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sábado, novembro 23, 2024
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Mapa biológico: A importância para a cultura do café

Autor

Alessandro Guieiro
Consultor agronômico, especialista em Microbiologia do Solo, Fertilidade e Nutrição de Plantasalessandro.consultoragro@hotmail.com
Crédito: Shutterstock

No Brasil, durante a última década, intensificaram-se os estudos ligados à microbiologia do solo devido a uma grande demanda por informações e busca por respostas do motivo pelo qual a fertilidade, do ponto de vista químico, já não mais está sendo suficiente para o aumento da produtividade.

Durante anos assistimos serem gastos milhões de dólares em pesquisas ligadas à fertilidade química, buscas por fertilizantes de alto desempenho, além de fórmulas químicas que se ajustassem, da melhor forma possível, a diferentes tipos de solo, clima e região.

Infelizmente, estes altos investimentos foram barrados pelo esgotamento das propriedades físicas e biológicas do solo, desta forma, não sendo suficiente somente a tecnologia de ponta empregada a diferentes fertilizantes químicos.

À medida que os estudos avançam e os resultados das pesquisas começam a aparecer, fica cada vez mais clara a necessidade de se conhecer a fundo esse universo vivo que é o solo.

Para que os estudos se tornem claros e objetivos, torna-se fundamental mapear os solos, não somente em relação à fertilidade química, como também à fertilidade física e biológica. Estes mapas, por sua vez, serão ferramentas fundamentais para o alcance da máxima eficiência agronômica.

O que é mapa biológico – BioMap

O termo BioMAp consiste em mapear e quantificar BioIndicadores positivos ou negativos, que nos dão condições para mensurar a saúde do solo. A qualidade do solo é definida como a capacidade de funcionar dentro dos ecossistemas para sustentar a produtividade biológica, manter a qualidade ambiental e promover a saúde das plantas e animais (Doran; Parkin, 1994).

Por estarem associados à parte viva e mais ativa da matéria orgânica, a maior vantagem dos BioIndicadores é que eles são mais sensíveis do que indicadores químicos e físicos, detectando, com maior antecedência, alterações que ocorrem no solo, em função do seu uso e manejo (Doran, 1980; Mendes et al., 2015, 2017).

Cerca de 5% de toda matéria orgânica presente no solo é formada por biomassa viva. Destes, algo em torno de 70% são microrganismos (Mendes, 2017), portanto, torna-se fundamental o cuidado com o ecossistema solo.

Alguns trabalhos apontam fungos saprófitas do gênero Fusarium como o maior desafio para a cafeicultura atual. Por estarem presentes no solo e fazerem parte da decomposição da palhada, estes estão aumentando de forma exponencial suas populações no solo, causando morte do sistema radicular e, consequentemente, observamos plantas mais sensíveis a intempéries climáticas, doenças de parte aérea, como seca de ramos, cercosporiose e, também, ataques de pragas.

Práticas culturais

Somente com a utilização do BioMap é possível, de fato, conhecer o solo, mapear e quantificar os BioIndicadores positivos e negativos e, desta forma, planejar diferentes formas de controle e manejo.

Algumas práticas culturais que insistem em permanecer na cafeicultura moderna contribuem para que ocorra grande desequilíbrio na microbiota do solo, podendo-se citar o uso de herbicidas agressivos aos microrganismos presentes no solo, como por exemplo, a molécula do Gliphosate.

Para o ambiente, o uso deste herbicida tem afetado diretamente a microbiota do solo, ocasionando desbalanços, principalmente em trichodermas, Bacillus subtilis e, consequentemente, aumentando a incidência de mofo branco, nematoides, além de Fusarium e Rhizoctonia. Para minimizar esse efeito negativo sobre a microbiota, recomenda-se inocular o solo com Bacillus subtilis e Trichoderma spp (Yamada, 2017).

Construção do BioMap

A coleta de solo para realização de análises ainda é um assunto muito discutido, até mesmo na amostragem para construção do mapa de fertilidade química. No entanto, para a construção do BioMap, faz-se necessário adotar um procedimento rigorosamente padronizado e específico, uma vez que em apenas 1,0 g de solo podem estar contidos mais de 20 milhões de seres vivos.

É fundamental que se siga um protocolo e que a amostragem seja feita por um profissional qualificado, apto a realizar não somente a coleta do solo e das raízes, como também que se faça uma avaliação visual do local que será amostrado. Nesta avaliação visual, devem-se relatar algumas caraterísticas que o solo possui, como por exemplo, o tipo de palhada que está manejando, características físicas do solo e das raízes, entre outras.

Prejuízos causados pelo Fusarium

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