Cylindrocarpondestructans) e a podridão-descendente (Botryosphaeria sp.), entre outras.

Prejuízos

As doenças fúngicas constituem-se num dos principais entraves para a produção de uvas, tanto qualitativa como quantitativamente. Em regiões onde as condições climáticas são favoráveis ao desenvolvimento das doenças fúngicas, as perdas podem variar de 10 a 100%, dependendo da doença, idade da planta, órgão vegetal atacado e resistência genética da cultivar.

Um fungo causador de podridão-do-cacho pode comprometer seriamente a produção, caso medidas de controle não sejam tomadas. Por outro lado, um patógeno foliar pode afetar, em parte, a produtividade, mas não a qualidade.

Sintomas de oídio na uva - Fotos Lucas Garrido
Sintomas de oídio na uva – Fotos Lucas Garrido

Manejo

A identificação correta do agente causal da doença e o conhecimento da resistência varietal, da biologia do patógeno e das condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento das epidemias fornecem subsídios valiosos para estabelecer as medidas adequadas de controle.

O manejo integrado de doenças da videira, parte integrante das Boas Práticas Agrícolas, lança mão dos diferentes métodos de controle, como os químicos, físicos e biológicos, para reduzir populações de patógenos e minimizar seus danos econômicos.

O manejo inicia-se pelo conhecimento do ciclo de vida dos patógenos, do comportamento da cultivar frente aos fungos e da magnitude do efeito do ambiente sobre ambos.

Com base nesses conhecimentos, ajustam-se os métodos de controle, a fim de otimizar o seu efeito conjunto. Para que se reduzam as condições favoráveis aos principais fungos que atacam a videira, algumas medidas devem ser adotadas, como: escolha do local (considerando exposição solar, aeração e insolação, proteção de ventos, inclinação do terreno), seleção de cultivares (levando em conta a adaptação, resistência a doenças e estado sanitário), definição de sistemas de condução e espaçamento adequados (tendo em vista o teor de umidade do ambiente, sistema de sustentação alto, distribuição dos ramos, vigor da cultivar, sistematização do plantio de cultivares), limpeza do vinhedo, poda verde, poda seca, monitoramento, escolha do momento da aplicação e escolha dos produtos para controle.

Sem controle

Nem todas as variáveis são passíveis de controle, devido à falta de opções mais adequadas, entretanto, isso deve ser restrito a poucas variáveis, a fim de não se perder o controle do sistema. O monitoramento das doenças e das pragas é uma ferramenta-chave para o acompanhamento da evolução das mesmas, correlacionando-o às condições meteorológicas.

O que se propõe é um rígido acompanhamento do vinhedo, a fim de determinar o momento a partir do qual os fungicidas ou produtos alternativos devem ser aplicados. Realizam-se, portanto, aplicações mais específicas, diminuindo-se o número de produtos e de aplicações, dando preferência por produtos menos tóxicos. O manejo integrado de doenças busca racionalizar a utilização de agrotóxicos, para caminhar na direção da sustentabilidade econômica e ambiental.

Novidades

Uma importante ferramenta de controle é a resistência genética. A cultivar de uva de mesa sem semente BRS Vitória, lançada pela Embrapa Uva e Vinho no final de 2012, apresenta tolerância à principal doença da videira, o míldio.

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

 

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