Décio Joaquim
Consultor em citricultura-Campo Consultoria/GTACC
A adubação deve ser encarada como o método de reposição da energia gasta pela planta para conseguir florescer e produzir frutas. É necessária a cada ano. Sendo um insumo valorizado, é importante que os produtores utilizem o adubo da maneira mais técnica e racional possível, lembrando sempre que conhecer os momentos de maior demanda fisiológica da planta é uma maneira inteligente de tirar melhor proveito desse insumo precioso.
No Brasil, de um modo geral, ao se referir ao limoeiro, a grande maioria das pessoas está objetivando falar da lima “˜Tahiti’. O grupo dos limões verdadeiros, exemplificado pelo limão “˜Siciliano’, “˜Eureka’ ou “˜Verna’, é pouco plantado no País, apesar de, cada vez mais, sua demanda estar aumentando, incentivada pela sugestão recente de vários programas televisivos de culinária.
Mas, devido à maior importância comercial no País, será do “˜Tahiti’ que o tema tratará.
Realidade
Para tratar do assunto, é importante destacar uma questão fundamental que faz muita diferença na opção do citricultor ao decidir plantar o “˜Tahiti’: o valor de comercialização dessa fruta no mercado nacional costuma alcançar preços extraordinários durante os primeiros meses do segundo semestre de cada ano.
É uma realidade que se repete ao longo dos últimos 40 anos, nas várias centrais de abastecimento do Brasil. A razão é simples: a procura pelo “˜Tahiti’ não diminui, mesmo nos períodos de entressafra, quando a oferta é bem menor do que na época da safra principal, entre dezembro e março.
Assim, com a intenção de obter uma boa parte de sua produção no segundo semestre, o desejo dos produtores é fazer com que os pomares possam, também, florescer de maneira temporã durante os meses de março e abril, além de contar com a florada de primavera, que proporcionará os frutos a serem colhidos na época da safra normal. Por tudo isso, a nutrição assume papel fundamental na sustentação dessas produções.
A produção é energia
Seja fruta ou animal, qualquer produção refletirá a condição energética à qual o sistema produtivo for submetido. Não se concebe obter ganhos de produção sem que se invista em ganhos de energia.
Para as plantas, esse conceito assume um caráter mais importante porque as mesmas não se deslocam e não têm como buscar fontes de energia além daquelas à disposição do comprimento de suas raízes.
Existe um ditado popular, conhecido pela maioria dos produtores rurais, que afirma não ser possível cobrar o leite da vaca sem antes lhe ter fornecida a ração. Para as plantas essa verdade é mais verdade, porém, menos praticada pelos agricultores. Por conta dos altos valores dos fertilizantes, a redução nas quantidades aplicadas é diretamente responsável pela limitação dos montantes produzidos,em todas as culturas.
Interessante saber que a energia à qual me refiro não provém diretamente do adubo, até porque a planta, diferentemente do que se possa pensar, não se alimenta do fertilizante, mas, sim, dos produtos açucarados produzidos pelas folhas, por meio da fotossíntese, que é um processo no qual os vegetais ““ capacitados pela clorofila – aliam o gás carbônico presente no ar à água e à energia do sol.
Importância
Os fertilizantes são responsáveis pelo fornecimento dos nutrientes básicos e necessários em maior quantidade para que o processo da fotossíntese possa ocorrer, uma vez que vários elementos minerais participam das equações químicas que resultam nas substâncias finais, que serão armazenadas nas próprias folhas e, basicamente, nas raízes para aproveitamento posterior.
Portanto, podemos considerar que o limoeiro é uma fábrica que converte os produtos fabricados pelas folhas ““ Ã custa dos fertilizantes ““ em limões.
Essencialidade
Pela definição anterior, para a produção dos limões são necessários, além de água, gás carbônico e sol, das folhas, raízes e fertilizantes. Não haverá uma produção convincente sem que haja uma planta bem formada, com uma boa arquitetura radicular e com adequada quantidade de folhas, seguindo-se, então, uma adubação equilibrada, que forneça uma proporcional oferta dos nutrientes requisitados por cada situação.
Quando imaginamos a participação dos nutrientes nesse engenhoso processo produtivo, normalmente não fazemos ideia da complexidade de todo esse sistema. Para obtermos os limões, são muitas as equações químicas envolvendo um bom número de nutrientes, divididos nos chamados grupos de macro e micronutrientes, em função de participarem com diferentes percentuais de concentrações.