Autores
Luís Paulo Benetti Mantoan
Doutorando em Ciências Biológicas (Botânica)/Fisiologia Vegetal – UNESP
luismantoan@gmail.com
Carla Verônica Corrêa
Doutora em Agronomia – UNESP
cvcorrea1509@gmail.com
A mela foliar do algodoeiro, causada por Rhizoctonia solani, doença fúngica, está presente em todo Brasil, com ocorrência significativa principalmente na fase inicial de desenvolvimento da cultura. As doenças ocasionadas por este patógeno causam redução da população de plantas e, às vezes, se faz necessária a ressemeadura.
O manejo desta doença começa no tratamento de sementes com fungicidas para proteção inicial da semente contra fungos de solo, o que segundo pesquisas, proporcionou maior porcentagem de germinação da semente no campo e, consequentemente, um estande mais uniforme.
Ação na planta
A mela foliar do algodoeiro é uma doença fúngica causada por Rhizoctonia solani Kuhn. Atinge a fase inicial de estabelecimento da cultura, causando perdas altamente significativas, principalmente em condições climáticas favoráveis. Causam várias perdas aos produtores, como necessidade de semear novamente, bem como atraso no estabelecimento do dossel.
É encontrada em todas as regiões produtoras do País. Os sintomas se caracterizam pela formação de lesões de aspecto oleoso que adquirem a característica de escaldadura ou podridão mole. Em condições de baixa umidade as lesões ficam restritas as manchas necróticas.
Prejuízos
Os prejuízos causadas pela mela são alarmantes, pois as perdas vão desde o estabelecimento da cultura, onde ocasiona falhas no dossel, ou seja, redução da área com a cultura, até as perdas em fases mais avançadas, com perdas de área foliar e, consequentemente, redução de produtividade. Se não receber tratamento adequado, a perda de área foliar causada pela mela pode reduzir a produtividade em até 60%.
Causas
Essa doença se desenvolve em condições de altas temperaturas e elevados índices pluviométricos, por isso, temperaturas entre 25 e 30°C e umidade relativa do ar acima de 80% são ideais para o desenvolvimento da doença.
Os sintomas são encontrados em toda parte aérea da planta afetada, principalmente nas folhas do terço inferior e médio. Primeiramente surgem lesões encharcadas de coloração avermelhada que, posteriormente, evoluem para áreas necrosadas ou meladas. Em seguida, o tecido infectado pelo fungo seca, ocasionando a queda da folhas e pecíolos necrosados.
Regiões mais afetadas
É um tanto complicado citar regiões onde a incidência da mela é mais intensa. Na verdade, o fator clima é o elemento determinante da agressividade com que essa doença se manifestará nas lavouras de algodão. Sendo assim, desde que em condições favoráveis, qualquer região poderá apresentar alta incidência de mela nas lavouras.
Não é possível relatar com precisão quando a mela foliar do algodoeiro chegou ao Brasil. Isso se deve ao fato de ser uma doença hospedeira de uma gama de espécies vegetais. Além disso, o desenvolvimento dessa doença depende muito das condições climáticas e de cultivo.
O fungo tem a capacidade de sobreviver por longos períodos em restos culturais, no solo e nas sementes, além de disseminação por meio da chuva. Como o fungo pode estar presente nos solos, os respingos das chuvas são os principais responsáveis pela dispersão do inóculo do solo para as plantas em áreas novas, onde ainda não existe a formação adequada de palhada. Assim, são fatores determinantes para o estabelecimento da doença:
Ü Condições climáticas favoráveis;
Ü Sementes não tratadas;
Ü Sementes com baixo vigor, o que atrasa sua emergência e desenvolvimento inicial;
Ü Falta de rotação de cultura. Quando a rotação de cultura é realizada, ocorre a redução do inóculo no solo;
Ü Ausência de palhada, pois sem a presença de palhada as gotas de chuvas incidem diretamente no solo, respingando gotas com solo e patógeno nas plantas ainda jovens.
Formas de controle (preventiva e curativa)
A forma de controle mais barata e eficiente desta doença se dá por meio de mecanismos integrados. O emprego de sementes sadias e tratadas adequadamente, além da rotação de cultura, plantio direto, formação de boa cobertura de palhada e o uso de fungicidas são as melhores maneiras de evitar esse problema nas lavouras.
Inovações
O período e as condições cruciais para o aparecimento desta doença são as chuvas persistentes no início de desenvolvimento do algodoeiro com posterior encharcamento da área de plantio. Outro fator que tem sido associado é o preparo intensivo do solo e a monocultura do algodão em algumas áreas, o que contribuem para a persistência do inóculo no local.
Dessa forma, medidas como rotação de culturas, boa formação de palhada, monitoramento intenso em condições climáticas adequadas para o patógeno, são medidas fundamentais para reduzir as chances de surgimento e proliferação da doença.
Pesquisas desenvolvidas na Embrapa Algodão demonstram que a utilização de misturas de fungicidas como fludioxonil + mefenoxan + azoxystrobin + PCNB, apresentaram maior controle, quando comparadas com o uso isolado de produtos. No entanto, o produtor deve sempre seguir as recomendações do fabricante, bem como de um agrônomo especialista na cultura, para evitar inconvenientes como fito e baixa eficiência das aplicações.
Erros
O primeiro erro é o emprego de sementes não tratadas ou então de baixa qualidade. Outro ponto é o plantio em solo sem cobertura (palhada). O tratamento fitossanitário precisa ser realizado com extrema qualidade. Isso significa realizar aplicações com alta uniformidade e empregar produtos na dosagem adequada, além da rotação de ingredientes ativos.
A medida mais econômica e bem-sucedida para se obter sucesso no controle de qualquer doença é atuar na prevenção. Dessa forma, medidas como tratamento de sementes, uso de sementes de elevada qualidade, como alto porcentagem de germinação e vigor, plantio em solos bem drenados, evitar épocas excessivamente chuvosas na emergência das plântulas, rotação de culturas, formação de palhada de qualidade que garanta a cobertura do solo, são essenciais para reduzir o aparecimento e avanço da doença.
Outro ponto é o emprego de fungicidas nas dosagens adequadas e sempre realizar rotação de ingrediente ativo. O emprego de misturas vem sendo indicado para controle eficiente da doença.