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Elisamara Caldeira do Nascimento
Mestre em Fitotecnia pela UFRRJ
Talita de Santana Matos
Mestre em Fitotecnia pela UFRRJ
Glaucio da Cruz Genuncio
Doutor em Nutrição Mineral de Plantas pela UFRRJ
Everaldo Zonta
Doutor em Agronomia pela UFRRJ
A cúrcuma é um aditivo alimentar usado como tempero e como corante natural e classificado como especiaria. As comercializações de especiarias são muito antigas, e em nossos dias seu mercado encontra-se bastante estruturado. Os mercados destes produtos podem ser considerados nichos, e a economia das especiarias é muito mais caracterizada pelo monopólio do que pela simples lei da oferta e da demanda.
Historicamente, o monopólio da intermediação das especiarias passou a ser controlado por diferentes organizações e nações, gerando enormes lucros e riquezas. A cúrcuma constitui uma pequena parte do negócio das especiarias.
O curry, um dos temperos mais antigos, tem a cúrcuma como responsável por sua cor característica e sabor picante. O consumo e a demanda deste aditivo alimentar têm crescido rapidamente nos últimos anos. Ao mesmo tempo, as exigências em termos de qualidade determinaram a inclusão ou a exclusão dos produtores no mercado.
Demanda
Os principais mercados para comercialização da cúrcuma são as indústrias de corantes naturais, indústria farmacêutica, atacadistas, hipermercados e varejistas em geral. Estes mercados são potenciais para a comercialização, pois demandam um produto de qualidade e de menor custo, quando comparado ao produto importado.
Com o intuito de buscar alternativas naturais, devido à grande demanda do mercado consumidor por produtos mais saudáveis, a divulgação de estudos relacionando os efeitos carcinogênicos dos corantes artificiais e após a proibição do uso de pigmentos sintéticos nos principais países da América do Norte e Europa na década de 90, a cúrcuma tem se tornado atraente neste crescente mercado de aditivos naturais de alimentares.
Derivados
Além de sua substância corante, contém óleos essenciais de excelentes qualidades técnicas e organolépticas, com características antioxidante e antimicrobiana, que juntas possibilitam estender sua utilização aos mercados de perfumaria, medicinal, têxtil, condimentar e alimentÃcio.
Neste último caso, a participação da cúrcuma tem crescido nas últimas décadas, como amido para confecção de bolos e, principalmente, como corante em macarrões, mostardas, sorvetes, queijos, ovos, salgadinhos tipo “chips“, margarinas e carnes. Nestes dois últimos alimentos, além de conferir cor, a cúrcuma tende a ser utilizada com finalidade antioxidante.
Sua aplicação na área medicinal ocorre principalmente na medicina tradicional da Índia, China e Japão, como aromático, analgésico e Tsukeiyaku, droga contra distúrbios microcirculatórios, tal como trombose.
Outras propriedades medicinais da cúrcuma reconhecidas pelos asiáticos são: estomáquico, estimulante, expectorante, anti-helmÃntico, anti-inflamatório e dermatológico.
Formas de comercialização
Existem três formas principais de escoamento da cúrcuma a partir dos centros produtores: fatiado, destinado à indústria de temperos; cozido inteiro, destinado à indústria de corantes; e em pó, destinado ao atacado e ao varejo de temperos.
Os dois segmentos de mercado em que a cúrcuma é utilizada, ou seja, o segmento dos condimentos e dos corantes, apresentam diferentes necessidades com relação ao teor de curcumina no açafrão da terra.
A produção de condimentos é menos exigente quanto ao teor de curcumina. O segmento dos corantes, entretanto, necessita de matéria-prima com teor mais acentuado, preferindo, por isso, cúrcuma em pó derivada de rizomas cozidos.
As mini-indústrias de temperos e os atacados de especiarias são empresas de pequeno porte que atuam em nível regional e são consumidoras tradicionais de cúrcuma.
Estas pequenas empresas estão preocupadas com a higiene e a forma como o produto é processado, porque a fiscalização atua de forma direta sobre as vendas destes estabelecimentos. Desta forma, os pequenos agricultores demandam apoio para processar o produto e para certificá-lo.