Pedro Faria Jr.
Presidente da ABCBio
O controle biológico não deixa resíduos nos alimentos e os produtos com ativos microbiológicos são de baixa toxicidade ao aplicador e pouco perigosos ao meio ambiente. São fundamentais para o Manejo Integrado de Pragas, atuando sobre as pragas de forma sinérgica com os defensivos químicos, favorecendo assim o seu controle e o equilíbrio do ambiente.
Perspectiva
Estima-se que a indústria de biocontrole esteja crescendo cinco vezes mais rápido que a indústria de defensivos convencionais no mercado global. A tendência é que este segmento cresça nos próximos anos entre 15 a 20% do mercado total de defensivos agrícolas no Brasil.
No mercado internacional, estudos apontam que o controle biológico cresce a uma taxa de 16% ao ano. Os biodefensivos tem uma expectativa de crescimento robusto pelos seguintes motivos:
Ø Nova mentalidade do setor produtivo – o Manejo Integrado de Pragas cresce num ritmo acelerado e os defensivos biológicos são primordiais neste sistema.
Ø Oferta limitada de novas moléculas – a quÃmica convencional está esgotada, e são pouquÃssimas as moléculas novas em fase de registro.
Ø Foco em uma agricultura mais sustentável – busca por produtos menos tóxicos ao meio ambiente e ao homem.
Ø Evolução da resistência das pragas aos produtos sintéticos – uso de defensivos biológicos estendem a vida útil de produtos sintéticos e do controle pela transgenia.
Ø Avanços tecnológicos oferecem caminho para o desenvolvimento potencial de produtos biológicos mais eficientes.
Ø Menos burocracia – a pressão regulatória pela gestão de resíduos favorece a aprovação de produtos mais seguros e naturais. Autoridades regulatórias adotando avaliações mais restritivas e limitando os registros de defensivos químicos.
Ø Aumento da demanda do consumidor e supermercados (busca por produtos com resíduos zero).
Ø Aumento de estudos de compatibilidade, de pesquisa e desenvolvimento favorece o uso dos defensivos biológicos junto com os defensivos sintéticos, convencionais.
Ø Evolução contÃnua da escala de produção e métodos de aplicação.
Soluções
Atualmente já existem defensivos biológicos que podem ser utilizados em conjunto para o controle das principais pragas de lepidópteras que atacam a soja, o milho, o algodão, a cana-de-açúcar e diversas culturas hortigranjeiras.
Espécies como Helicoverpa armigera, Helicoverpa zea, Heliotis virescens, Spodoptera frugiperda, Chrysodeixis includens, Anticarsia gemmatalis e Diatrea saccaralis, cujas lagartas atacam diversas destas culturas, podem ser perfeitamente controladas por defensivos microbiológicos associados à liberação de inimigos naturais, sem que uma única gota de defensivo químico precise ser utilizada.
Há, ainda, soluções integradas para controle de broca do café e de pragas florestais, por exemplo.
Opções biológicas
Os agentes biológicos de controle são compostos por organismos vivos que se dividem em:
ü Microbiológicos: microrganismos como vírus, fungos entomopatogênicos, fungos antagonistas, bactérias entomopatogênicas, bactérias antagonistas, ou;
ü Macrobiológicos: macro-organismos que atuam como parasitoides ou predadores e constituem uma estratégia eficaz nos programas de manejo de pragas, em diversas culturas. Nematoides entomopatogênicos, os nematoides do bem também são classificados como macrobiológicos.
Os agentes biológicos de controle acima citados passam por processos de formulação visando manter o microrganismo, ou macro-organismo em uma forma física mais efetiva com respeito à atividade biológica, estocagem e aplicação. Eles estão disponíveis na forma granulada, em suspensão concentrada, pó molhável WP, em cartela contendo ovos parasitados, em cápsula contendo microvespas, etc.
Para os macrobiológicos são comercializados ovos, pupas, larvas e insetos vivos. Nos microbiológicos são comercializados esporos, hifas, estruturas de resistência, bactérias, etc.
Eficiência
Por sua versatilidade de modo de ação, em alguns casos, ou em outros, ao contrário, pela sua alta especificidade, tanto os macro como os microrganismos são altamente eficientes. Além de serem uma ferramenta para o manejo de resistência de populações, sua ação, em geral, favorece os inimigos naturais, que podem, em alguns casos, contribuir com o controle adicional.