William Natale
Professor Visitante Pleno da Universidade Federal do Ceará
A nutrição adequada e equilibrada é fundamental para qualquer cultura agrícola, mas, para as frutÃferas assume papel ainda mais importante. Isso porque boa parte da produção nacional de goiabas é consumida in natura, ou seja, o comprador “come“ primeiro com os olhos, e se a fruta apresenta alguma problema nutricional, os frutos tendem a refletir isso em sua forma, tamanho, cor, sabor, aroma etc., ou seja, há depreciação do produto colhido e, consequentemente, do preço final de venda.
Nutrientes essenciais para a produção de goiaba
Apesar de os elementos essenciais, ou seja, os nutrientes, serem os mesmos para todos os vegetais, as quantidades e os equilíbrios entre eles variam enormemente de uma cultura para outra. Assim, é de extrema importância a pesquisa relacionada à nutrição mineral, visto que somente por meio dos experimentos de campo é possível determinar a quantidade, a época, a dose e a localização dos fertilizantes a serem aplicados nos pomares.
Nunca é demais lembrar que apenas pelas análises de solo e planta é que se pode determinar as doses de adubo a serem empregadas. De todo modo, seja para a goiabeira ou para qualquer outro vegetal, os elementos essenciais são os macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) e os micronutrientes (B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo e Zn).
Exigências nutricionais
Para compreender facilmente esse aspecto, pode-se traçar um paralelo com o desenvolvimento de qualquer outro ser vivo, por exemplo, os humanos. As exigências nutricionais variam muito entre um recém-nascido, uma criança, um jovem, um adulto e um idoso.
Assim acontece, também, com os pomares de frutas. Na implantação dos pomares de goiabeira há grande exigência, por exemplo, de fósforo e cálcio, para a formação do sistema radicular. Isso não quer dizer que os demais nutrientes têm menor importância, mas, sim, que nesta fase esses dois elementos merecem maiores cuidados.
Após o pegamento das mudas no campo, há grande necessidade de nitrogênio para a formação da parte aérea das arvores. Na fase de produção plena de frutos o potássio é o elemento mais demandado pela goiabeira, pois esse nutriente é largamente exportado pelos frutos.
De todo modo, essas são apenas indicações sobre as exigências nas diferentes fases fenológicas das plantas. As recomendações, é claro, devem ser baseadas nas análises de solo e folhas, a fim de aplicar o que é exigido pela cultura. Atualmente, está disponível um software para os cálculos de adubação que pode ser acessado gratuitamente no site: http://www.registro.unesp.br/#!/sites/cnd/
Direto ao ponto
Os solos tropicais têm, em geral, baixa fertilidade. Por outro lado, os pomares de frutas têm, via de regra, grande capacidade produtiva. Isso implica que, para produzir adequadamente, deve-se complementar a quantidade de nutrientes que o solo não consegue fornecer à planta.
Essa diferença é aplicada pela adubação. Como dito anteriormente, é preciso conhecer as características do solo (via análise de solo) e da goiabeira (por meio da diagnose foliar) para realizar com sucesso as recomendações de adubação.
Com base nessas duas ferramentas agronômicas pode-se aumentar a produtividade e reduzir os custos com fertilizantes, além de diminuir os riscos ambientais de poluição. O mesmo site citado na questão anterior pode ser usado para diagnosticar quais nutrientes deverão ser aplicados nos pomares.
Quanto custa?
A adubação representa, depois da mão de obra, a parte mais significativa dos custos de produção dos pomares de frutas, em geral. Isso porque as plantas frutÃferas são muito exigentes e têm alta produtividade por hectare, quando comparadas aos grãos, por exemplo. Outro aspecto a ser considerado é que a maioria dos fertilizantes são importados, sendo desnecessário comentar as implicações disso nos custos agrícolas.
Por outro lado, os pomares bem manejados da maior região produtora de goiabas do Estado de São Paulo (Vista Alegre do Alto, Taquaritinga, Monte Alto e, etc.), têm três safras em dois anos, com produtividade média de 70 toneladas por hectare em cada safra. São pomares irrigados e manejados com podas drásticas, mas que garantem alta lucratividade aos fruticultores.
Questão de região
A análise econômica da nutrição adequada dos pomares é bastante complicada, pois varia muito dependendo da região, da produtividade, do mercado a que se destina (mesa ou indústria), entre outros aspectos. Entretanto, é seguro afirmar que para atingir elevados rendimentos a adubação é imprescindÃvel, seja pela elevada exigência da cultura, seja pela pobreza dos solos brasileiros.
Sem o adequado manejo nutricional os frutos não terão as características organolépticas exigidas pelos consumidores ou pela indústria. Apenas para dar dois exemplos concretos da relação benefÃcio-custo da aplicação de insumos nos pomares, pesquisas indicam que para cada R$ 1,00 aplicado em calagem obtém-se R$ 7,00 em beneficio. Para a adubação nitrogenada os números são ainda mais contundentes: para cada R$ 1,00 investido em nitrogênio o benefÃcio é de R$ 20,00.