Â
Thiago Cardoso de Oliveira
Marco Antônio Pereira Ávila
Otávio Duarte Giunti
Engenheiros agrônomos, mestrandos e professores colaboradores do IFSULDEMINAS ““ Campus Muzambinho
Antonio Malvestitti Neto
Acadêmico de Engenharia Agronômica do IFSULDEMINAS ““ Campus Muzambinho
Raul Henrique Sartori
Engenheiro agrônomo, mestre e doutor em Ciências pelo CENA/USP e professor efetivo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS ““ Campus Muzambinho)
A nutrição mineral de plantas é uma ciência que se baseia no estudo dos elementos químicos necessários ao crescimento e desenvolvimento das plantas, bem como as características, as funções e as necessidades destes elementos.
Esses elementos passam a ser tratados como nutrientes, visto os papéis que desempenham, e podem ser divididos de acordo com a quantidade demandada pelas culturas, em macro e micronutrientes. Os macronutrientes são requeridos em maiores quantidades, sendo expressos em kg/ha, enquanto os micronutrientes são requeridos em menores quantidades, expressos em g/ha.
Ressalta-se que, independente das quantidades requeridas, cada nutriente possui um papel na fisiologia da planta, sendo que o excesso de um não suprirá a carência de outro, fato este estabelecido por Sprengel e Liebig, via Lei do MÃnimo.
Liberação
Os micronutrientes podem estar contidos nos minerais primários, componentes da rocha matriz, sendo liberadas pela ação do intemperismo, assim como podem estar presentes na composição de minerais secundários, tais como as argilas 2:1.
Eles também estão presentes na fração trocável do solo, sendo adsorvidos covalentemente ou eletrostaticamente nos coloides (argilas, óxidos) ou ainda presentes na fração orgânica do solo, em processo de mineralização ou quelatizados.
Da fração trocável, faz-se disponível esses elementos para a solução do solo, estando livres para serem absorvidos pelas plantas ou interagindo com outros elementos, seguindo por outro processo químico (precipitação ou lixiviação, por exemplo).
Quanto à absorção desses nutrientes pelas plantas, a mesma pode ocorrer por fluxo de massa (B, Mo, Cl), por interceptação radicular (Fe e Mn) e por difusão (Fe, Cu, Mn, Zn, Ni). Compreender os mecanismos de contato Ãon-raiz e o comportamento dos micronutrientes no solo é necessário para se manejar corretamente as práticas de adubação.
As características físicas e químicas do solo, assim como já citadas anteriormente, também se tornam fatores limitantes quanto à disponibilidade de micronutrientes. Solos arenosos, com baixas quantidades de cargas negativas, e solos com baixos teores de matéria orgânica do solo (MOS), apresentam baixos teores de micronutrientes.
Disponibilidade de nutrientes
A aeração do solo é outro fator que altera a disponibilidade de micronutrientes, especialmente no caso do Fe e Mn. Em solos pouco aerados, com alta umidade, o Fe encontra-se em seu estado Fe2+, reduzido e solúvel, enquanto que em solos extremamente aerados ele se encontra oxidado, Fe3+, insolúvel e não prontamente disponível para absorção.
As plantas possuem estratégias para absorção do Fe, tais com a solubilização do Fe3+ por meio de exudados orgânicos ou a absorção de Fe3+ complexado. Porém, ocorre a necessidade de se manejar o solo de maneira que se equilibre essa disponibilidade e comportamento.
Práticas agronômicas também influem no comportamento dos micronutrientes. A prática da calagem visa neutralizar o Al3+ tóxico às plantas, elevar a saturação de cátions não ácidos (saturação de bases) e corrigir a acidez do solo. Os micronutrientes também possuem sua disponibilidade ligada ao pH do solo, de forma que quanto mais alcalino for o pH, menor será a disponibilidade de micronutrientes metálicos e do boro.
Adubação fosfatada
Outra prática agronômica, a adubação fosfata pode promover a precipitação dos micronutrientes metálicos, no momento em que, disponíveis na solução do solo, ligam-se um H2PO4 dissociado e um cátion metálico (por exemplo, casos de indisponibilidade de Zn associados a adubações fosfatadas, onde a presença do fósforo na solução promove a precipitação do Zn).
A prática conservacionista do plantio direto na palha, devido aos seus altos teores de matéria orgânica acumulada ao solo, altera a disponibilidade dos micronutrientes, sendo que a MOS apresenta alta capacidade de trocas catiônicas (CTC), rica em cargas negativas, complexando íons metálicos.
A queima de restos culturais visando o controle fitossanitário, como no caso do algodão, e para promover a despalha, no caso da cana-de-açúcar, promovem perdas de micronutrientes por volatilização, como no caso do boro.