Alberto Bernardi
Pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste
alberto.bernardi@embrapa.br
Os produtores investem cada vez mais em tecnologia, informática e técnicas que têm viabilizado a Agricultura de Precisão (AP). Se nos primeiros anos da adoção da AP os mapas de produtividade eram muito utilizados, especialmente nas culturas de grãos, hoje os mapas de fertilidade do solo e a tecnologia de aplicação de calcário e fertilizantes a taxa variável sido cada mais utilizada.
Agricultura de Precisão
Uma propriedade rural não é homogênea, uma vez que existem variações e tipos de solo, relevo, vegetação e histórico de uso, por exemplo. Isso faz com que o produtor trate cada região de modo diferente, conforme as potencialidades e necessidades.
Com o avanço de ferramentas de AP, como as tecnologias de informática, sistemas de posicionamento global (GPS) e outras, foi possível constatar que tais variações também existem dentro de uma lavoura ou de um talhão, as quais são chamadas de variabilidade espacial.
A agricultura convencional tratava a lavoura ou o talhão como uniforme, apesar da variabilidade, muitas vezes por falta de tecnologias e equipamentos adequados para detectar, analisar e intervir nas áreas com estas diferenças. Por algum tempo imaginou-se que o uso de um equipamento ou sensor pudesse dar as respostas que o produtor buscava.
Mas o conceito atual de AP é mais amplo, e considera-se que suas ferramentas fornecem elementos para a gestão da propriedade, com base nas diferenças observadas no campo. E o uso da AP tem o objetivo de aumentar o retorno econômico e diminuir os riscos de dano ao meio ambiente.
Hoje, é consenso que a AP é umas formas de gestão mais eficiente nas propriedades rurais. A aplicação otimizada dos insumos agropecuários proporciona maior produtividade e diminui os impactos ambientais, principalmente na utilização de agrotóxicos e nos consumos de água e energia elétrica para irrigação. Portanto, a AP é a gestão que agrega sustentabilidade à competitividade.
Mas, para se chegar ao ponto de utilizar a AP, o produtor deve já ter alcançado um bom nível das operações agrícolas, pois neste caso as ferramentas de AP servirão como um “ajuste fino“ e poderão auxiliar a alcançar um salto de produtividade e qualidade.
Mapas de fertilidade
A amostragem é fundamental na avaliação da variabilidade espacial das propriedades do solo e para estabelecer um programa de recomendação de correção e adubação do solo utilizando as ferramentas de AP.
Esta amostragem pode ser por meio de uma grade amostral com pontos a distâncias regulares, sem levar em consideração as diferenças da área; ou uma amostragem dirigida para áreas que já se sabe previamente que são diferentes.
Estas diferenças podem ter sido observadas em mapas de colheita, imagens ou pelo uso de sensores de solo ou de plantas. Cada ponto de amostragem deve ser georreferenciado (tomando-se as coordenadas com GPS). Hoje já existem programas que auxiliam na distribuição destes pontos de amostragem e podem indicá-los diretamente para os equipamentos de amostragem com sistema de navegação.
Esta amostragem deve ser feita de forma muito cuidadosa, da mesma foram que a amostragem tradicional, procurando utilizar vários pontos para cobrir toda a área em questão; fazer subamostras para compor uma amostra; utilizar ferramentas de amostragem (trados e/ou sondas, mecanizados ou não) adequados; e identificar as amostras.
O que fazer
A análise quÃmica de terra é procedimento usado para avaliação da fertilidade do solo e vai procurar determinar o grau de suficiência ou de deficiência dos elementos no solo, além de quantificar condições adversas que possam prejudicar o desenvolvimento das plantas.
Para isso, o técnico ou o produtor rural deverá encaminhar estas amostras para laboratórios confiáveis, e de preferência que participem de programas de controle de qualidade.
Existem diversos programas que podem auxiliar neste processo, pois utilizando variados procedimentos de cálculo, estes possibilitam a integração dos pontos amostrados gerando, então, os mapas das propriedades químicas (P, K, CTC, e saturação por bases, por exemplo), e a partir destes sãos elaborados os mapas de aplicação de corretivos e fertilizantes. Mas a experiência do técnico e conhecimento da área que está sendo analisada é importante e imprescindÃvel.