Foto: Juliana Caldas
Agricultor Pedro Malaquias, do assentamento Oziel Alves III
O agricultor Pedro Malaquias, juntamente com sua esposa, Dovalina Soares, cultivam há um ano o maracujazeiro silvestre Pérola do Cerrado no assentamento da reforma agrária Oziel Alves III, em Planaltina, DF. O sorriso estampado no rosto do casal indica facilmente que a experiência deles está sendo bastante positiva. “Estou muito satisfeito. As pessoas estão conhecendo aos poucos o produto e todo mundo gosta muito. Minha ideia é aumentar cada vez mais a área plantada com essa variedade”, contou.
O casal iniciou a produção a partir de 50 pés da cultivar BRS Pérola do Cerrado implantados em sua propriedade por meio do projeto Desenvolvimento Tecnológico para Uso Funcional das Passifloras Silvestres – Rede Passitec. Hoje eles possuem dois mil pés desse maracujazeiro silvestre na propriedade de apenas 7,5 hectares. “E nossa ideia é ampliar essa área cada vez mais”, planeja o agricultor. Para ele, um dos aspectos de destaque do Pérola é a rusticidade do material. “Não precisamos colocar veneno na plantação. Pra gente que optou pelo cultivo orgânico isso é muito bom”. Por se tratar de um maracujá silvestre, o BRS Pérola do Cerrado apresenta alta resistência a pragas e doenças, característica importante para reduzir a aplicação de defensivos agrícolas.
O trabalho no assentamento Oziel Alvez III é parte de um exercÃcio de logÃstica para alavancar o crescimento econômico de produtores de baixa renda pelo cultivo e comercialização de plantas com maior valor de mercado. Também participam da ação os agricultores que fazem parte do programa Brasil sem Miséria. “É um grande desafio trabalhar com tantos produtores, mas o resultado é gratificante”, afirmou Maria Bezerra, coordenadora do programa no âmbito da Emater-DF.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ana Maria Costa, 69 famílias receberam mudas e treinamento no cultivo do maracujá Pérola. “Hoje boa parte já tem os frutos produzindo e agora nossa meta é gerar opções para a comercialização com base no estudo econômico que fizemos”, afirmou. As ações são executadas pela Embrapa, em colaboração com a Emater-DF, Associação dos Fruticultores Familiares e Produtores de Maracujá do DF e Entorno (Aprofama), CEASA-DF e Universidade de BrasÃlia (UnB).
Pérola na merenda – a Cooperativa dos Produtores Rurais da Lagoa Formosa (Cooperlag), localizada no município goiano de Planaltina de Goiás, está recebendo de produtores rurais da região, desde o mês de outubro de 2015, polpas do maracujá BRS Pérola do Cerrado. As polpas são entregues pela cooperativa para as escolas da região dentro do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
A partir do lançamento, em 2013, a BRS Pérola do Cerrado vem sendo cultivada com sucesso por produtores de várias regiões do Brasil, incluindo os produtores da Cooperlag. Toda semana, a cooperativa entrega centenas de quilos de polpa de frutas variadas, incluindo do maracujá BRS Pérola do Cerrado, para as escolas de Planaltina de Goiás e de Santo Antônio do Descoberto, também no município goiano. “Para nós é uma grande satisfação saber que as crianças das escolas do município têm acesso a essa fruta. É mais uma forma de assegurar o equilíbrio nutricional dos nossos alunos”, destacou a nutricionista da prefeitura de Planaltina de Goiás, Karla Coimbra.
A pesquisadora Ana Maria Costa ressalta a relevância desse tipo de parceria. “É muito importante atuarmos nas diversas fases do processo de adoção das tecnologias. Nosso papel, nesse contexto específico, é o de sermos articuladores. A partir daqui os atores envolvidos podem caminhar sozinhos. É gratificante para nós chegarmos nessa etapa e ver na ponta o resultado de todo um trabalho de anos de pesquisa”, afirmou. De acordo com o extensionista da Emater-DF, Geraldo Magela, o maracujá é uma cultura que se vende facilmente. “O consumo tem aumentado muito e os agricultores têm conseguido colocar seus produtos no mercado”, afirmou.
Organização – a organização dos produtores é fundamental para o desenvolvimento da cadeia produtiva do maracujá. Juntos eles podem adquirir insumos e financiamentos em melhores condições, agregar valor à produção e acessar diversos mercados, inclusive externos. Um exemplo dessa organização foi a criação da Associação dos Fruticultores Familiares e Produtores de Maracujá do DF e Entorno (Aprofama). Fundada em 2013, a entidade busca melhorar as condições de vida dos associados, compartilhando informações sobre técnicas de produção e manejo, mercado, preços, e a melhoria da qualidade e da produtividade.
Para Magela, a organização dos produtores é importante em todos os elos da cadeia. “Tanto na compra de insumos, na comercialização dos produtos e até mesmo na agregação de valor dos produtos obtidos”, afirma. O extensionista conta ainda que o retorno econômico proporcionado pela cultura do maracujá também está contribuindo para um fenômeno interessante: a reversão do êxodo rural. “Jovens que deixaram a propriedade rural para trabalhar na cidade, estão retornando, pois conseguem vislumbrar um futuro promissor”.
É o caso do técnico agrícola Vinicius Ribeiro de Sousa. Filho de agricultores, ele trabalhou por nove anos em uma instituição financeira, mas decidiu voltar para a chácara da família em Planaltina e hoje ajuda na produção do maracujá. “Quem tem vocação sempre volta para a sua origem, que é onde você se sente bem. Meu pai já está na idade de se aposentar. Como eu estava percebendo que essa atividade dele com o maracujá estava crescendo, resolvi voltar e ajudar”, relata.
“O maracujá tem sido destaque em alguns casos de sucesso, porque maracujá é transformação, é uma cultura que pode melhorar e muito a qualidade de vida das pessoas que vivem no campo, muitas vezes pessoas trabalhadoras e humildes que querem qualidade de vida. Essas pessoas querem seus filhos na escola, querem seus filhos próximos da família. Nessa linha, a fruticultura e o maracujá são exemplos de sucesso”, enfatiza o pesquisador da Embrapa Fábio Faleiro.
O Pérola –Â lançada depois de quase 20 anos de pesquisa, a BRS Pérola do Cerrado foi a primeira cultivar de maracujazeiro silvestre disponibilizada para fruticultores e consumidores. Possui quádrupla aptidão: consumo in natura, processamento industrial, ornamental e funcional. As condições de cultivo e produção são semelhantes às do maracujazeiro azedo. A produção dos frutos começa a partir dos oito meses e a planta produz o ano inteiro.
Mais informações sobre a BRS Pérola do Cerrado podem ser obtidas no endereço eletrônico https://www.embrapa.br/busca-de-produtos-processos-e-servicos/-/produto-servico/1039/maracuja—brs-perola-do-cerrado-brs-pc
Matéria publicada no Anuário Brasileiro da Agricultura Familiar 2016
Juliana Caldas (MTb 4861/DF)
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