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Maracujá com café é opção atrativa para o produtor

 

Mais rentável e sustentável, agregar o cafezal velho à produção de maracujá tem atraído muitos produtores

 

O maracujá deve ser plantado em uma área em que o cafezal começou a demonstrar baixas produtividades
O maracujá deve ser plantado em uma área em que o cafezal começou a demonstrar baixas produtividades

Na região do Triângulo Mineiro, onde há predominância de cafezais, produtores de Araguari têm buscado uma nova forma de diversificar a plantação e fugir da oscilação do preço do grão no mercado. A falta de chuva gerou grande preocupação para os produtores cafeeiros de todo o país, resultando em baixa produtividade e grandes perdas, em uma cultura em que o manejo é mais exigente.

O sobe e desce dos preços nos últimos meses não tem beneficiado produtores, e muito menos consumidores. Os reflexos das perdas alcançarão a safra global 2014/15 tendo, provavelmente, números reduzidos.

A lucratividade final do maracujá é utilizada para renovar o cafezal - Crédito Fábio Mariot
A lucratividade final do maracujá é utilizada para renovar o cafezal – Crédito Fábio Mariot

Diversificação

A melhor alternativa para o produtor rural é diversificar a produção em sua propriedade, tendo, pelo menos, uma atividade como carro-chefe da produção e outras para assegurar ou impulsionar a renda. Uma sugestão interessante para a diversificação, dada por José Rafael da Silva, engenheiro agrônomo e diretor do Viveiro Flora Brasil, é o maracujá, que se adapta perfeitamente a regiões com boas condições tropicais que possuem acima de 11 horas diárias de luz, as melhores condições para o florescimento.

O consultor técnico comercial da Coopercitrus de Araguari (MG), Anderson Alvares Zaparoli, explica que a região de Araguari é bem favorável ao cultivo da planta, com floração diferenciada que permite frutos no pé por 8 a 10 meses seguidos. “O maracujá se adapta bem a regiões de 900 a 1.000 metros de altitude, com uma média de temperatura de 25ºC, tendo uma floração quase o ano todo, ficando apenas um a dois meses ocioso, sendo possível ter rentabilidade por até 10 meses durante o ano. Além do clima de Araguari, outro grande diferencial é que a cidade possui uma fábrica de sucos que busca o produto na mesma semana em que o produtor realiza a colheita, então, não temos esse problema de falta de mercado“.

Um exemplo de diversificação de culturas é o do cooperado Carlos Eduardo Nasorry, com propriedade rural na cidade de Araguari, que sempre possuiu na Fazenda Santa Rosa o café como carro-chefe e, recentemente, tem optado por ampliar suas possibilidades. “Começamos a diversificar plantando um pouco de seringueira há cinco anos em uma área de 17 hectares, consorciando com o café, e investimos oito hectares em maracujá. Não estou diminuindo minha área de café necessariamente para ter outras culturas. O preço do café tem oscilado muito, então, estou utilizando a estrutura daqueles que estavam com produção baixa e acrescentando uma cultura no meio dele, no caso o maracujá e a seringueira. Nós, produtores, temos que buscar a diversificação para não ficarmos presos a uma cultura e conseguir pegar o momento bom de uma e de outra“, explica o produtor, que decidiu optar pelo maracujá devido à boa possibilidade de mercado na cidade e com o preço satisfatório oferecido no momento.

A polinização deve ser feita no período das 12 às 18 horas - Crédito Satis
A polinização deve ser feita no período das 12 às 18 horas – Crédito Satis

Como funciona

O agrônomo José Rafael explica que uma lavoura velha de café que poderia ser substituída no final de seu ciclo produtivo acaba servindo de base de sustentação, ou espaldeira, como é conhecida, para os pés de maracujá. “Esta última cultura ainda se beneficia da estrutura nutricional dada ao cafezal em sua fase de atividade, além de reduzir os gastos com madeira e arame. E o mais interessante é que a renda obtida nesse sistema é utilizada para implantar uma nova lavoura de café, no final do ciclo produtivo“, esclarece.

Tratos do maracujazeiro

O produtor Carlos Eduardo conseguiu driblar os gastos com tutores e decidiu plantar o maracujá em uma área em que o cafezal começou a demonstrar baixas produtividades. Para espaçamento, o produtor realizou o plantio entre plantas com 3,5m a 2,5m e, entre ruas, de 3,8m a 4m, gerando, em média, de 600 a 1.000 plantas por hectare.

José Rafael indica que o cafezal esteja esqueletado no terço inferior da planta, sendo que o restante pode permanecer como estava. Segundo Anderson, um detalhe importante na hora do plantio é que o solo deve estar no mesmo nível ou acima, ação que evita doenças na planta.

A muda utilizada pelo produtor é a do maracujá azedo industrial FB 300 – Araguari, a variedade mais plantada na região do Triângulo Mineiro. Carlos Eduardo aproveitou os tratos de solo do café para a implantação das mudas de maracujá na linha da cultura, realizando o trabalho de fertilização por gotejo a cada 15 dias. O consultor técnico explica a importância do sistema de gotejamento para o maracujazeiro. “O sistema de gotejo permite uma distribuição mais parcelada dos elementos nutritivos para a planta, fazendo com que ela cresça durante todo esse período. Com a nutrição do maracujá a cada 15 dias se tem melhor controle de doenças, crescimento de ramos e maior agregação de flores também“, explica.

A lucratividade final do maracujá é utilizada para renovar o cafezal - Crédito Fábio Mariot
A lucratividade final do maracujá é utilizada para renovar o cafezal – Crédito Fábio Mariot

Após o plantio, o produtor deve esperar que o maracujá cresça até o topo do café, onde a planta vai soltando ramos para os dois lados e envolvendo totalmente a planta. O primeiro botão floral surge dentro de quatro a cinco meses após o plantio e após a fecundação da flor, em torno de 65 dias, o fruto estará pronto para ser colhido.

“Aqui na região trabalhamos apenas uma safra, mas produtores com condições de tratos fitossanitários e adubação boa conseguem trabalhar até duas. Muitos plantam no início de agosto, e com isso, tiram uma safrinha que começa a colher o maracujá em janeiro e conduz a lavoura para mais uma safra no ano subsequente. Se a lavoura estiver em condições boas, podemos conduzir mais um ano, tirando dois anos, que é o período máximo, considerado ideal. A partir desse período, a planta fica muito vulnerável a doenças, e aí não compensa“, comenta Anderson.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de fevereiro/2015 da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira a sua para leitura completa!

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