Lucas Guedes Silva
Engenheiro agrônomo e mestrando em Fitopatologia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Thiago Tavares Botelho
Gustavo Henrique do Nascimento
Engenheiros agrônomos
A cenoura é a principal hortaliça de raiz em valor econômico e encontra-se entre as dez espécies olerÃcolas mais cultivadas no Brasil. Entretanto, antes do adjunto do melhoramento genético desta cultura, o seu cultivo era extremamente difícil em decorrência da grande incidência de doenças que a acometiam e dos altos investimentos em sementes e produtos fitossanitários, que eram em grande parte importados.
Consequentemente, baixas produtividades e elevados custos de produção gerados por aplicações excessivas de fungicidas tornavam baixa a rentabilidade da cultura.
Atualmente, graças a um somatório de fatores e da evolução da tecnologia que chega ao campo, a situação do mercado de cenouras mudou drasticamente, contando com diversas cultivares e híbridos altamente produtivos e adaptados às diferentes condições climáticas e épocas de cultivo.
Portanto, a tendência do mercado é de expansão, principalmente em relação aos minimamente processados e à atual preocupação com os constituintes nutricionais dos alimentos, em que a cenoura se destaca pelo fornecimento de betacaroteno (pró-vitamina A).
Por onde começar
A temperatura é o fator climático de maior importância para a produção de cenouras, sendo de 10 a 15ºC as ideais para sua boa formação, por favorecer o alongamento e o desenvolvimento de sua coloração característica, enquanto temperaturas superiores a 21ºC estimulam a formação de raízes curtas e de coloração deficiente.
Seu cultivo pode ser realizado em todas as épocas do ano, porém, as variações do clima influenciam na qualidade e no desempenho da cultura, havendo entre elas diferentes cultivares para cada condição climática – as de inverno e as de verão.
As cenouras de verão têm seu plantio iniciado no mês de dezembro, se estendendo até meados de julho. Já o cultivo de inverno é o oposto, tendo seu plantio iniciado em julho e término no mês de dezembro.
Características de sucesso
Em se tratando de cenoura de inverno, a incidência de chuvas pode trazer grandes problemas com relação às bactérias e doenças foliares, pois os materiais desta época têm uma tolerância menor a este mal, quando comparados com aqueles utilizados no verão.
Portanto, o material de inverno tem que ter tolerância a bactérias e a doenças foliares. Em termos de nutrição, ele tem que responder bem às adubações devido à população superior de plantas que é cultivada por hectare, visando à diminuição de cenouras rachadas e defeituosas.
Porém, não podemos nos atentar apenas às características agronômicas dos materiais e esquecer as preferências e exigências do mercado consumidor em termos de aparência, sabor e cor de hortaliças. No Brasil, os consumidores têm preferência por raízes de cenoura cilÃndricas, lisas, sem raízes laterais ou secundárias, uniformes, com comprimento e diâmetro variando respectivamente entre 15 a 20 cm e 3 a 4 cm. A coloração deve ser alaranjada intensa, com ausência de pigmentação verde ou roxa na parte superior (ombro) das raízes.
Resultados no inverno
A situação do mercado brasileiro de cenouras mudou drasticamente nos últimos 20 anos, mostrando que a eficiência produtiva do olericultor nacional vem aumentando ano após ano. Tal fato se deve, em grande parte, a um somatório de fatores: avanços na nutrição mineral e adubação, ganhos genéticos advindos da introdução de híbridos e cultivares mais adaptadas, uso de sementes peletizadas, maquinários e implementos mais precisos, manejo mais racional e eficiente da irrigação, técnicas mais eficazes de manejo fitossanitário e outros fatores.
Porém, apesar de todos esses fatores de extrema importância para o aumento da eficiência produtiva dos olericultores brasileiros, o surgimento dos híbridos merece destaque principal, pois seu plantio proporciona diversas vantagens em comparação às cultivares de polinização livre, já que associam produtividade, qualidade e uniformidade de raízes, sendo constatados híbridos superando a produtividade de cultivares de polinização livre em até 70%.