Marcelo de Melo Linhares
Engenheiro agrônomo especialista em Proteção de Plantas e consultor Sagra Insumos Agropecuários Ltda
marcelo.de.linhares@terra.com.br
A frutificação do cafeeiro é resultado de uma sequência de eventos fisiológicos e alterações morfológicas que vão desde a indução floral até a maturação dos frutos. Durante esta fase, os frutos são os drenos preferenciais.
Na partição de nutrientes e quanto maior for a produção de frutos, maior será a exigência da planta em nutrientes e também em cuidados fitossanitários, pois a planta fica mais sensÃvel ao ataque de pragas e doenças.
Todos os elementos são importantes na nutrição do cafeeiro nesta fase, contudo, destacamos a importância do potássio e do cobre.
O potássio tem a importante função de encher os grãos do café, pois o nutriente transporta os carboidratos produzidos na folha para os frutos de café, ocasionando o enchimento destes.
No manejo de café sequeiro a aplicação do potássio via solo deve ser dividida em três a quatro vezes, sempre no período de chuva. A recomendação da dose deve ser baseada em análise de solo com amostragem feita depois da colheita, na profundidade de 0 a 20 cm, e também pela estimativa da carga pendente da cultura.
A principal via de fornecimento do potássio é o solo, como mencionado, com utilização de cloreto de potássio. Contudo, é muito importante a utilização de análise de folhas para acompanhar a evolução do nutriente na planta, e assim complementar o fornecimento de potássio via folha pela pulverização da lavoura.
No mercado existem vários produtos à base de potássio, cada vez mais eficientes, porém, a utilização de 2,0 a 2,5 kg/ha de nitrato de potássio em duas aplicações tem auxiliado nesta fase da cultura.
Cobre
O Cobre tem três funções principais, beneficiando as lavouras pelo do seu efeito:
→ Como micronutriente: exigido para os processos de crescimento e produção do cafeeiro;
→ Efeitos bactericida e fungicida: protegendo as plantas contra as duas principais doenças – ferrugem e cercosporiose, e também contra eventuais eventos de PseudomonasColletotrichum e outros fungos.
→ Efeitos tônico: na redução do efeito do etileno, oriundo nos processos de necrose da folhagem, ou pela morte de fungos epÃfitas. Com isso, o cobre evita queda das folhas, promovendo maior retenção foliar. O cobre melhora o desenvolvimento e a produtividade nos cafezais e beneficia, ainda, a qualidade dos frutos do café.
Cuidados
Nesta fase de frutificação, como em todas as outras, o cuidado com pragas e doenças é muito importante e devem ser realizados sempre preventivamente.
Juntamente com o cobre, a utilização das misturas do triazolepoxiconazole em mistura com a estrobilurinaspiraclostrobina e boscalid tem se mostrado muito eficiente no manejo e controle das principais doenças da cultura, que são a ferrugem, cercosporiose e complexo de phoma. Este manejo vai desde a pós-colheita, pré e pós-florada, se estendendo até meados de abril.
Neste período de frutificação, especificamente, a pressão de cercosporiose em folhas e frutos é muito forte. Portanto, é muito importante a lavoura estar com a parte nutricional e o manejo fitossanitário em dia.
Controle
Complexo de Phoma: pulverizações via folha de boscalid na dosagem de 150 gr/ha.Deve-se iniciar no pós-colheita, pré e pós-florada. Para este manejo é essencial evitar portas de entradas, como por exemplo, danos mecânicos e aqueles causados por lagartas, entre outras pragas.
Ferrugem e cercosporiose: mistura de triazolepoxiconazole e estrobilurinapiraclostrobinana dosagem de 1,5 L/ha aplicado até meados de dezembro e outra aplicação após 70 a 90 dias, de acordo com avaliações. Neste intervalo, a utilização da estrobilurinapiraclostrobina na dosagem de 500 ml/ha na fase de frutificação tem mostrado um ganho importante em qualidade de produção de folhas e frutos, maior retenção foliar, e assim proporcionando maior produtividade.
Atualmente, uma terceira aplicação da mistura epoxiconazole e estrobilurina no início do inverno tem se mostrado muito importante para o manejo de ferrugem tardia, proporcionando ganhos em produtividade devido a manter as plantas mais enfolhadas no período de inverno e, posteriormente, quando chegar à fase de floração as plantas estarem mais preparadas para uma melhor e maior safra do ano subsequente.
Pesquisas científicas evidenciadas no Top Ciência, que hoje é um dos maiores fóruns de pesquisa científica da América Latina, têm comprovado que seguindo este manejo nutricional adequado, embasado em análises de solo e folhas, com utilização destes tratamentos fitossanitários com cobre, triazolepoxiconazole, estrobilurinapiraclostrobina e boscalidocorre um acréscimo de produtividade do cafeeiro em torno de 10%.