Marcus VinÃcius Marin
Carolina Andrade Franco
Leila Trevisan Braz
UNESP/FCAV – Jaboticabal-SP
O míldio da alface é uma doença favorecida por temperaturas amenas entre 10 e 20ºC e longos períodos de molhamento foliar. Sendo assim, maiores prejuízos são observados no inverno, quando essas condições são ideais.
Os sintomas iniciam-se com a formação de manchas verde-claras ou amareladas na face superior da folha doente, sendo que na face inferior observam-se esporângios e esporangióforos, com aspecto de pó branco.
Essas lesões se tornam necróticas com o desenvolver da doença, reduzindo a área foliar e, consequentemente, depreciando o produto final. Em lavouras dos Estados Unidos há relatos de produtores com 100% de perdas em função do ataque dessa doença. Já em lavouras brasileiras verificam-se diferentes níveis de prejuízos, variando em função das condições ambientais.
Dificuldades
Em geral, o controle efetivo do míldio se dá pela combinação de cultivares resistentes e frequentes aplicações de fungicidas. Contudo, o uso de produtos fitossanitários apresenta uma série de inconvenientes, como a persistência de resíduos, custos elevados, baixa eficiência e o patógeno ainda apresenta grande capacidade de adaptação aos fungicidas.
Com o uso de cultivares resistentes, a incidência da doença é baixa ou nula, o que diminui ou evita a aplicação de fungicidas, causando menor impacto ambiental e diminuindo os custos de produção e mão de obra.
Os custos
Segundo o Anuário EstatÃstico da Agricultura Brasileira (2016), a média do custo total de produção por hectare é de R$ 12.240,00, sendo que o gasto com sementes é em torno de R$ 325,00, o que representa menos que 3% do custo total, enquanto os gastos com fungicidas somam R$ 1.135,00, que correspondem a 9% do custo total de produção. Sendo assim, o uso de cultivares resistentes é o método mais eficaz e menos oneroso para o controle do míldio.
Variabilidade
Uma das características importantes do míldio da alface é que se trata de um patógeno com grande variabilidade, sendo que somente no Estado de São Paulo foram identificadas mais de 13 raças. Tal variabilidade exige empenho dos melhoristas de alface em desenvolver frequentemente materiais resistentes.
Atualmente, existem no mercado várias cultivares de alface com resistência a diferentes raças desse patógeno. Assim, o produtor deve recorrer à quela com resistência à raça de maior ocorrência em sua região.
Na tabela a seguirestá a relação de cultivares, grupos e resistência às raças de míldio da alface. É importante destacar que essas informações foram extraÃdas dos endereços eletrônicos das empresas e devem ser analisadas com cautela, pois trabalhos desenvolvidos em laboratório na UNESP de Jaboticabal, em 2011, não verificaram resistência para algumas cultivares descritas como tal.
Tabela 1. Cultivar, grupo e resistência às raças de míldio da alface (Bremialactucae).
Cultivar* | Grupo | Resistência/ Raça |
Lais | Americana | Bl:** |
Silvana | Americana | Bl:1, 2, 6, 14, 19 |
Graciosa | Americana | Bl:** |
Mayumi | Americana | 2A, 2B, 5, 6 |
Raider Plus | Americana | 1, 2A, 2B, 3, 4 |
Callore | Americana | Bl:16, 21, 23 |
Glendana | Americana | Bl:16-31 |
Pedrola | Americana | Bl:16-27 |
Ludmila | Americana | Bl:16-31 |
Flora | Americana | Bl:** |
Greise | Americana | Bl:** |
Jéssica | Americana | Bl:** |
Lenita | Americana | Bl:** |
Impression RZ | Batavia | Bl:16-32 |
Malice | Crespa | Bl: 1-16, 18-25 |
Bruna | Crespa | SPBl:01 |
Inaiá | Crespa | Bl:1-16, 21, 23 |
Valentina | Crespa | Bl:1-16, 21, 23 |
Ceres | Crespa | Bl:** |
Delicata | Crespa | Bl:** |
Vitália | Crespa | Bl:** |
Lirice | Crespa | Bl:1-26, 28 |
Caipira | Crespa | Bl:16-26, 28 |
E155574 | Crespa | Bl:16-27, 29 |
Langero RZ | Crespa | Bl:16-32 |
Batavia Cacimba | Crespa Roxa | Bl:1-17, 19, 21, 23 |
Batavia Joaquina | Crespa Roxa | Bl:1-17, 19, 21, 23 |
BelÃssima | Crespa Roxa | Bl:** |
Pira Roxa | Crespa Roxa | Bl:** |
Rosabela | Crespa Roxa | Bl:** |
Orville RZ | Crespa Roxa | Bl:16-32 |
Roxa Red Star | Gourmet | Bl:1-16, 21, 23 |
Luara | Lisa | Bl:** |
Marcela | Lisa | Bl:** |
Inês | Lisa | Bl:1-16, 21, 23 |
Bocado | Lisa | Bl:1-23, 25 |
Ofelia | Lisa | Bl:1-26 |
Imperial | Mimosa | Bl: 1-16, 21, 23 |
Imperial Roxa | Mimosa | Bl:1, 5, 7, 15, 16,18, 20, 21, 23-25 |
Prado | Mimosa | Bl:1-17, 19, 21, 23 |
Querido | Mimosa | Bl:1-26, 28 |
Palmir | Mimosa | Bl:16-21, 23-26, 28-31 |
Maira | Mimosa Roxa | Bl:1-16, 21, 23 |
Gourmandine | Mimosa Roxa | Bl:1-26, 28 |
Grenadine | Mimosa Roxa | Bl:1-26, 28 |
Bonnie | Romana | Bl:1-20, 22-24, 27, 28, 30, 31 |
79-06RZ | Salanova | Bl:16-32 |
Aquino RZ | Salanova | Bl:16-32 |
Wintex RZ | Salanova | Bl:16-30, 32 |
*Dados extraÃdos dos endereços eletrônicos das empresas produtoras das mesmas.
**Raça não determinada.
Alternativas
Algumas medidas culturais também auxiliam na maximização do controle da doença. Dentre tais práticas incluem-se o uso de sementes e mudas sadias, e a utilização de espaçamento adequado que permita boa aeração entre as plantas.
Além disso, faz-se necessário promover a rotação de culturas, eliminar os restos ao final dos ciclos de colheita e evitar a irrigação no início da manhã e no final da tarde, por serem períodos que possibilitam longo período de molhamento foliar.